De acordo com os geneticistas, em situações naturais a natureza da mulher é capaz de estabelecer uma estatística de 105 nascimentos de bebês do sexo masculino para cada 100 de bebês do sexo feminino.
Em 1990 o economista indiano Amartya Sen, ganhador do Prêmio Nobel, alertou para a disparidade entre homens e mulheres nos países asiáticos, no que ele chamou de "fenômeno das 100 milhões de mulheres perdidas".
Na maior parte do globo o número de mulheres é maior do que o de homens. Na Europa essa vantagem é de 7%. Nos EUA chega a 3,4%. Mas nos países do sul da Ásia a situação se inverte de maneira drástica. Na China, por exemplo, o proporção de nascimentos de bebês do sexo masculino em relação aos nascimentos de bebês de sexo feminino é de 120 a cada 100, podendo ser ainda maior, como na região de Hubei, onde essa relação é de 135 a cada 100. Estatísticas de semelhante alarme podem ser encontradas em Taiwan (119 meninos a cada 100 meninas), Cingapura (118 a cada 100), Coréia do Sul (112 a cada 100) e partes da Índia (120 a cada 100). Países como China e Índia proibiram o uso da ultrassonografia para prever o sexo do bebê, mas a medida tem se mostrado inútil, uma vez que é comum o pagamento de propinas e de operadores que desconhecem a tal lei.
O resultado disso tudo é chocante: mulheres estão sendo seqüestradas e forçadas a se prostituir ou aceitar o que se pode chamar de "casamento coletivo", ou seja, uma mulher com vários maridos. Em 1990 de Amartya Sen a polícia chinesa relatou 65.236 ocorrências de rapto. Em 2002 um fazendeiro de Guangxi foi condenado por abduzir e vender mais de 100 mulheres, em valores que variavam entre US$120 e US$360.
O professor Martin Walker, da New School University in New York faz agora outro alerta. Em 2002 o presidente chinês Hu Jintao encomendou aos 250 maiores demógrafos do país uma pesquisa para avaliar o impacto da "política de filho único". De acordo com dados oficiais, são esperados 40 milhões de homens solteiros em 2020. O governo teme que isso crie instabilidade social. Como prova, argumentam que a criminalidade tem aumentado anualmente.
Esse é, com certeza, mais um argumento daqueles que não querem governos controle de natalidade, como eu. Esse talvez seja o exemplo de como os governos, de tão obcecados em obter total controle sobre seus cidadãos acabam acreditando que têm o poder de controlar a natureza.
Gilles Gomes de Araújo Ferreira
sábado, 4 de março de 2006
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