A edição dominical (05/03) do jornal O Estado de S. Paulo trouxe um artigo assinado por Saeb
Erakat, negociador-chefe da OLP. No texto, as habituais críticas a Israel, esporte que só é menos popular que falar mal do Bush.
Erakat acusa Israel de esvaziar as negociações de paz, de promover incursões militares em terrenos palestinos, de minar a liderança da OLP, resultando em desemprego e violência, sufocar a economia palestina e avançar na colonização da Cisjordânia e de Gaza. E o que é pior, segundo ele, "a comunidade internacional, por sua vez, condescendeu o tempo todo".
Será mesmo? Analisemos sob a luz dos fatos:
Desde a sua fundação, em 1987, o grupo tem um só objetivo: eliminar o Estado judeu e "libertar a terra palestina". No mesmo ano em que foi criado, estourou a Primeira Intifada. Em 1993, quando o mundo assistia esperançoso Yitzhak Rabin e Yasser Arafat apertarem as mãos diante de Bill Clinton, o Hamas explode seu primeiro terrorista suicida. Obviamente, não se trata de um grupo que almeja a paz. Pelo menos não nesse mundo.
Entretanto, em 2006, o Hamas conquistou a maioria das cadeiras do Conselho Legislativo Palestino. Como era de se esperar, Israel reclamou. Como poderia negociar a paz com um grupo que sequer reconhece a existência do Estado judeu? Além disso, o Hamas não renunciou à luta armada, e a qualquer momento pode explodir ônibus em Tel-Aviv. Como negociar a paz assim?
A reação foi instantânea: primeiro líderes mundiais (EUA, Rússia, União Européia - os que valem a pena) estabeleceram três condições para que a ANP continuasse a receber ajuda financeira:
1. O Hamas deveria renunciar à violência;
2. O Hamas deveria reconhecer o direito de Israel existir;
3. O Hamas deveria expressar apoio ao processo de paz do Oriente Médio;
O grupo não aceitou. Chamou-as de injustas. Estava aí a prova cabal de que os interesses que guiavam os terroristas não poderiam ser aceitos pelo Ocidente.
Então veio a reação.
A Liga Árabe pediu que o mundo fosse justo com o Hamas e não impusesse as condições acima mencionadas. Poucos dias depois os EUA anunciaram que não acabariam com a ajuda financeira mensal à Autoridade Nacional Palestina. Depois foi a UE, que anunciou uma ajuda de 120 milhões de euros para os palestinos. Putin recebeu a organização em Moscou. Francamente, os Protocolos dos Sábios do Sião tinha judeus mais poderosos.
Só Israel cortou a ajuda mensal aos palestinos. E a grita foi geral. Coisas do mundo.
O Hamas não abandonou e nem vai abandonar o terrorismo pelo mesmo motivo que Lula não vai abandonar o MST: aí é que está seu cabo eleitoral. Os terroristas se elegeram com um discurso radical bem aos moldes populistas, pregando uma união do povo para enfrentar inimigos externos.
Há poucos dias os jornais noticiaram que um site do Hamas convocava crianças para se suicidarem em nome da causa palestina. O site continha desenhos animados e histórias em quadrinhos, elementos presentes e atrativos para o universo infantil, exaltando os terroristas suicidas. Em mais de uma parte havia um poema, que dizia: "Não chore mamãe, sou um suicida, escreverei com meu sangue o meu nome na história, seguirei o meu caminho até o fim. Se eu não voltar, não chore por mim".
Reações tímidas. Não se viu um artigo de jornal bastificando o Hamas. Nenhum líder mundial (à excessão óbvia de Israel) protestou.
Por alguma razão, o mundo é conivente com o terrorismo. Essa idéia é apoiada na versão esquerdista de que os fins justificam os meios. O babacão Eric Hobsbawn disse com todas as letras que "20 milhões de mortos seriam justificáveis se isso significasse a implementação do comunismo". Yasser Arafat foi além, aplaudido de pé pela ONU depois de dar um ultimato à Organização ("vim com um galho de oliveira em uma mão, e a arma de um guerreiro na outra. Não me façam derrubar o galho de minha mão") ainda ganhou, mais tarde, um prêmio Nobel. Depois de morto, virou herói, estadista, líder. Canonizado pela esquerda, opinião bem explicitada pela Prof. de História Contemporânea da USP Maria Aparecida de Aquino : "Arafat nunca foi impedimento para a paz. Ariel Sharon e o Likud é que são um problema para a construção da paz".
A ONU até hoje não tem uma definição sobre o que é terrorismo. E nem vai ter, uma vez que é o centro mundial do politicamente correto. O Brasil até hoje não reconheceu as FARC como terroristas, são "grupos revolucionários", assim como o MST. Ou as Brigadas Vermelhas. Isso porque ainda nem falei dos ecoterroristas, de quem vou tratar propriamente mais tarde.
Um grupo que tem como base o uso da força não está preparado para a democracia. Seria importante que todos percebessem isso. A Palestina pode se tornar uma democracia radical, tendo como base seus aliados Irã, Cuba, Síria e Venezuela, fechada para o mundo (que não vai parar de financiá-la) e longe de qualquer conversa de paz com os israelenses.
Gilles Gomes de Araújo Ferreira
segunda-feira, 13 de março de 2006
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