Durante muito tempo a direita foi criticada por defender o que chamava de "ditadura necessária". Segundo este conceito, havia ocasiões em que a democracia deveria ser sacrificada em nome da própria democracia, como ocorreu em 1964. Ou seja, no fim das contas, com a ditadura, ficamos no lucro.
Não é difícil encontrar quem ainda seja capaz de encontrar vantagens numa ditadura. Um governo forte e centralizado, argumentam, é fundamental para fazer o Brasil crescer. Uma opinião obviamente não compartilhada por este blog, que preza não só o Estado mínimo como principalmente a Democracia. Está logo aqui ao lado, junto com todos os outros valores defendidos.
Muita gente - a maioria, aliás - ainda liga a ditadura à Direita. Não vou negar que foi uma ditadura de direita. Não foi a minha direita, a liberal, mas ainda assim a direita. Mas não é ela a única a defender ditaduras, haja visto a ligação entre a esquerda brasileira e déspotas do calibre de Fidel Castro e Hu Jintao. Aliás, nem é preciso ir tão longe: já viu um esquerdista atacar Getúlio Vargas?
Nenhum deles esquece o fato, é verdade, que Vargas era um ditador. O problema é que sua retórica vem sempre acompanhada de um "mas". Tudo bem que era um tirano, praticava a censura, execução política etc., mas... A verdade é que Getúlio é um ídolo para a esquerda do Brasil. Quantas vezes não se ouviu alguém dizer que na História do Brasil só se salvam Getúlio e Juscelino? O pai dos pobres é o alter-ego de Lula.
Mas mesmo quando criticam o Estado Novo fascista, não deixam de defender as medidas por ele implementadas: a CLT, uma "política externa independente" que quase se aliou a Hitler e um modelo de desenvolvimento apoiado no Estado, que nos legou a FNM, a CVRD, a CSN, a Petrobrás e o BNDES. Como essas medidas não seriam consideradas numa democracia, foi uma ditadura necessária para a democracia. Enxergaram a vantagem na ditadura. São então direita?
A Petrobrás é, junto com o BNDES, sobrevivente desse sistema que foi inflado por outras ditaduras e desmontado pela democracia, apesar da grita da petistada de plantão. A maior companhia da América Latina pertence ao Brasil. O Petróleo é nosso. Agora mais do que nunca. Ainda essa semana o sr. Lula anuncia com todos os salamaleques, plumas e paetês que julgar necessários que agora somos auto-suficientes.
E daí?
O que o Brasil ganha mantendo um fóssil estatal como a Petrossauro (Paulo Francis faz uma falta!)? O sr. Ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e o sr. José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa, já avisaram que auto-suficiência não signifiva que os preços ficarão desvinculados do mercado externo. Pode soar um tanto quanto ilógico, mas, repito, a lógica não faz parte deste governo. Sabia que o Brasil vende ao Uruguai gasolina a um preço mais barato do que pagam os brasileiros nos postos? Até no Paraguai a gasolina é mais barata que a nossa. E eles não têm estatais nem petróleo.
Em 2004 a Petrobrás lucrou U$ 34.452 bilhões. O que ganhamos com isso? A gasolina hoje está em torno de R$ 2,70 dependendo da região. É uma das 500 maiores empresas do mundo e o que ganhamos com isso? "Os sertanejos e esfoemados das ruas do Rio de Janeiro têm conhecimento do que a Petrobrás gera para eles? Quanto do volume que representam as 147 empresas públicas brasileiras lhes é destinado?", pergunta o Manual do Perfeito Idiota Latino Americano, recomendadíssimo.
Sendo a Petrobrás uma estatal, era de se esperar que o governo estivesse pronto para defendê-la, certo? Bem... Depois de investir U$ 1,5 bilhão e de ter planos para mais U$ 5 bilhões na Bolívia, agora querem nacionalizar o gás. E, de acordo com o site da Primeira Leitura, citando o jornal Correio Braziliense, Brasília ficará junto a Morales. Segundo um alto diplomata do Itamaraty, "Há uma tendência estatizante no governo, só não vamos bater de frente com o mercado”. De acordo com o governo, os bolivianos têm razão...
Em um post anterior acusei Lula e o PT de prostituírem o Brasil em nome de suas convicções ideológicas. Não vai ser diferente agora. Às custas da Nação o governo vai dar carta branca a quem rasga contratos e ignora leis em nome de uma ideologia falsa e pretensiosa.
A Bolívia quer repetir o erro que o Brasil cometeu no passado. Nacionalizando perde investimentos já anunciados, além de ter que arcar com o risco da desconfiança do business internacional, o que atrasa o desenvolvimento do país. Nos anos 1990 FHC (argh!) privatizou grande parte das estatais brasileiras. Sim, houve corrupção no processo, mas muita corrupção também foi evitada. Além do mais, que privatização não o é? Os russos que o digam.
Ainda assim, não há sentido em tornar governos participantes do jogo financeiro. Porque corrompem e se deixam corromper. O que eram Sudam e Sudene? Depois que Minas Gerais privatizou o Bemge acabou o jogo dos governadores com prefeitos, perdoando dívidas no banco em troca de apoio político. Na Petrobrás funciona ainda assim. Severino Cavalcanti quase ganhou a "diretoria que fura poço".
Privatizar sempre funciona. Claro que só isso não basta. No Chile e na Inglaterra deu certo porque a privatização veio junto a um projeto de Estado mínimo. Na Rússia não funciona porque ainda que as empresas sejam vendidas, seus donos continuam a obedecer ao Kremlin. Do contrário são presos, como o dono da Yukos, Mikhail Khodorkovski.
Governos são corruptos, ineficientes e caros. Com suas empresas não seria diferente. Quem pode hoje se levantar contra a privatização das teles? Antes disso, lembre-se que a telefonia só chegou à era digital e da fibra óptica depois de vendida. E quanto aos telefones celulares, que deixaram de ser artigo de luxo para se tornar básico a todos os brasileiros?
Privatizemos também o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por que não? O que ganhamos com eles? Por acaso cobram juros mais baratos que os outros bancos?
Henry Thoureau, anarquista americano escreveu no século XIX: "O melhor governo é o que menos governa". Faz sentido até hoje.
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Gilles Gomes de Araújo Ferreira
segunda-feira, 17 de abril de 2006
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2 comentários:
Vai tomar no cu. Chora privatista...
Privatizar é preciso. No setor elétrico a situação é ainda pior, pois as geradoras privadas concorrem com as geradoras estatais em condições de desigualdade, pois estas, sendo infalíveis, podem absorver décadas de prejuízo e manter preços baixos às custas do Estado.
[ ]s
Alvaro Augusto de Almeida
http://alvaug.multiply.com
alvaro@daelt.sh06.com
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