"Revolução Permanente" é um termo marxista-trotskista que afirma que os trabalhadores só poderiam mudar o poder por meio de um constante processo revolucionário. Fidel Castro, por exemplo, afirma que a Revolução Cubana ainda não acabou. E, claro, nem vai acabar, uma vez que o comunismo, ao contrário do que as viúvas da União Soviética dizem, é um fim e não um meio.
Mas desta vez não vou falar de Havana. Não, Havana, por ora, é inofensiva: o comunismo será enterrado junto com Fidel. Os cubanos não têm tradição revolucionária. São, como a maioria dos que vivem ao sul do Rio Grande, pedaços de carne adestrados. À exceção dos argentinos. Mas esses não são latino-americanos. São franceses que pensam que são ingleses. Mas esses também não valem a pena.
O povo dos sonhos de todo esquerdista que se preze é o francês. De cada 10 "intelectuais" esquerdistas que foram estudar no exterior 14 foram visitar a Torre Eiffel. Que Cuba que nada. União Soviética? Camboja? China? Qual o quê. Os canhotos brasileiros são o que os ingleses sabiamente chamam de "socialista de champagne" e os australianos "socialistas chardonnay".
Chico Buarque tem um apartamento em Paris. FHC mora em Paris. Os exilados comunistas da ditadura foram, em sua maioria, desembarcar no Charles de Gaulle.
Ninguém absorveu tão bem a idéia de "Revolução Permanente" como os franceses. Ninguém gosta de sair às ruas, xingar o governo e quebrar vidraças como os franceses. Eles é que são espertos. Ao contrário dos brasileiros, que só sabem lamentar, vão à luta: incendeiam carros, atacam a polícia, organizam passeatas que reúnem milhões. Para quê ninguém sabe ao certo. Nem interessa. Querem mesmo é badernar. Um carnaval de arruaceiros.
Desde que uns pensadores resolveram transformar cidadãos em milícias a revolução - qualquer uma - passou a ser o esporte nacional francês. Assim como no Brasil é comprar deputado. Revolução Francesa, Revoluções de 1848, Comunas de Paris, Revolução de Julho... A França já teve 20 Constituições desde a primeira, preparada sob o canto glorioso dos libertos da Bastilha. Essa, aliás, até hoje é lembrada pelos francos. Dizem as más línguas que é porque foi a única vez que os franceses tiveram uma vitória militar. As piores dizem que foi porque lutaram contra os franceses.
Mas a Revolução Francesa perdeu lugar. Desde Maio de 1968, quando os canhotos quiseram criar sua própria revolução (essa, segundo diziam, daria certo), os franceses não se preocupam em revolucionar, mas em repetir as revoluções. São bem menos criativos. Ao invés de reivindicar um futuro, querem repisar um passado. Belos liberais esses. Mas não os culpemos. Como acabaram as idéias que nos conduziriam ao Nirvana, é melhor apresentar uma nova versão do passado do que deixar que percebamos que seu projeto faliu. Não passa de instinto de sobrevivência.
A moda agora é se rebelar contra o Contrat Première Embauche (CPE) ou Contrato de Primeiro Emprego, um projeto de lei que permite que ao final de 2 anos funcionários com menos de 26 anos possam ser demitidos sem justa causa. Uma medida que almeja pôr fim a uma taxa de desemprego de 27% dos jovens e que deve chegar a 40% logo, logo.
Quem reclamou? Os mesmos: universitários, "pensadores", sindicalistas, partidos de esquerda. E ao que tudo indica, aprenderam a lição depois de perdida a guerra. O modelo Pétain de negociar está por fora: agora eles partem para o tudo ou nada. Aliás, perdoem-me. Justiça seja feita: a esquerda nunca gostou de negociar. Não admite que questionem suas cabeças premiadas.
Gilles Gomes de Araújo Ferreira
sábado, 1 de abril de 2006
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