Gilles Gomes de Araújo Ferreira

domingo, 30 de abril de 2006

Obituário: Jean-François Revel

PARIS - O escritor e jornalista francês Jean-François Revel, membro da Academia Francesa desde 1997, morreu na noite de sábado em conseqüência de um problema cardíaco no hospital Kremlin Bicetre, nos arredores de Paris.

Revel, de 82 anos e casado pela segunda vez com a também escritora Claude Sarraute, tinha sido hospitalizado há duas semanas, disseram neste domingo fontes de sua família.

Conhecido pelo inconformismo e por se definir como intelectual de direita, o acadêmico deixa uma obra de cerca de trinta livros, que começou com um ensaio anunciando que a filosofia tinha morrido (Pourquoi des Philosophes) em 1957, o mesmo ano em que começou sua carreira jornalística.

Nessa faceta profissional, trabalhou desde meados dos anos 60 como editorialista do semanário L´Express, de onde foi diretor de 1978 a 1981.

Depois, começou a colaborar até muito recentemente em outro dos principais semanários franceses de informação geral, o Le Point, assim como em redes de rádio como Europe 1 e RTL.

Nascido em Marselha em 1924, Jean-François Ricard - seu nome verdadeiro - fez seus estudos secundários em Lyon, e em 1943 entrou na elitista Escola Normal Superior, onde se especializou em Filosofia.

Outro livro que ilustra sua personalidade é O Monge e o Filósofo - O Budismo Hoje, que Revel escreveu na condição de ateu em um diálogo com o filho Mathieu Ricard, budista declarado. No Brasil, suas obras publicadas são, além da citada acima, A Obsessão Antiamericana e A Grande Parada.

Os 60 anos de Carl XVI Gustaf, Rei da Suécia

Eram 10:21 da manhã de uma terça-feira, 30 de abril de 1946, quando uma salva de tiros foi disparada das baterias navais de Estocolmo, Farlsfrona e Gotemburgo e das artilharias costeiras de Estocolmo e Blekinge: era um menino!

O príncipe era o tão esperado filho da Princesa Sibylla e do Príncipe Gustaf Adolf, que àquela altura já tinham quatro filhas: as Princesas Margaretha, Birgitta, Désirée e Christina. Numa reunião no Palácio Real de Estocolmo foi anunciado que o príncipe se chamaria Carl Gustaf Folke Hubertus, o novo Duque de Jämtland.

Foi batizado na Capela Real em 7 de junho de 1946, tendo como padrinhos o Rei Gustaf V, o Príncipe Herdeiro Gustaf Adolf, a Princesa Louisem o Duque de Coburg-Gotha, o Príncipe Herdeiro Frederik e a Princesa Ingrid, da Dinamarca, o Príncipe Herdeiro Olav, da Noruega, a Princesa Juliana, da Holanda, o Conde Folke Bernadotte af Wisborg e a Condessa Maria Bernadotte af Wisborg. O Duque, como era chamado pela família, foi entregue aos cuidados da enfremeira Ingrid Björnberg.

Carl Gustaf tinha apenas 9 meses quando seu pai, Príncipe Gustaf Adolf, morreu num acidente de avião em Copenhagem, em 26 de janeiro de 1947. Apesar da tragédia, o príncipe teve uma infância harmoniosa e muito livre. Em 1950 se mudou com a família para o Palácio Real de Estocolmo, onde se divertia andando de velotrol pelos longos corredores palacianos. No mesmo ano, em 29 de outubro de 1950, morreu o Rei Gustaf V. A Suécia tinha um novo rei, Gustaf VI Adolf, e Carl Gustaf, então com quatro anos de idade, tornou-se o Príncipe Herdeiro.

Uma comissão especial foi formada para planejar os estudos de Sua Alteza. Depois de um ano de pré-escola no Palácio, o príncipe começou a estudar na Escola Broms em 1º de Setembro de 1953. Em 22 de abril de 1966 matriculou-se em Ciências Naturais na Sigtuna Humanistika Läroverk. Continuou seus estudos acadêmicos na Universidade de Uppsala e complementou-os estudando Economia na Stockholm School of Economics.

No verão de 1966 começou seu treinamento militar. O príncipe optou pela Marinha, onde participou de uma volta ao mundo. Também recebeu treinamento da Aeronáutica e do Exército. Oficiais confirmam que o Príncipe Herdeiro, se oportunidade houvesse, seria um piloto extremamente habilidoso. Foi o primeiro membro da realeza no mundo a quebrar a barreira do som como passageiro.

Muitos anos de "treinamento real" se seguiram. Ganhou experiência em indústria e comércio tanto na Suécia quanto no exterior. Quando Gustaf VI Adolf morreu, em 15 de Setembro de 1973, o novo rei, apesar dos 27 anos, estava bem preparado para assumir suas funções.

Na cerimônia de coroação, ocorrida em 19 de Setembro de 1973, Carl XVI Gustaf declarou que seguiria o exemplo de seu avô e se tornar um símbolo da monarquia moderna. Em seu primeiro ano como monarca, estava muito ocupado se familiarizando com os novos deveres na Corte Real.

Enquanto isso, na Alemanha, uma jovem dama esperava por ele - uma dama que ele conheceu durante os Jogos Olímpicos de 1972, em Munique. Apesar da especulação midiática, todos foram pegos de surpresa no ano seguinte, quando o noivado do Rei Carl Gustaf com a germano-brasileira Silvia Sommerlath foi oficialmente anunciado, em 12 de março de 1976. Ela tinha há pouco terminado seu trabalho com o Comitê Olímpico Internacional. Agora estava sentada no Palácio Real de Estocolmo ouvindo o Rei contar a história: "simplesmente aconteceu".

O casamento aconteceu na Catedral de Estocolmo em 19 de Junho de 1976. O casal teve três filhos: a Princesa Herdeira Victoria (1977), o Príncipe Carl Philip (1979) e a Princesa Madeleine (1982).

O Rei é mais conhecido, principalmente fora da Suécia, pelas cerimônias de entrega dos prêmios Nobel. Embora seja o Chefe de Estado, nenhuma de suas funções envolve poder político. A Constituição Sueca é bem clara quando diz que "todo o poder emana do povo" e o coloca nas mãos do governo e do Riksdag.

O Rei mantém um papel simbólico de chefe do Conselho de Relações Exteriores e possui a maior patente militar. Preside reuniões especiais de gabinete, abre as sessões do Riksdag anualmente, recebe e visita Chefes de Estado. Viaja pelo país regularmente e é o Protetor das Academias Reais.

Em recente entrevista ao jornal Dagens Nyheter defendeu o papel da monarquia nas democracias modernas:

A democracia e a monarquia se fortalecem mutuamente, sendo a monarquia uma forte
insituição apolítica que representa história e tradição. A principal função do
monarca é apoiar o povo, inclusive aqueles de outras culturas.
Disse ainda que seu papel é proteger a sociedade em tempos de crises nacionais, como os assassinatos de Olof Palme e Anna Lindh. O exemplo mais recente é o do tsunami no Sudeste Asiático, ocasião em que morreram muitos suecos. Fora das funções reais, tem fascinação por carros de corrida e, segundo uma imprensa um tanto quanto indiscreta, corpos femininos.

Carl Gustaf gerou algumas controvérsias políticas durante seus 23 anos de reinado: pediu a reforma política em Brunei, uma monarquia absoluta asiática com baixíssimos índices de direitos humanos, e se opôs à revisão do Ato de Sucessão, que permitiu que tanto homens quanto mulheres possam ascender ao trono sueco.

Tratando mais especificamente da monarquia, alguns suecos se perguntam se o Rei deveria continuar a gozar imunidade penal, principalmente depois de causar um pequeno acidente automobilístico no ano passado. Também se perguntam se vale a pena destinar 100 milhões de coroas anualmente para pagar as despesas da Família Real. Republicanos dizem que a hereditariedade monárquica é baseada em riqueza e privilégio, um anacronismo arcaico incondizente com a modernidade democrática.

Seu pior pesadelo é que a Realeza desfruta de muita popularidade, geralmente em torno de 70%. A popularidade pessoal do Rei está dez pontos percentuais acima disso. Muitos suecos, assim como cidadãos de outros países europeus, se confortam vendo a Coroa com um símbolo da unidade nacional num continente em que os velhos Estados nacionais perdem cada vez mais poder para Bruxelas. O pensamento na maioria desses países é o de que, se uma Consituição Européia for realmente aprovada, ao menos a Família Real continuará como fonte do orgulho nacional.

Hoje Sua Majestade completou 60 anos de idade, com milhares de pessoas sob sua janela a desejar Feliz Aniversário. Um jantar de gala será oferecido esta noite, com as ilustres presenças da Rainha Margrethe II da Dinamarca, Rainha Beatrix da Holanda, Rei Harald V da Noruega, Rei Albert II da Bélgica, Rei Juan Carlos I da Espanha, e a ausência constrangedora de um membro da Família Real Britânica.

sábado, 29 de abril de 2006

Os Meninos do Brasil

"Eu tenho um sonho no qual um dia esta nação se erguerá e viverá o verdadeiro significado de seu credo... que todos os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho de que algum dia, nas colinas vermelhas da Geórgia, os filhos dos escravos e os filhos dos senhores de escravos se sentarão juntos à mesa da fraternidade. Esta é a nossa esperança...
Eu tenho um sonho! Com esta fé eu volto para o Sul. Com esta fé, arrancaremos da montanha da angústia um pedaço da esperança. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, orar juntos, ir juntos à prisão, certos de que um dia seremos livres...
Quando deixarmos o sino da liberdade tocar em qualquer vilarejo ou aldeia de qualquer estado, de qualquer cidade, neste dia estaremos prontos para nos erguer. Todos os filhos de Deus, brancos ou negros, judeus ou gentios, protestantes ou católicos, estarão prontos para dar as mãos e cantar aquele velho hino dos escravos."

Martin Luther King

Os franceses gostam de dizer que naquele país se governa à noite, enquanto o povo dorme. O pensamento adotado por nossa esquerda democrática, seja petista, seja social-democrata, adotou a França como modelo a ser seguido: todas as universidades nas mãos do governo, intervenção na economia e um gigantesco Estado de Bem-Estar Social. Se deu certo? Creio que um índice de desemprego a 11% responde à pergunta. Mas não é a negação liberal que preocupa mais esse blogueiro, ainda que me incomode - o que assusta é a mania de fazer política nos corredores escuros dos palácios...

Acabo de ler, por exemplo, que a Câmara dos Deputados aprovou um projeto, em caráter terminativo, que determina a reserva de 20% dos recursos do Programa do Seguro Desemprego para negros. Ou afrodescendentes, se assim quiserem. Foi assim também com o Estatuto da Igualdade Racial, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e com a lei das cotas em universidades federais. Todos em caráter terminativo, ou seja, aprova-se uma medida sem que ela seja levada ao plenário.

As três normas enumeradas acima tem mais em comum do que a demagogia: uma necessidade desesperada em evitar a discussão. Na última terça-feira, 25 de abril, isso ficou claro: manifestantes fantasiados impediram que opiniões contrárias às cotas fossem explicitadas. Os argumentadores foram vaiados, xingados e agredidos. Tudo isso aos gritos de "Não à intolerância"...

Pausa.

Não é difícil entender porque os cotistas evitam o debate: é porque eles perdem. Não há argumento que os dê razão. E eles sabem disso. Não são burros. São preguiçosos. Por isso não permitem que opiniões contrárias às suas sejam ouvidas. Por isso demonstram um ódio raivoso a quem consegue, racionalmente, provar que estão errados. O ex-ministro da Educação, sr. Tarso Genro, chamou-nos de facistas. Na internet, nos chamam de pequena burguesia, elite e riquinhos. Mas não combatem nossos argumentos. Não sei se é porque não podem, não conseguem ou não querem.

Nos Estados Unidos eu seria chamado um neocon, aqueles que na juventude flertaram com o esquerdismo, mas depois acordaram para a realidade. Na minha juventude - não que eu tenha saído dela, afinal de contas, ainda desfruto meus dezoito anos - gritei contra o neoliberalismo, protestei contra a privatização da Cemig e da Copasa, defendi o governador Itamar Franco em sua quixotesca briga com FHC. Até que endireitei, amadureci.

O que me fez acordar de um longo sonho canhotinho foi o desprezo incompreensível da esquerda pela História, essa com H maiúsculo. Quando passamos a estudá-la, ainda no Primário, nos disseram que aprendemos com o passado para não errar de novo no futuro. Mas porque mostrariam apreço pela História quando é justamente ela que nega tudo aquilo em que acreditam?

Os defensores das cotas têm um único argumento: as cotas, ao catapultarem pessoas para o ensino superior, acabará por criar uma classe média negra e eliminar o racismo de nossa sociedade. Na teoria seria assim. Mas na teoria o comunismo também funcionaria e eliminaria todos os males do mundo. A prática, no entanto, demole todo esse blablablá ideológico.

As ações afirmativas, aí inclusas além das cotas o Estatudo da Igualdade Racial, não são só inconstitucionais: são criminosas. O Brasil não é um país negro, nem um país mestiço. O Brasil não tem raça. Por décadas os movimentos negros repetiram a verdade indubitável, não existem raças. Antes lutavam para ser iguais, agora lutam para ser diferentes. E isso não é bom.

O Estatuto, que já foi aprovado no Senado Federal, determina que o registro da cor do indivíduo esteja presente em todos os documentos oficiais: carteiras de identidade, de motorista, de trabalho, certidão de nascimento. Todos os documentos de saúde pública devem informar a cor do paciente. Era assim na Alemanha Nazista e na África do Sul do apartheid.

Mas a coisa, acreditem!, pode piorar. As empresas deverão, ainda segundo a lei, manter em cadastro a cor dos funcionários porque, vejam só!, o governo oferecerá benefícios para quem empregar negros! Há algumas semanas, num programa de televisão que tratava sobre o assunto, uma mocinha disse que tudo o que os negros querem são direitos iguais... Pois é, minha cara, e não só eles.

Os maiores ídolos de movimentos negros são, com razão, Martin Luther King e Nelson Mandela. Ambos tinham uma mensagem em comum: brancos e negros são irmãos, brancos e negros são iguais. Ambos ganharam o Prêmio Nobel da Paz. Outros que pregavam a separação dos negros, como Malcom X e Stokely Carmichael, foram esquecidos pela História.

"Os Meninos do Brasil" é o nome de um livro de autoria do novelista americano Ira Levin. Na estória, o Anjo da Morte, Dr. Josef Mengele, tem no Brasil uma série de clones de Adolf Hitler, na esperança de que um deles venha a conduzir o mundo novamente para o Reich. Com tanta gente querendo dividir os brasileiros entre brasileiros brancos e brasileiros negros, querendo que o Estado venha a proteger uma raça em detrimento de outra, querendo que se mande às favas a igualdade jurídica em nome de uma igualdade "racial", talvez a ficção não esteja tão distante assim da realidade.

Com toda a certeza, Kyrie Eleison.

quarta-feira, 26 de abril de 2006

Petrobrás, a mentira | Guilherme Fiúza

Esse é um país que vai pra frente. Pra cima, no caso do astronauta. O patriotismo de laboratório nunca esteve tão parecido com o do regime militar. E não dá para distinguir se a mórbida semelhança se deve mais ao autoritarismo ou ao anacronismo. O certo é que a fortuna gasta no passeio cósmico do bobo alegre Marcos Pontes, que tanta reação provocou por aí, é migalha perto do que já custou ao país a mentira da Petrobras.
Estão discutindo se Lula está ou não está fazendo uso eleitoral do anúncio da auto-suficiência em petróleo. Discussão inevitável, mas imprestável. Qualquer presidente faria o que Lula está fazendo, tentaria faturar a tal marca. O que não apareceu no debate político – está cada vez mais difícil as coisas que realmente interessam aparecerem no debate político – é o quanto o mito da potência verde-amarela do petróleo custou ao país.
Talvez nem a ditadura chinesa conseguisse a proeza realizada no Brasil, sem muito esforço: transformar a Petrobras em símbolo do nacionalismo. Não pode haver nada no país, na esfera pública ou privada, mais anti-nacionalista do que a Petrobras. Trata-se de uma empresa que se agigantou ao longo de meio século graças a um regime de parasitose explícita e consentida do Estado brasileiro, isto é, da nação. O projeto mais obsceno de privatização de recursos públicos sob o pretexto do patrimônio coletivo. A Petrobras é do povo, tanto quanto o valerioduto – isto é, se o “povo” em questão fizer parte de alguma fração dos beneficiários das maravilhosas vantagens corporativas, políticas e particulares distribuídas pela estatal.
No ano passado, os brasileiros leram – ou deveriam ter lido – mais uma notícia de injeção milionária do Tesouro Nacional (dinheiro sem dono) no fundo de pensão da Petrobras, que pela enésima vez estava descoberto. Não tem problema, o povo paga. O povo adora a Petrobras, se ufana dela. Assim é fácil ser multinacional verde-amarela. A interseção entre o caixa da estatal e o bolso dos brasileiros é uma das zonas mais obscuras da economia nacional. Ali rolou e rola de tudo. Um levantamento feito na Câmara dos Deputados mostrou que, na primeira metade dos anos 90, a Petrobras pagou ao Tesouro menos de um terço dos dividendos devidos a ele. Não tem problema: o Tesouro não cobra, o povo muito menos.
Repetindo, isso não é nacionalismo nem na China – embora seja um negócio da China. A finada conta petróleo, criada para que a estatal pudesse vender gasolina ao público abaixo do preço na época dos choques do petróleo, tornou-se um dos grandes mistérios da contabilidade governamental. O Tesouro era o grande depositante naquela conta, para subsidiar os preços artificialmente baixos da empresa. No entanto, a partir de meados dos anos 80 o preço do petróleo passou uns 20 anos em rota declinante, mas a Petrobras nunca mais deixava de ser credora do Tesouro naquela conta (depois transformada na famigerada PPE, Parcela de Preços Específicos). Assim como está para nascer um brasileiro tão ético quanto Lula, está para surgir um estudo sério, auditoria ou coisa que o valha para demonstrar que dívida crônica e impagável é essa do Brasil com a Petrobras.
A “quebra do monopólio” da exploração de petróleo no Brasil, no fim dos anos 90, era o que faltava para a Petrobras chegar ao paraíso. Para ser competitiva no mundo, a estatal passaria agora a alinhar seus preços com os do mercado internacional. Quando eles subiram por conta da crise do Iraque, a Petrobras foi atrás, com toda leveza. Quando eles baixaram, a Petrobras ficou onde estava. Era preciso “proteger-se contra as oscilações”. Foi baixá-los muito depois, já tendo feito, evidentemente, formidável “poupança” às custas dos bolsos dos brasileiros – esses que se ufanam da Petrobras.
É a maravilhosa multinacional verde-amarela que já destruiu ecossistemas ao longo de todo litoral, notadamente em São Sebastião (SP) e Baía de Guanabara (RJ), por condutas irresponsáveis no transporte de óleo. A mesma empresa que acaba de fazer um dumping descarado no preço do diesel para arrebentar com um negócio das concorrentes Shell, Esso e Ipiranga. Esse é o capitalismo praticado pela Petrobras, ícone da modernidade no oba-oba da auto-suficiência.
O Brasil do astronauta e da Petrobras é um país que vai pra frente. De uma gente amiga e tão contente, de um povo unido, de grande valor. É um país que canta, trabalha e se agiganta, é o Brasil do nosso amor. Ame-o ou deixe-o.

terça-feira, 25 de abril de 2006

Carta aberta ao Comandande do Exército | Cel. Márcio Matos Viana Pereira

Carta publicada ao Gen. Francisco Albuquerque, Comandante do Exército Brasileiro, em repúdio à condecoração da sra. Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff com a Ordem do Mérito Militar, publicada pelo site do jornalinista Cláudio Humberto.
"Tomando conhecimento pela imprensa da decisão de Vossa Excelência em condecorar com a Ordem do Mérito Militar a Ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, ex-terrorista agressiva e atuante nos idos dos Governos Militares, quando traía a Pátria, a serviço do Movimento Comunista Internacional, oportunidade em que optou pela clandestinidade para cumprir ações de guerrilha, não tendo o menor escrúpulo em integrar OrganizaçãoTerrorista que matava, seqüestrava, assaltava Bancos e praticava atentados indiscriminados em vias públicas contra brasileiros inocentes, figurando como agente em algumas das citadas ações e cúmplices nas demais praticadas pela sua Organização Terrorista.
Espanta-me, Vossa Excelência não ter levado em consideração, ao conceder a condecoração citada, estar praticando uma ação tão nefasta, quanto ignóbil e desprezível. Com que cara Vossa Excelência encarará os familiares dos companheiros nossos, vitimados pela ação insana de traidores da Pátria como a Ministra Dilma e a corja que, hoje, infesta o Governo, sendo artífices da maior corrupção já engendrada para dilapidar os cofres públicos?
Como pode Vossa Excelência igualar os méritos de militares que dedicaram suas vidas aos interesses da Pátria, servindo ao Exército com abnegação, desprendimento e dedicação, aos de uma pessoa que, desprovida de patriotismo, não teve escrúpulo em praticar crimes torpes e que ainda proclama ter orgulho do seu passado?Parece-me ser interminável a capacidade de Vossa Excelência em assimilar afrontas e provocações, segundo a minha ótica. Citarei, a seguir, fatos que amparam esta afirmativa: a perda de status de Ministros dos Comandantes das três Forcas Armadas; desconsideração ostensiva imposta ao Exército, na pessoa de Vossa Excelência, ao exigir-lhe a anulação de um documento já difundido sobre a Revolução de 64 e a expedição de um novo documento, versando sobre o mesmo tema, enfocado porém, segundo a ótica do governo; situação de penúria a que foi relegado o Exército, decorrente do strangulamento financeiro imposto pelo contingenciamento das verbas orçamentárias, resultando no sucateamento dos Parques de Armamentos, na redução dos efetivos e da carga horária de instrução; a supressão dos Ministérios militares e a nomeação de outro adversário da Revolução, o Sr. Valdir Pires, para as funções de Ministro da Defesa, cidadão totalmente alheio aos assuntos inerentes às Forças Armadas, mas que deve ter sido escolhido para a função, para testar a capacidade da reação militar; os salários aviltantes pagos aos militares, se comparados aos da Polícia Federal e aos de tantas outras categorias funcionais, com o objetivo de desestimular a flama militar; a distorção da História do Brasil, visando enlamear o Exército, denegrindo a sua imagem e reputação, mediante a prática de inversão da verdade dos acontecimentos havidos; a ordem arbitrária e absurda, para que o Exército entregasse as armas, que lhe haviam roubado e foram por ele recapturadas através de ações de buscas, para serem periciadas pela Polícia Federal, quando o Exército possui na AMAN a Arma de Material Bélico, encarregada de formar oficiais especialistas nesse assunto, constituiu-se numa afronta que jamais poderia ter sido assimilada, já que não sendo técnico o motivo da provocativa decisão, foi uma demonstração pública de que o Governo desse incompetente, que nada sabe, nada viu, nada ouviu, mas se beneficia da corrupção generalizada que o cerca e o envolve, não confia na credibilidade do Exército, razão de duvidar do resultado da inspeção que seria feita no armamento recuperado, cujo resultado seria difundido à Nação.
Na qualidade de ex-integrante de DOI-CODI que viveu com intensidade grande parte do período revolucionário, combatendo terroristas então companheiros de crimes da Ministra e, principalmente, de seu ex-companheiro da turma da AMAN de 1958, sinto imensa tristeza em ter de afirmar a Vossa Excelência, por dever de lealdade, atributo integrante do amplo elenco de valores que consubstanciam a ética militar, e que, infelizmente, Vossa Excelência parece-me não mais cultuar, que me custa crer, havermos cursado a saudosa Academia Militar de Agulhas Negras, na mesma época. Como conseguiu Vossa Excelência relegar ao esquecimento o culto aos valores morais sobre os quais os nossos ancestrais erigiram a nacionalidade e que na AMAN nos foram tão intensamente transmitidos? Vossa Excelência tem se aracterizado pela falta de ação e por um imobilismo irritante, já que tem aceitado, sem ao menos externar uma revolta aparente, provocações e decisões atentatórias à dignidade da farda. É preciso que Vossa Excelência e o Alto Comando do Exército bem diferenciem disciplina de subserviência. Aceitar ordens emanadas de Autoridade Legal é um dever que tem de ser cumprido!
Aceitar provocações ou humilhações, parta de quem ou de onde partir, é um ultraje, que tem de ser peremptoriamente repelido! Aceite Vossa Excelência uma opinião: é muito mais digno viver no ostracismo na Reserva, mas, em paz com a consciência, com honra e dignidade, do que freqüentar manchetes na Mídia, por exercer posição de destaque e de mando, porém, como no caso de Vossa Excelência, sendo estigmatizado pelos comandados e, principalmente, pelos companheiros de ideal e profissão, face ao mau exemplo legado de apego desmedido ao cargo."

domingo, 23 de abril de 2006

As veias abertas da América Latina

Emir Sader escreve semanalmente no Jornal do Brasil. O JB, que outrora se orgulhava de ter mantido como colaboradores pessoas da estirpe de Joaquim Nabuco e Clarice Lispector hoje tem que se bastar com Sader e José Dirceu. Mas não é sobre isso que tratarei agora. O JB será tema de comentário futuro.

O artigo de Emir Sader começa assim: "A América Latina foi o laboratório de experiências do neoliberalismo. Em nenhuma outra região do mundo se generalizou tão amplamente esse modelo e suas políticas como aqui. (...) para qualquer lugar que olhássemos, se repetiam monotonamente os mesmos temas, prioridades e discursos. Estado mínimo, reinado do mercado, privatizações, desregulação econômica, flexibilização laboral, ajuste fiscal, acordos com o FMI".

Como se vê, não é só Lula que sofre da Síndrome de Pedro Álvares Cabral. Para o sociólogo defensor do MST o neoliberalismo surgiu, sim, na América Latina. Como se trata de um opinante defensor da esquerda, é bom analisar desde a primeira linha o seu discurso: não é verdade que o "neoliberalismo" surgiu na América Latina. Primeiro que a doutrina do Estado Mínimo existe desde o século XVIII, criação do inglês Adam Smith. E foi na mesma Inglaterra que o termo "privatização" apareceu pela primeira vez, no governo da Baronesa Thatcher.

Até a metade dos anos 1990 a América Latina, à exceção de Argentina e Chile, estava fechada ao "capital estrangeiro", e ao mesmo tempo, sufocada pela hiperinflação. O Leste Europeu experimentou o "neoliberalismo" bem antes de nós, e de uma forma muito mais agressiva - aqui o provesso de aderência ao capitalismo ainda não se confirmou. E é bom que se diga, estão muito melhores lá do que aqui.

Sader passa então a criticar o que chama de "marionetes": Fernando Henrique Cardoso, Carlos Menem, Lucio Gutierrez, Sanchéz de Lozada, Alvaro Uribe, culpando-os por "desmoralizar a democracia" ao permitir o individualismo, consumismo, narcisismo, egoísmo... Ou seja, desmoraliza-se a democracia ao se permitir que cada um escolha o seu destino. Moralizá-la seria, então, que todos se unissem em prol do bem comum, num processo que seria guiado por alguma criatura abençoada, que governasse com o coração e os nove dedos.

O artigo continua enxovalhando a liberdade econômica, assinalando que ela foi responsável pela queda de dez presidentes nos últimos anos. E é aí que o professor da USP chega ao Eldorado: a culpa de todos os nossos problemas é, claro, Washington. Sua fúria é dirigida ao embaixador dos EUA na OEA, John Maisto, que alertou haver um risco de Equador e Bolívia abandonarem a democracia. De acordo com Sader, os americanos não têm moral para alertar sobre a democracia, uma vez observada sua "participação em tentativas de desestabilização e de golpes contra governos legalmente constituídos no continente". Claro que o financiamento por parte de Hugo Chávez para grupos fora-da-lei como o MST não entram nessa comparação. Afinal de contas, sua reinvindicação é legítima.

O ataque continua: "A afirmação provém do representante de um governo eleito em 2000 de forma fraudulenta, que impôs nos EUA drásticas limitações à democracia e à liberdade dos indivíduos, que está com tropas atuando militarmente nos principais focos de conflito bélico no mundo (...) E, ainda assim, não causa indignação nos formadores de opinião - que gritam contra qualquer suposta violação dos direitos humanos em países governados por presidentes de desagrado de Washington". Agora sim o argumento esquerdista está completo: apareceu o defensor de Fidel Castro. Suposta violação dos direitos humanos? Pra quem acredita em Lula...

O resto do artigo é um punhado de frases feitas anti-americanas, que alternam com críticas às tais elites. Ou seja, mais do mesmo. Desta vez não coloco o link para o artigo. Não quero que percam seu tempo.

sexta-feira, 21 de abril de 2006

Os 80 anos de Elizabeth II

O dia começa com chá e biscoitos. Chá para ela e biscoito para os cães. Depois tem início uma maratona de reuniões, conversas, apertos de mão, reverências e pronunciamentos. Têm sido assim desde 1952, e até hoje ela mantém disposição para continuar com seu dever.

Elizabeth Alexandra Mary Windsor nasceu em 21 de abril de 1926 no número 21 da rua Bruton, em Mayfair, Londres, filha de Sua Alteza Real, o Príncipe Albert, Duque de York, e de Elizabeth Bowes-Lyon, a Duquesa de York. Sendo neta do Rei George V, adquiriu o título de Sua Alteza Real Princesa Elizabeth de York.

Como era costume na época, a princesa foi educada em casa, sob a supervisão de sua mãe - que insistia que ela dissesse repetidas vezes "Eu não sou comum" - e da governanta Marion Crawford. Estudou História e línguas modernas, tornando-se fluente em francês. Foi instruída em religião pelo Arcebispo da Cantuária.

Elizabeth não "nasceu para ser rainha". Mas a abdicação de seu tio Edward VIII colocou seu pai na posição de príncipe herdeiro, fazendo dela a segunda na linha de sucessão. Em 1936 seu pai tornou-se Rei da Inglaterra.

Quando a Segunda Guerra Mundial começou ela tinha 13 anos. Junto com sua irmã mais nova Margareth elas foram mandadas para o Castelo de Windsor, de onde deveriam embarcar para o Canadá. A recusa de sua mãe acabou marcando para sempre a memória da guerra para o povo inglês: "As princesas não irão embora sem mim; eu não irei embora sem o Rei, e o Rei nunca irá embora". Assim como Sir Winston Churchill, a Família Real tornara-se um símbolo da resistência ante o avanço das tropas alemãs.

Em 1945 convenceu seu pai de que deveria contribuir diretamente nos esforços de guerra. Ela se uniu ao Serviço Territorial Auxiliar onde ficou conhecida por Número 230873 Segunda Subalterna Elizabeth Windsor, e foi treinada como motorista. Este treino foi a primeira vez que ela participava de uma aula com outros alunos. Ela gostou tanto do ensino junto a outros alunos que levou seus filhos a estudar em escolas, não em casa. Foi a primeira membro da família real a servir militarmente, apesar de outras mulheres da realeza já terem recebido honrarias.

Em 1947 fez sua primeira viagem oficial ao exterior - para a África do Sul. No seu 21º aniversário ela fez um pronunciamento à Comunidade e Império Britânico, garantindo a devoção de sua vida ao serviço do povo da Comunidade e do Império.

Em 20 de novembro do mesmo ano casa-se com o Príncipe Phillip, o Duque de Edimburgo, indo residir na Clarence House. Em 14 de novembro de 1948 dá à luz o primeiro filho, Charles. Depois vieram Anne, Andrew e Edward.

Em 1951 a saúde do Rei George começou a piorar, e Elizabeth passou a substitui-lo em eventos públicos. Ela visitou a Grécia, Itália e Malta durante esse ano. Em outubro ela fez um tour ao Canadá e visitou Washington DC em janeiro de 1952. No momento da morte de seu pai, ela se encontrava em um hotel no Quênia.

Foi coroada em 2 de junho de 1953, na Abadia de Westminster, adotando o nome de Elizabeth II, pela Graça de Deus, Rainha do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte e de Seus outros Reinos e Territórios, Chefe da Comunidade Britânica das Nações, Defensora da Fé. Passou então a residir no Palácio de Buckingham, que de acordo com boatos, ela detesta.

A Rainha Elizabeth é a Chefe de Estado que mais viajou no mundo, superando até mesmo o Papa João Paulo II. É conservadora em questões religiosas, padrão moral e questões familiares. Tem um grande senso de dever religioso e leva à sério o juramento da coroação. Esse senso é apontado como a principal razão para ela não abdicar. Como sua mãe, ela nunca perdoou Eduardo VIII por, como ela mesma diz, abandonar seu dever, e forçar seu pai a tornar-se rei, o que, conforme ela acredita, teria diminuido para seu relativo curto tempo de vida.

A Rainha nunca concedeu uma entrevista em toda a sua vida e jamais exprimiu um ponto de vista sobre qualquer assunto mais melindroso. Quando subiu ao trono, em 1952, garantiu que toda a sua vida seria colocada ao serviço do reino e assim tem sido até hoje. Assume de forma natural esse compromisso total com o papel de monarca e é dedicada à família. Fora isso, sabe-se muito pouco sobre as suas ideias - excepto que é apreciadora de pintura e fotografia, adora corridas de cavalos, tem uma genuína afeição por cães e faz questão de pedir aos convidados para evitarem pisar as preciosas, mas frágeis, carpetes do Palácio de Buckingham. Até hoje a última luz que se apaga em Buckingham é a do seu escritório, resultado da leitura meticulosa que faz em todos os documentos oficiais.

Embora escândalos tenham abalado a imagem da Família Real dos últimos anos, essa instituição se recuperou. Ao contrário do que analistas e jornalistas mais exaltados fazem crer, a monarquia na Inglaterra não está em perigo, como bem demonstra uma pesquisa recente onde 71% dos ingleses declararam-se monarquistas, contra 19% de republicanos e 10% de indecisos. Previsão semelhante fora feita na Austrália durante um plebiscito em 1999, previsão essa desmascarada pela voz dos súditos que manifestaram sua intenção de manter Elizabeth como sua rainha.

Hoje ela fez 80 anos. E já declarou que pretende trabalhar até o fim da vida. Ouviu a banda tocar Happy Birthday e milhares de pessoas desejando-lhe congratulações. Recebeu mais de 21.000 cartas e 17.000 e-mails - inclusive o meu! Mais tarde o Príncipe Charles leu uma mensagem carinhosa em homenagem à sua "querida mamãe". Como pedido de aniversário, solicitou que os ingleses pensem quão boa é a monarquia.

God Save Our Gracious Queen!
Long Live To The Queen!



Mande mensagens de aniversário para a Rainha clicando aqui.

segunda-feira, 17 de abril de 2006

O Petróleo é Nosso!

Durante muito tempo a direita foi criticada por defender o que chamava de "ditadura necessária". Segundo este conceito, havia ocasiões em que a democracia deveria ser sacrificada em nome da própria democracia, como ocorreu em 1964. Ou seja, no fim das contas, com a ditadura, ficamos no lucro.

Não é difícil encontrar quem ainda seja capaz de encontrar vantagens numa ditadura. Um governo forte e centralizado, argumentam, é fundamental para fazer o Brasil crescer. Uma opinião obviamente não compartilhada por este blog, que preza não só o Estado mínimo como principalmente a Democracia. Está logo aqui ao lado, junto com todos os outros valores defendidos.

Muita gente - a maioria, aliás - ainda liga a ditadura à Direita. Não vou negar que foi uma ditadura de direita. Não foi a minha direita, a liberal, mas ainda assim a direita. Mas não é ela a única a defender ditaduras, haja visto a ligação entre a esquerda brasileira e déspotas do calibre de Fidel Castro e Hu Jintao. Aliás, nem é preciso ir tão longe: já viu um esquerdista atacar Getúlio Vargas?

Nenhum deles esquece o fato, é verdade, que Vargas era um ditador. O problema é que sua retórica vem sempre acompanhada de um "mas". Tudo bem que era um tirano, praticava a censura, execução política etc., mas... A verdade é que Getúlio é um ídolo para a esquerda do Brasil. Quantas vezes não se ouviu alguém dizer que na História do Brasil só se salvam Getúlio e Juscelino? O pai dos pobres é o alter-ego de Lula.

Mas mesmo quando criticam o Estado Novo fascista, não deixam de defender as medidas por ele implementadas: a CLT, uma "política externa independente" que quase se aliou a Hitler e um modelo de desenvolvimento apoiado no Estado, que nos legou a FNM, a CVRD, a CSN, a Petrobrás e o BNDES. Como essas medidas não seriam consideradas numa democracia, foi uma ditadura necessária para a democracia. Enxergaram a vantagem na ditadura. São então direita?

A Petrobrás é, junto com o BNDES, sobrevivente desse sistema que foi inflado por outras ditaduras e desmontado pela democracia, apesar da grita da petistada de plantão. A maior companhia da América Latina pertence ao Brasil. O Petróleo é nosso. Agora mais do que nunca. Ainda essa semana o sr. Lula anuncia com todos os salamaleques, plumas e paetês que julgar necessários que agora somos auto-suficientes.

E daí?

O que o Brasil ganha mantendo um fóssil estatal como a Petrossauro (Paulo Francis faz uma falta!)? O sr. Ministro de Minas e Energia Silas Rondeau e o sr. José Sérgio Gabrielli, presidente da empresa, já avisaram que auto-suficiência não signifiva que os preços ficarão desvinculados do mercado externo. Pode soar um tanto quanto ilógico, mas, repito, a lógica não faz parte deste governo. Sabia que o Brasil vende ao Uruguai gasolina a um preço mais barato do que pagam os brasileiros nos postos? Até no Paraguai a gasolina é mais barata que a nossa. E eles não têm estatais nem petróleo.

Em 2004 a Petrobrás lucrou U$ 34.452 bilhões. O que ganhamos com isso? A gasolina hoje está em torno de R$ 2,70 dependendo da região. É uma das 500 maiores empresas do mundo e o que ganhamos com isso? "Os sertanejos e esfoemados das ruas do Rio de Janeiro têm conhecimento do que a Petrobrás gera para eles? Quanto do volume que representam as 147 empresas públicas brasileiras lhes é destinado?", pergunta o Manual do Perfeito Idiota Latino Americano, recomendadíssimo.

Sendo a Petrobrás uma estatal, era de se esperar que o governo estivesse pronto para defendê-la, certo? Bem... Depois de investir U$ 1,5 bilhão e de ter planos para mais U$ 5 bilhões na Bolívia, agora querem nacionalizar o gás. E, de acordo com o site da Primeira Leitura, citando o jornal Correio Braziliense, Brasília ficará junto a Morales. Segundo um alto diplomata do Itamaraty, "Há uma tendência estatizante no governo, só não vamos bater de frente com o mercado”. De acordo com o governo, os bolivianos têm razão...

Em um post anterior acusei Lula e o PT de prostituírem o Brasil em nome de suas convicções ideológicas. Não vai ser diferente agora. Às custas da Nação o governo vai dar carta branca a quem rasga contratos e ignora leis em nome de uma ideologia falsa e pretensiosa.

A Bolívia quer repetir o erro que o Brasil cometeu no passado. Nacionalizando perde investimentos já anunciados, além de ter que arcar com o risco da desconfiança do business internacional, o que atrasa o desenvolvimento do país. Nos anos 1990 FHC (argh!) privatizou grande parte das estatais brasileiras. Sim, houve corrupção no processo, mas muita corrupção também foi evitada. Além do mais, que privatização não o é? Os russos que o digam.

Ainda assim, não há sentido em tornar governos participantes do jogo financeiro. Porque corrompem e se deixam corromper. O que eram Sudam e Sudene? Depois que Minas Gerais privatizou o Bemge acabou o jogo dos governadores com prefeitos, perdoando dívidas no banco em troca de apoio político. Na Petrobrás funciona ainda assim. Severino Cavalcanti quase ganhou a "diretoria que fura poço".

Privatizar sempre funciona. Claro que só isso não basta. No Chile e na Inglaterra deu certo porque a privatização veio junto a um projeto de Estado mínimo. Na Rússia não funciona porque ainda que as empresas sejam vendidas, seus donos continuam a obedecer ao Kremlin. Do contrário são presos, como o dono da Yukos, Mikhail Khodorkovski.

Governos são corruptos, ineficientes e caros. Com suas empresas não seria diferente. Quem pode hoje se levantar contra a privatização das teles? Antes disso, lembre-se que a telefonia só chegou à era digital e da fibra óptica depois de vendida. E quanto aos telefones celulares, que deixaram de ser artigo de luxo para se tornar básico a todos os brasileiros?

Privatizemos também o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, por que não? O que ganhamos com eles? Por acaso cobram juros mais baratos que os outros bancos?

Henry Thoureau, anarquista americano escreveu no século XIX: "O melhor governo é o que menos governa". Faz sentido até hoje.

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domingo, 16 de abril de 2006

Aniversário de 66 anos de Margrethe II, Rainha da Dinamarca e 51 anos do Grão Duke Henri, de Luxemburgo

Margrethe Alexandrine Þórhildur Ingrid, Rainha Margrethe II da Dinamarca, nasceu no dia 16 de abril de 1940, a primeira filha do Príncipe Herdeiro Frederik e da Princesa Ingrid, no Palácio Amalienborg, em Copenhagen. Foi batizada em 14 de maio do mesmo ano, tendo como padrinhos o Rei Christian X, Príncipe Knud e Príncipe Axel, da Dinamarca, Rei Gustaf V, Rei Gustav VI Adolf e Príncipe Gustaf Adolf, da Suécia, e como madrinhas a Rainha Alexandrine, Princesa Thyra, Princesa Helena Viktoria, da Dinamarca, Rainha Louise da Suécia, Lady Patricia Ramsay, Princesa Cecile da Prússia e Princesa Margrethe de Bourbon-Parma.

Seu lema oficial é "Ajuda de Deus, o amor do povo, a força da Dinamarca".

Em 1947 o Parlamento Dinamarquês alterou a lei de sucessão que proibía que mulheres ocupassem o trono, medida referendada pelos dinamarqueses em 1953. A partir de então a princesa adquiriu o título de Tronfølgeren, a sucessora do trono.

Estudou Arqueologia Pré-Histórica na Universidade de Cambridge, Ciência Política na Universidade de Aarhus, na Universidade Sorbonne e na London School of Economics.

Casou-se em 1967 com um diplomata francês, Henri de Laborde de Monpezat, com quem teve dois filhos, Frederik André Henrik Christian e Joachim Holger Valdemar Christian.

Em 14 de janeiro de 1972 ascendeu ao trono como Margrethe II.

A Rainha é fluente em dinamarquês, francês, sueco, inglês e alemão. Exibe ainda dotes artísticos, sendo aclamada pela crítica na pintura, desenho e escrita, sendo responsável pela tradução de obras para a língua dinamarquesa. Seus desenhos foram usados para ilustrar a versão dinamarquesa do "Senhor dos Anéis", livro o qual ela também ajudou a traduzir. Também desenha suas próprias roupas. É conhecida na Europa como a mais moderna e progressista monarca.

Hoje, 16 de março, milhares de pessoas reuniram-se em frente ao Palácio Amalienborg para saudar os 66 anos da Rainha.

Fonte: Casa Real Dinamarquesa


O Grão-Duque Henri de Luxemburgo nasceu no dia 16 de abril de 1955 no Palácio Betzdorf, primogênito do Grão-Duque Jean de Luxemburgo e da Grã-Duquesa Joséphine-Charlotte, Princesa da Bélgica. Seus avós maternos são o Rei Leopoldo III e a Rainha Astrid, da Bélgica.

Estudou em Luxemburgo e na França. Estudou Ciência Política na Universidade de Genebra e na Real Academia Militar de Sandhurst, na Inglaterra. Em 1981 casou-se com Maria Teresa Mestre y Batisata, sua colega de faculdade, apesar da oposição de sua mãe, que queria um casamento dinástico. Com ela teve cinco filhos, os Príncipes Guillaume, Félix, Louis e Sébastien e a Princesa Alexandra.

É membro do Comitê Olímpico Internacional, da Fundação Mentor (ligada à OMS) e diretor da Fundação Charles Darwin para as Ilhas Galápagos.

Meu consolo (4) | Meles Zenawi

Meles Zenawi é Primeiro-Ministro da Etiópia desde 22 de agosto de 1992, numa eleição boicotada pela oposição. Antes disso foi presidente do país a partir da queda do regime comunista de Mengistu, depois de 17 anos de guerra civil.

Abandonou a política centralista vigente no país desde 1855, adotando um sistema classificado de "federalismo étnico". Para tanto, instituiu na Constituição um artigo, n. 39, que assegura que qualquer grupo étnico possa se separar do resto do país. No entanto, a norma serviu de base para divisões que, segundo alertam opositores, arricam a unidade de um país único porém etnicamente diversificado. Esse etnocentrismo também significou a preferência por determinadas etnias em detrimento de outras na administração pública, nos negócios e na maneira como os recursos públicos são investidos, beneficiando principalmente sua região natal, Tigray. Zenawi é também acusado de nepotismo e corrupção.

A Etiópia é um dos países-símbolo da fome da África. Naturalmente, o país deveria reagir. E assim fez: primeiro com a reforma agrária. A Constituição proíbe a posse da terra, toda ela pertence ao Estado. De acordo com o governo, isso é necessário para a segurança dos próprios agricultores, uma vez que em períodos difíceis eles seriam forçados a vender suas terras. Pausa.

Quer dizer então que o governo quer proteger os agricultores. Na crise, naturalmente eles seriam forçados a vender seu patrimônio. As cabeças iluminadas pensaram então em como evitar que isso acontecesse. Resultado: expropriaram as terras. Deixaram de pertencer aos camponeses e eles não tiveram nenhum rendimento com isso. Perderam duas vezes.

Ah!, mas de outra maneira, não haveria como garantir a "igualdade agrária", fundamental para um país democrático, não? Afinal de contas, quem vai proteger os aldeões da sanha predatória e capitalista dos credores? O governo, naturalmente. O problema é que o credor capitalista é o próprio governo!, que mantém monopólio sobre fertilizantes, tornando-os caríssimos, o que força os lavradores a vender sua mobília para não ser presos, acusados de anti-desenvolvimento.

Meles Zenawi, no entanto, tem amigos. A empresa de fertilizantes Yara, por exemplo, o idolatra a ponto de conceder-lhe um prêmio por "garantir a nutrição e a segurança alimentar, assim como proteger o meio ambiente". O fato de ser o principal cliente certamente não foi levado em conta pela empresa, é tudo uma questão de mérito.

O primeiro-ministro é também amigão do Tony, o Blair. É membro diretorial da Comissão para a África, que tem por missão eliminar a miséria no continente. Seria como convidar João Pedro Stédile para em centro de pesquisa da Monsanto. Zenawi também goza de boas relações com a Casa Branca, resultado de sua política de luta contra o terrorismo.

Eu gostava mais do Bush quando ele lutava pela democracia. Assim como o Lula.

quarta-feira, 12 de abril de 2006

Recesso

Esse blog entra em recesso a partir de hoje, voltando à ativa no Domingo.

Feliz Páscoa.

segunda-feira, 10 de abril de 2006

A falta que faz um líder

Dominique de Villepin, primeiro-ministro francês, recuou. Anunciou que vai retirar - ou melhor, substituir - o artigo 8º da lei que trata do Contrato do Primeiro Emprego, justamente aquele que dava flexibilização às leis trabalhistas francesas ao permitir que empregadores demitam jovens até 26 anos sem a necessidade de justa causa após 2 anos de serviço. Sindicalistas e estudantes saíram às ruas para protestar contra a medida, convocaram greves, atiraram paus e pedras contra a polícia e fizeram uma imprensa um tanto quanto entusiasmada relembrar de novo - o pleonasmo é proposital - o famigerado Maio de 1968, ainda que não tenha nada a ver com ele. Já tinha escrito sobre isso anteriormente.

O alvo da minha atenção agora é outro. Que os estudantes e sindicalistas franceses não estão com a razão não parece muito difícil de provar. Ainda mais quando têm como líder um rapaz que admitiu nunca ter trabalhado na vida e que é filho de uma prefeita filiada ao maior partido de oposição francês, o Partido Socialista. Mas quem falou que esse pessoal gosta de raciocinar? O tal "apelo à razão" repetido como um mantra pela intelectualidade midiática não passa de propaganda para as massas, um artifício a fim de conferir legitimidade às suas propostas. Na maioria das vezes agem por instinto.

Roberto Campos, lúcido como poucos, uma feita escreveu: "Nossas leis, assim como a Constituição de 1988, são abundantes em garantias. O problema é que o irrealismo das promessas e reinvidicações resulta no crescimento do mercado informal, à margem das leis. Isso enseja a formulação de uma nova lei sociológica: 'a redução do número de garantidos é diretamente proporcional à ampliação das garantias' ". Claro como água.

O problema dos franceses - e não só deles, que fique bem claro - é que eles não têm líderes, apenas políticos. Villepin recuou quando o Liberatión, jornal esquerdista fundado pelo stalinista Jean-Paul Sartre divulgou uma pesquisa onde sua popularidade caía de 49% para 25% e sua desaprovação subia de 56% para 64%. O presidenciável falou mais alto.

A Baronesa Margaret Hilda Thatcher, primeira-ministra inglesa de 1979 a 1990, assumiu um país como a França, onde sindicalistas formavam um Poder à parte - de novo, não é só lá -, rosnando a qualquer um que demonstrasse interesse por seu feudo: a legislação trabalhista. Enfrentou greves, protestos e atentados. Grevistas impediam outros mineiros de trabalhar, com o uso inclusive da violência. A Dama de Ferro ainda fechou todas as minas deficitárias, privatizou estatais, diminuiu impostos e o tamanho do Estado. Numa reunião da Câmara dos Comuns, atirou um livro de Hayek sobre a mesa dizendo "É nisso que eu acredito!"

Nos anos 70 o Reino Unido era considerado o "doente" da Europa e muitos acreditavam que seria a primeira nação desenvolvida a retroceder ao status de país em desenvolvimento. Quando Thatcher deixou o poder, por uma manobra do próprio partido e que chocou a ilha, a Grã-Bretanha era a mais bem sucedida das economias modernas e o desemprego tinha caído.

Em 2003 manifestantes depredaram o Palácio do Planalto quando o governo pôs em votação a Reforma da Previdência, extremamente necessária e que ainda não foi regulamentada. A Reforma Tributária também não será levada à votação tão cedo, ninguém consegue desmontar o Estado de Bem Estar Social, por mais ineficiente e caro que seja.

Houve um presidente, Campos Sales, responsável por colocar em ordem as finaças do Brasil, vítimas da política econômica do Águia de Haia Ruy Barbosa, um plano tão falível que seria motivo de deboche por qualquer aluno do ensino médio. Extremamente impopular, era na época chamado de Campos Selos, por causa do imposto filatélico. A História acabou por dar-lhe razão. Reformas econômicas, ainda que impopulares devem ser implementadas.

domingo, 9 de abril de 2006

Meu consolo (3) | Teodoro Obiang Nguema Mbasogo

Quem diria? Já chegamos ao número 3. Muitos - eu - achava pouco provável encontrar um Lula pior do que o nosso fora do eixo Buenos Aires - La Paz - Caracas - Havana, e até agora não tratamos dele. Quem poderia imaginar que a realidade é assim tão péssima? E tem gente que ainda perde tempo com George W. Bush...

Teodoro Obiang Nguema Mbasogo - escandinavos e africanos só tem em comum o desprezo por vogais - é o presidente da Guiné Equatorial desde 1979. Chegou ao poder por meios, assim, pouco usuais numa democracia, mas uma regra nas ditaduras - o assassinato do presidente de então - mas que chama a atenção pelos laços que ligavam o tirano ao tiranicida - era seu próprio tio, responsável por levar metade dos 1,2 milhão de habitantes do país ao exílio.

Uma nova consituição foi aprovada em 1982 e Obiang foi eleito presidente para um mandato de sete anos. Em 1989, se reelege - era o único candidato - e tem sido assim desde então. A última eleição que o país conheceu se deu em 2002, não reconhecida por observadores internacionais. Sua reação também não foi nenhuma novidade, clamou que forças externas planejavam depô-lo, o que não deixa de ser verdade. Há até um governo no exílio. Mas não é dessas forças que Obiang fala. Quem liga para um bando de revoltosos asilados? Sua acusação vai em direção aos EUA, Reino Unido e Espanha.

Dentro e fora do país o presidente é acusado de manter um regime extremamente corrupto, etnocêntrico, opressivo e anti-democrático (claro, é uma ditadura!). Seu partido, o Partido Democrático da Guiné Equatorial mantém 98 das 100 cadeiras do Parlamento. 90% dos políticos de oposição vivem fora do país.

Lá, assim como aqui, desenvolveu-se um culto à personalidade irracional: cidades têm ruas comemorando o golpe dado contra Macias, o tio, e a população é encorajada a usar roupas que trazem sua estampa.

Obiang já se deu o título de O Grande General Alifanfarón, Cavalheiro da Grande Ilha de Bioko, Annobón e Rio Muni e sempre se refere a ele mesmo como O Chefe; mas nada disso serve quando estamos falando de um deus, que está sempre em contato com o Todo Poderoso, o que lhe permite matar qualquer um sem que seja responsabilizado por isso. E também afirma ser um canibal.

É um passatempo um tanto mórbido, eu admito, procurar conforto no infortúnio de outros. Mas o que me penitencia ainda mais é saber que não há outro remédio capaz de neutralizar o desgosto que qualquer pessoa decorosa sente ao acompanhar o sr. Lula debochar da boa-fé e da ignorância desse povo chamado Brasil. E vê o Datafolha anunciar que ele continua o favorito. E tem que lidar com uma pergunta que insiste em não sair da cabeça: os brasileiros preferirão conviver com um pesadelo a acordar para a realidade?

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Pra tanta pizza...


Haja estômago!

Economia Global para esquerdistas gagás

O sr. Luis Inácio Lula da Silva, Il Duce, assinou um artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira 03/04, intitulado "Os alicerces da integração regional". No texto, o Presidente da República esreve que "nossos países só superarão os desafios do desenvolvimento e da desigualdade social se forem capazes de juntar suas vozes no concerto internacional e de somar seu potencial econômico e produtivo". O que vem depois não passa de propaganda de candidato, fartamente composta de termos que conferem à política externa brasileira um personalismo totalitário - dediquei-me, conversei com, julgo que, tenho insistido.

O auto-proclamado líder natural da América do Sul afirma ainda que "não há outro caminho para nós fora da união e da integração de nossas economias e sociedades". Ponto para quem escreveu o artigo carimbado - com o dedão - pelo sapo barbudo. É isso aí!

Um alienígena que caísse dos anéis de Saturno no Brasil, ao ler o artigo, estaria convencido de que o presidente, ao invés de seguir o devaneio esquerdista de romper com o passado, aderiu à realidade e passou a praticar aquilo que deu certo e garantiu crescimento e estabilidade aos países desenvolvidos.

Não é bem assim!

O Brasil, mais uma vez, peca por intoxicação ideológica. Permite que os teóricos marxistas-chauístas-petistas façam um trabalho que deveria estar a cargo de técnicos e economistas. Deixa se levar por uma fantasia latino-terceiro-mundista pregada por Simón Bolívar e ridicularizada pela História.

O físico inglês Sir Isaac Newton afirmou certa feita que era grande porque "subiu no ombro de gigantes". Nada mais lógico. E comprovado pela razão prática. O México, depois de aliar-se ao grande satã americano, viu sua economia dar um salto, aumentar suas exportações e parceiros comercias, o fluxo de investimentos, os salários, as contas externas. Da mesma forma, o Leste Europeu ex-comunista correu para assinar um acordo com a União Européia e hoje alcança uma taxa de crescimento média de 4%.

O problema é que a lógica não tem espaço nesse governo. Os trabalhistas não só forçaram o Brasil a se distanciar de um acordo com os EUA como se orgulham desse feito patriótico. Uma medida inócua, uma vez que os outros países - esses traidores da nobre causa latina - assinaram acordos bilaterais com os americanos. E vão se dar muito bem com isso. Quem não quer vender para a América?

O Brasil. Mais uma vez Pindorama toma atitudes que só podem ser explicadas pela psiquiatria. Só mesmo Freud e Jung poderiam explicar porque o Brasil briga com grandes mercados sedentos por expandir suas economias e investimentos. Prefere ter como aliados gente como Tabaré Vasquez (que é esperto o bastante para largar o Mercosul e se aliar a Washington), Hugo Chávez (o companheiro que se julga herdeiro de Bolívar - como se fosse grande coisa - e que vai usar o Mercosul como palanque para impropérios), Evo Morales (que vai dar nacionalizar a Petrobras Bolivia diante dos gritos roucos de Gabrielli) e Néstor Kirchner (comentários desnecessários).

A esquerda brasileira insiste numa idéia mofada de que é preciso combater os países ricos, símbolos do capitalismo selvagem, inimigo do desenvolvimento dos países do terceiro mundo. Para os vermelhinhos, o bom capitalismo é aquele praticado pelas pobres populações das economias periféricas, vítimas da ganância predatória da sociedade consumista e do capital estrangeiro.

Alguém precisa avisar a essa gente que o Muro de Berlim também caiu na cabeça deles.

quinta-feira, 6 de abril de 2006

segunda-feira, 3 de abril de 2006

domingo, 2 de abril de 2006

Meu consolo (2) | Robert Mugabe

Acertem seus relógios: faltam 181 dias para as próximas eleições. Até lá, continuamos com nossa hercúlea tarefa de encontrar governantes mais excêntricos, anti-democráticos e ególatras que o nosso, numa tentativa desesperada de tornar menos custoso o suplício de ter que agüentar mais 273 dias.

Nosso alívio é saber que sim, há gente pior do que Luis Inácio. Depois de tratar de Saparmurat Niyazov, vamos agora falar sobre o presidente do Zimbábue, Robert Gabriel Mugabe.

Mugabe é perfeito - para nós - porque aplicou duas propostas sempre defendidas pela esquerdopatia nacional: ações afirmativas (cotas) e reforma agrária. Juntas.

Empossado como presidente em 1987 - antes tinha sido primeiro-ministro - prometeu melhorar as condições da maioria negra. A princípio, aplicou mais dinheiro em programas destinados à saúde e educação dos negros (só deles). Reeleito em 1990, começou a mudar as regras do jogo.

Primeiro passou a defender medidas que significassem "austeridade econômica". Nada mal, o país estava indo à falência e o Estado de Bem Estar Social é bom, mas custa caro. Entretanto a recusa do FMI em renovar um pacote de auda financeira fez com que Mugabe adotasse medidas cada vez mais demagógicas e autoritárias.

Em 1991 passou a promover uma "campanha moral" contra o homossexualismo, o que tornou o que ele chama de "atos sexuais não-naturais" crimes que podem render até 10 anos de prisão. Até mesmo seu predecessor na Presidência Canaan Banana foi condenado por sodomia.

É a partir de agora que Lula e Mugabe se encontram: pouco depois de assumir o presidente zimbabuano assegurou aos fazendeiros brancos que eles não precisavam temer um governo que prezava pela maioria negra. Disse que pretendia promover uma reforma agrária justa e gradual, sem desapropriações, apenas comprando as terras daqueles que quisessem vendê-la. Em 1999, no entanto, a reforma passou a ser feita à força: fazendas eram invadidas, depredadas, milícias armadas foram criadas à margem da lei e com a anuência do governo. Fazendeiros brancos eram queimados junto com suas casas. O discurso do Black Hitler mudou:

O Zimbábue é para os negros, não para os brancos.

Nosso partido deve continuar a colocar medo nos corações dos brancos,
nossos verdadeiros inimigos.

A reforma agrária, assim como aconteceu em todos os lugares onde foi implantada, foi um fracasso. Transformou um país grande exportador de grãos num importador de alimentos, com crises constantes de abastecimento. Qualquer semelhança com o nosso MST não é coincidência: eles se apóiam.

A última reforma de Mugabe atingiu 2 400 000 pessoas, deixou 700 000 desempregadas e 325 000 pessoas desabrigadas.

O Zimbábue têm sido criticado pela Comunidade Internacional. O país, em 2004, abandonou a Commonwealth, alegando "interferência". Os EUA já aprovaram sanções econômicas ao país. O arcebispo anglicano Desmond Tutu o chamou de "caricatura de um ditador". Equipes esportivas da Inglaterra se recusaram a jogar com o time di Zimbábue em protesto à maneira como Robert comanda o país.

Mas não se engane. Mesmo os cretinos têm amigos. Aqueles amigos...

Se ela dança, eu danço...

sábado, 1 de abril de 2006

Revolução Permanente

"Revolução Permanente" é um termo marxista-trotskista que afirma que os trabalhadores só poderiam mudar o poder por meio de um constante processo revolucionário. Fidel Castro, por exemplo, afirma que a Revolução Cubana ainda não acabou. E, claro, nem vai acabar, uma vez que o comunismo, ao contrário do que as viúvas da União Soviética dizem, é um fim e não um meio.

Mas desta vez não vou falar de Havana. Não, Havana, por ora, é inofensiva: o comunismo será enterrado junto com Fidel. Os cubanos não têm tradição revolucionária. São, como a maioria dos que vivem ao sul do Rio Grande, pedaços de carne adestrados. À exceção dos argentinos. Mas esses não são latino-americanos. São franceses que pensam que são ingleses. Mas esses também não valem a pena.

O povo dos sonhos de todo esquerdista que se preze é o francês. De cada 10 "intelectuais" esquerdistas que foram estudar no exterior 14 foram visitar a Torre Eiffel. Que Cuba que nada. União Soviética? Camboja? China? Qual o quê. Os canhotos brasileiros são o que os ingleses sabiamente chamam de "socialista de champagne" e os australianos "socialistas chardonnay".
Chico Buarque tem um apartamento em Paris. FHC mora em Paris. Os exilados comunistas da ditadura foram, em sua maioria, desembarcar no Charles de Gaulle.

Ninguém absorveu tão bem a idéia de "Revolução Permanente" como os franceses. Ninguém gosta de sair às ruas, xingar o governo e quebrar vidraças como os franceses. Eles é que são espertos. Ao contrário dos brasileiros, que só sabem lamentar, vão à luta: incendeiam carros, atacam a polícia, organizam passeatas que reúnem milhões. Para quê ninguém sabe ao certo. Nem interessa. Querem mesmo é badernar. Um carnaval de arruaceiros.

Desde que uns pensadores resolveram transformar cidadãos em milícias a revolução - qualquer uma - passou a ser o esporte nacional francês. Assim como no Brasil é comprar deputado. Revolução Francesa, Revoluções de 1848, Comunas de Paris, Revolução de Julho... A França já teve 20 Constituições desde a primeira, preparada sob o canto glorioso dos libertos da Bastilha. Essa, aliás, até hoje é lembrada pelos francos. Dizem as más línguas que é porque foi a única vez que os franceses tiveram uma vitória militar. As piores dizem que foi porque lutaram contra os franceses.

Mas a Revolução Francesa perdeu lugar. Desde Maio de 1968, quando os canhotos quiseram criar sua própria revolução (essa, segundo diziam, daria certo), os franceses não se preocupam em revolucionar, mas em repetir as revoluções. São bem menos criativos. Ao invés de reivindicar um futuro, querem repisar um passado. Belos liberais esses. Mas não os culpemos. Como acabaram as idéias que nos conduziriam ao Nirvana, é melhor apresentar uma nova versão do passado do que deixar que percebamos que seu projeto faliu. Não passa de instinto de sobrevivência.

A moda agora é se rebelar contra o Contrat Première Embauche (CPE) ou Contrato de Primeiro Emprego, um projeto de lei que permite que ao final de 2 anos funcionários com menos de 26 anos possam ser demitidos sem justa causa. Uma medida que almeja pôr fim a uma taxa de desemprego de 27% dos jovens e que deve chegar a 40% logo, logo.

Quem reclamou? Os mesmos: universitários, "pensadores", sindicalistas, partidos de esquerda. E ao que tudo indica, aprenderam a lição depois de perdida a guerra. O modelo Pétain de negociar está por fora: agora eles partem para o tudo ou nada. Aliás, perdoem-me. Justiça seja feita: a esquerda nunca gostou de negociar. Não admite que questionem suas cabeças premiadas.

Alckmin é uma besta | Alexandre Soares Silva

Claro que é. E vou votar nessa besta. Não tem problema, sempre votei em bestas – em Collor e Fernando Henrique e assim por diante.

Votar, por definição, é votar numa besta. Quem diabos vota feliz, vota empolgado? Voto em qualquer um para evitar Lula, de qualquer modo.

Me mandam denúncias contra o PSDB. Acredito em todas, e se não me mandassem nenhuma já tinha imaginado coisas piores de qualquer maneira. Mas que tenho eu com o PSDB? Que tenho eu com qualquer partido?

Eu estranho que existam pessoas que defendam qualquer partido. É mais ou menos como ir num bingo; não acho socialmente aceitável. Olha a cara dos deputados. Olha os ternos.

Escuta, não sei nos outros países, mas no Brasil os políticos todos têm mais ou menos o mesmo nível intelectual e social dos motoristas que vejo fumando na garagem quando vou levar minha cachorra pra passear. Até nos nomes: Ademar, Jair. Sou esnobe demais para gostar dessas coisas e acho que elevadores de serviço foram criados justamente para gente como Gabriel Chalita, o suposto possível Ministro da blá-blá-blá (me entediei antes de terminar a frase).

Vou votar no PSDB, mas não tenho dúvida que os dois partidos são feitos de gente burra, e que os dois são feitos de gente corrupta, e que os dois são feitos de gente socialmente inaceitável – você olha para a cara desses candidatos e sabe que são o tipo de gente que pede licença antes de entrar em casa e chamam pessoas sem diploma de médico de “Doutor”.

Mas o PSDB tem esta vantagem em relação ao PT: são burros demais para ter uma ideologia. São menos perigosos, porque são intelectualmente vazios demais para conseguir defender uma teoria que seja. O PT é mais perigoso. Por causa da ideologia, jornalistas e escritores e blogueiros e cantores de MPB e atrizes (nessa ordem descrescente de nível intelectual) não têm vergonha de defender o PT contra cada acusação de corrupção, abuso de poder e idiotice. Não existe a mesma coisa do lado do PSDB, cuja única vantagem é que ninguém que não seja diretamente envolvido com ele é fanático por ele. O que o PSDB defende? Coisa alguma, que é exatamente o que qualquer partido no mundo deveria defender.

Quero que Alckmin ganhe, mais ou menos, mas se ele ganhar vou passar quatro anos concordando com todas as acusações contra ele, e me aliando (nem que seja em pensamento) a todos que fizerem oposição a ele - até mesmo Clóvis Rossi, Chico Buarque, Marilena Chauí, essa gente toda que eu não deixaria subir pelo elevador social. Mas o tempo todo vou lembrar que essa gente só é oposição quando lhes convém. São oposição esporadicamente, dia sim, dia não, quando não chove, etc. São gente que defende governos, credo. São gente que se alia a partidos.

Eu achava que as pessoas que vieram do Pasquim, que escreviam contra a ditadura e faziam música de gente fanha contra a ditadura, que lutaram no Araguaia ou que imaginaram que lutaram no Araguaia num delirium tremens enquanto bebiam no Antonio´s, e que durante tantos anos falaram da Beleza e da Nobreza de ser Oposição, eram honestos quando falavam isso e que iam ser oposição para sempre. Mas pouco antes de Lula entrar já eram governistas, cheios de “veja bem” e “por outro lado”. Estão defendendo o governo até agora, não têm a menor vergonha. Toda aquela história de “hay gobierno? soy contra” e “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”, era complete bullshit.

De qualquer modo é engraçado ver o partido que sempre se disse moralmente melhor do que todos os outros gritando que os outros são tão ruins quanto ele.

Eu me sentiria diferente, claro, se estivéssemos numa monarquia. Nesse caso ficaria todo emocionado vendo o retrato do Rei, juraria lealdade eterna, essas coisas. Choraria discretamente no casamento dele e carregaria uma imagenzinha do casal real numa correntinha junto do peito.

Seria bacana.

Se um filho meu dissesse alguma coisa desrespeitosa ao Rei, lhe daria um tapão na nuca que o seu boné de hélice iria parar na tartine de limão três metros adiante. De verdade.

Mas eu não vou fazer isso por Alckmin, Jesus. E realmente tenho nojo de quem fez isso por Lula.


Fonte: Alexandre Soares Silva