Gilles Gomes de Araújo Ferreira

sábado, 3 de junho de 2006

Poucas Notas

Minas Gerais, 03 de junho de 2006

Não durou mais do que dois meses a retórica do Labour Party. No final de abril, quando foi descoberto que 1.023 prisioneiros estrangeiros tinham sido libertados sem serem deportados, como manda a lei, e que muitos deles reincidiram no crime, os trabalhistas substituiram o Ministro do Interior Mr. Charles Clarke pelo vice-Primeiro-Ministro Mr. John Reid. Mr. Reid assumiu dizendo que não seria leniente com o crime. O Primeiro-Ministro prometeu uma reforma no Ato de Direitos Humanos, enquanto os Tories prometeram aboli-lo.

Se os ilhéus lessem esse blogue saberiam que não se pode confiar na esquerda. E então não ficariam surpresos quando ontem, lendo a edição do The Times, soubessem que o Governo pretende libertar prisioneiros. Os ministros estão preocupados com uma possível superlotação no Serviço Penitenciário de Sua Majestade. Hoje há apenas, veja só!, 1.860 celas vagas. Onde está a Anistia Internacional que não vê uma coisa dessas?

A proposta é facilitar a libertação daqueles que foram condenados a penas menores que 12 meses de reclusão. A população carcerária da Inglaterra e do País de Gales - afinal de contas todos sabem que a Escócia e a Irlanda do Norte possuem organizações carcerárias diversas - é de 77.640 prisioneiros. A medida pode beneficiar 61.000 deles. Ou 91,2% deles. A diretora do Comitê de Reforma Prisional, Mrs. Juliet Lyon, acredita que a libertação supervisionada de presos aumenta a segurança pública.

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Esquerdista que se preze detesta a Rede Globo de Televisão. A emissora carioca, na ingênua cabecinha das eternas vítimas das conspirações mundiais, é o ópio do povo. Nasceu de um acordo suspeitíssimo com o grupo americano Time-Life, sustentou a ditadura militar, tentou impedir a posse do Brizola, manipulou o debate Lula x Collor...

Aliás, seria fascinante uma nova rodada de debates entre os srs. Fernando Collor de Melo e Luís Inácio da Silva.

Mas voltando à imprensa. Nem "O Capital", nem o "Manifesto Comunista", nem "As veias abertas da América Latina". A esquerda brasileira é alucinada com um documentário, "Muito além do Cidadão Kane", que trata da TV Globo e principalmente de seu criador, o sr. Roberto Marinho. Eu já vi. É de uma parcialidade cristalina. Explica-se: foi produzido pela BBC. O vídeo é proibido no Brasil, o que o torna "subversivo". E assim é muito mais excitante. A nossa atual banda vermelha tem saudades da ditadura. Era tão romântico...

Na quarta-feira uma ex-cozinheira de João Arcanjo Ribeiro, o Comendador, prestou depoimento à CPMI dos Bingos. Disse ter visto dirigentes petistas carregando malas de dinheiro e tramando a execução do prefeito de Santo André sr. Celso Daniel. A "mídia burguesa" fingiu que não viu. Assim como no depoimento de Francenildo Costa, o caseiro que desmentiu o sr. ex-ministro Antonio Palocci, neste a TV Globo não exibiu imagens da ex-cozinheira. Um âncora frio e impessoal proferiu um relatório, dando-se ao trabalho de desmerecer cada palavra da pobre com um bordão, "sem apresentar prova alguma", repetido a cada 8 palavras.

Por prova certamente a empresa entende por uma declaração assinada pelos srs. Antonio Palocci Filho e José Dirceu de Oliveira, com firma reconhecida, registrada em cartório. Aprendam com ela: não saiam de casa sem um aparato digno de um paparazzi. Caso presencie um assassinaro, será a única maneira de convencê-los de seu testemunho. A não ser, claro, que você faça parte da trindade sagrada (esquerdista, sindicalista, ambientalista) ou acuse qualquer um dos cavaleiros do apocalipse (eu e você, os responsáveis pelos males do mundo).

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Em tempo: no dia 27 de abril o Comendador João Arcanjo Ribeiro concedeu uma entrevista à TV Centro América, afiliada da TV Globo no Mato Grosso. Preferiu abrir o jogo para a imprensa antes de ser ouvido na CPMI dos Bingos. Contou detalhes bombásticos de sua relação com políticos. A entrevista deveria ter sido exibida no Fantástico no domingo 30 de abril.

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O sr. Presidente da República Islâmica do Irã Mahmoud Ahmadinejad tornou-se o novo queridinho dos neonazistas. Há uma teoria, pregada inclusive por Dario, o Grande, que diz serem os iranianos, ou persas, descendentes diretos dos arianos. Dr. Hjalmar Schacht, que foi ministro da Alemanha Nazista entre 1935 e 1937 acreditava nisso. Ele ajudou a formar uma aliança entre seu país e o então Reino da Pérsia, que a pedido do xá passou a ser conhecido como Irã, que no idioma farsi significa "terra dos arianos". Ahmadinejad já negou o Holocausto e pediu para que Israel seja "riscado do mapa". Também persegue a minoria judaica iraniana.

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