Gilles Gomes de Araújo Ferreira

sábado, 10 de junho de 2006

Aniversário do Príncipe Philip, Duque de Edimburgo

Não deve ser muito confortável ser casado com a mulher mais poderosa do mundo. Todavia, ele consegue desempenhar com maestria o papel de consorte de Elizabeth II, com quem é casado há 58 anos. O que não o impede de ser chamado, às vezes, de maneira não muito decorosa, de "o grego".

O Príncipe Philip nasceu aos 10 dias do mês de junho no seio da dinastia Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glüksburg, de onde também vieram a Rainha Margrethe II da Dinamarca e a Rainha Sofia de Espanha. Filho do Príncipe e da Princesa Andrew da Grécia e Dinamarca, teve como avós paternos o Rei George I e a Rainha Olga, da Grécia, e como avós maternos os Marqueses de Milford Haven. Era ainda sobrinho da Rainha Louise da Suécia.

Foi batizado poucos dias depois na Igreja de St. George, na ilha de Corfu, na Grécia. A família permaneceu na ilha ainda por 18 meses. O país balcânico passava por períodos tensos, e esperava-se a queda da monarquia em pouco tempo. Em 22 de setembro o Rei Constantino I foi forçado a abdicar. Uma corte revolucionária sentenciou o Príncipe Andrew à morte. A família foi salva pelo Rei George V da Inglaterra, que ordenou o resgate da família pela Royal Navy.

Mudaram, então, para Paris. No exílio, o casamento do Príncipe e da Princesa Andrew começou a ruir. O Príncipe tornou-se um ébrio e um jogador compulsivo. A Princesa perdeu a estabilidade mental e foi internada. Recuperada, tornou-se religiosa. Não foram presentes na vida dos filhos.

A educação de Philip começou numa escola americana em Saint-Cloud. Sua avó, a Marquesa de Milford Haven, no entanto, advertiu a filha para que ele fosse educado na Inglaterra. Foi então estudar na escola Cheam. Aos doze anos se mudou para a Alemanha estudar na Schule Schloss Salem. A escola era administrada por Kurt Hahn, a princípio um defensor e posteriormente um dos maiores críticos do nazismo. Quando Hitler ascendeu ao poder, em 1933, Hahn, que era judeu, fugiu para a Escócia, onde fundou Gordonstoun. O Príncipe também saiu da Alemanha, em 1936 para a Escócia, para Gordonstoun. Ali foi o capitão das equipes de hóquei e críquete. Suas lembranças da escola são tão positivas que colocou seus três filhos para ali estudarem.

Em 1939 começou a carreira militar na Britannia Royal Navy College. No primeiro ano, recebeu o prestigioso King's Dirk e o prêmio por melhor cadete iniciante. Com o início da Segunda Guerra, partiu para patrulhar o Oceano Índico e recrutar tropas na Austrália. Em 1941 foi deslocado para o Egito, onde ajudou a afundar dois cruzadores italianos. Atuou também na invasão da Sicília e estava presente na rendição do Japão.

Em 20 de novembro de 1947 casou-se com a herdeira do trono britânico, a Princesa Elizabeth, na Abadia de Westminster. Antes do casamento, o Príncipe se converteu ao anglicanismo, renunciou aos seus títulos reais de nascimento e se tornou um cidadão britânico. A partir de então adotou o nome Mountbatten. Na véspera do casamento o Rei George V concedeu-lhe os títulos de Duque de Edimburgo, Conde de Merioneth e Barão de Greenwich. Suas três irmãs foram proibidas de assistir à cerimônia, uma vez que se casaram com nobres alemães vinculados ao nazismo.

Após o casamento se fixaram na Clarence House. Retornou à marinha e estabeleceu-se com a Princesa em Malta. Em Janeiro de 1952 partiram para uma série de visitas a países-membros da Commonwealth. Quando estavam no Quênia receberam a notícia de que o Rei George V havia falecido. A Princesa era agora Rainha Elizabeth.

O Príncipe sabia que sua carreira na marinha estava encerrada e que não havia papel constitucional para o marido da Rainha. Em compensação, Sua Majestade permitiu que ele conduzisse a educação dos filhos e suas futuras carreiras. Quando a Rainha avisou o Primeiro-Ministro Sir Winston Churchill de que a Casa Real continuaria a se chamar Casa de Windsor o Príncipe murmurou que havia se transformado "numa ameba".

Em 1953 tornou-se o comandante das Forças Armadas do Reino Unido. Desde o casamento têm apoiado a Rainha em suas funções reais. Viajam juntos ao exterior e juntos recebem homenagens.

O Príncipe é ainda patrono de diversas organizações. Em 1956 criou o Prêmio Duque de Edimburgo, a fim de oferecer aos jovens "um senso de responsabilidade para com eles mesmos e para com a comunidade". Presidiu a World Wide Fund for Nature, a WWF. Quando em 2002 a Rainha celebrou o Jubileu de Ouro o Príncipe foi comendado pela Câmara dos Comuns. É ainda reitor da Universidade de Cambridge e da Universidade de Edimburgo.

No início do casamento o Príncipe Philip era bem visto pelos ingleses. Com o passar do tempo, no entanto, seus súditos se tornaram mais críticos e passaram a analisar sua conduta por um ângulo mais ácido, principalmente após a morte de Lady Diana. Outros gostam de lembrar seu humor, digamos, áspero e politicamente incorreto.

Por exemplo, quando disse que as mulheres inglesas não sabiam cozinhar. Ou quando recebeu estudantes ingleses em Papua Nova Guiné e perguntou-lhes o que tinham feito para não serem comidos. Ou quando recebeu presentes de uma queniana e perguntou-lhe se ela era mesmo uma mulher. Ou quando disse ao Presidente da Nigéria, vestido em trajes tradicionais, que ele parecia estar usando um pijama. Ou quando se referiu aos soviéticos como os "bastardos que "mataram metade de sua família. Ou mesmo quando dirigiu palavras não publicáveis a um manobrista que não o reconheceu.

A maioria dos ingleses também questiona seriamente sua fidelidade conjugal. A primeira denúncia - e o primeiro escândalo - ocorreu em 1957. A Respeitável Biógrafa Real Sarah Bradford, ela mesma, acredita que Sua Alteza tenha cometido adultério.

Seu biógrafo, no entanto, desmente os rumores. Os próprios tablóides admitem que não conseguem nenhuma evidência que prove a acusação, preferindo, portanto, acreditar na lealdade do Príncipe para com a Rainha.

Príncipe Philip é ainda um deus para a tribo Yaohnanen, do Pacífico Sul.

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