Gilles Gomes de Araújo Ferreira

domingo, 8 de abril de 2007

A defesa dos eternos valores critãos

A ignorância é problema que mais aflige a cristandade atualmente: nações até há pouco cristãs perderam toda a noção de fé, e com ela, uma parte fundamental de suas culturas.

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Ao contrário da idéia, ulteriormente construída, a Inquisição era bem mais misericordiosa do que os tribunais civis: na França, em 200 anos, usou-se da tortura em apenas três ocasiões. Suas cortes foram as primeiras de toda a Europa a garantir uma equipe de advogados de defesa para o acusado. Outra grande ficção é a das Cruzadas: não um proto-colonialismo, mas o último recurso às armas após séculos de provocações e de cruéis atrocidades cometidas por muçulmanos contra indefesos peregrinos cristãos ansiosos por visitar a Terra Santa.

E há também a suposta hostilidade do Cristianismo aos avanços científicos. O mito populista ignora o fato de que tanto Copérnico quanto Galileu desfrutaram de generosos patrocínios vindos de clérigos, que a oposição a Galileu foi provocada por seu fracasso em fornecer provas adequadas para comprovar a teoria de Copérnico (Francis Bacon também acreditava que a teoria era falsa) e pela necessidade de estudar seu impacto na interpretação de escrituras antes de se pronunciar publicamente. Mesmo a eventual condenação de Galileu foi apenas temporária ('donec corrigatur': até que seja corrigido) e foi permitido a cientistas ler os trabalhos que eram proibidos ao grande público.

Como a maioria das teorias científicas está constantemente evoluindo, tal precaução era necessária. Ela torna favorável a comparação com a ciência-glutã de hoje, quando embriões humanos são destruídos na busca de supostas curas médicas que podem ser desenvolvidas com mais eficiência por um método não-controverso de pesquisas com células-tronco adultas. Na semana passada, o Comitê de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Comuns contestou a proibição do governo à derradeira obscenidade, a criação de "quimeras", ou a infusão de DNA de animais em embriões humanos.


Numa época em que a mídia está preocupada com os males passados do escravagismo, não falta quem defenda a idéia de que um ser humano possa ser canibalizado para fornecer partes avulsas ou medicamentos para outros indivíduos. Os critãos têm que fazer com que suas vozes sejam ouvidas neste e em outros assuntos que degradam a humanidade, quando parecemos retroceder a uma versão high-tech das sociedades pagãs que precederam o cristianismo. Hoje, enquanto celebramos a glorificação do corpo humano ascendendo vitorioso sobre a morte, os cristãos deveriam se dedicar à proclamação confiante de seus valores eternos.


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Gerald Warner no Scotland on Sunday.

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