Em um post escrito pelo meu colega dos Blogs Coligados Eduardo Levy, há uma especulação sobre como a independente BBC se comportaria para noticiar hoje a Segunda Guerra Mundial:
A análise de Levy não é só inteligente, como pode firmar-se na História. Sir Winston Churchill derrubou o monopólio que a televisão pública gozava no Reino Unido em 1954. Era uma retaliação à cobertura que a British Broadcasting Corporation desenvolveu durante a Guerra. Dizia o Primeiro-Ministro que a emissora era comandada por "comunistas".
Não pode-se dizer que as coisas não mudaram no jornalismo estatal. Elas mudaram. A empresa jogou às favas o pudor de ao menos simular neutralidade e ficou mais ousada. Se em 1952 os diretores desrespeitaram uma norma da Casa Real e exibiram um close da recém coroada Rainha Elizabeth II, em 2002 um memorando foi distribuído ameaçando de demissão aqueles que não assumissem um caráter crítico perante a monarquia.
Quem visitasse o portal na internet ontem veria, na página inicial, uma chamada para uma matéria intitulada "Se o Papa é infalível, como ele pode estar errado?". Não acredito que ele esteja, mas vale a pena notar como os liberais estão lidando com a situação.
Para o conservador jornalista Peter Hitchens eles olham a religião "do lado de fora, como uma peculiaridade sociológica de que nós, racionais, modernos, não sofremos". As igrejas só interessam quando o assunto for a ordenação de mulheres ou sacerdotes pedófilos. Sam Harris, o último a decretar o fim das religiões, lamenta ter que aliar-se à "direita cristã demagógica", uma vez que os liberais, admite, não entendem o perigo do extremismo muçulmano.
Os multiculturalistas acusam a direita conservadora de preconceito contra os muçulmanos. Daí, colocam a religião como empecilho para a completa união dos povos. E dá-lhe José Saramago, Karl Marx e Bertrand Russell. Nota-se, no entanto, que os únicos denunciados são os radicais cristãos que se negam a ter um olhar benevolente sobre a religião "de paz".
A esquerda está tão determinada a desconstruir a civilização ocidental e suas características fundamentais - a liberdade, a racionalidade, a cristandade - que alia-se a qualquer um que queira também fazâ-lo, sejam comunistas, sejam islamitas. E para tanto, vale até retroceder 800 anos para fazer as Cruzadas justificarem o terrorismo.
Se no passado Jean-Paul Sartre pedia aos comunistas franceses que mentissem sobre os crimes soviéticos para não desmotivar os revolucionários, agora são esses liberais que suavizam as deformidades de alguns dos seguidores do profeta. Por sorte, há sempre ultraconservadores como Robert Spencer e Daniel Pipes para nos lembrar que Dubai permite o jogo e a prostituição ao mesmo tempo que proíbe a entrada dos judeus. E que em alguns países os infiéis são proibidos de tocar comidas expostas nos mercados, uma vez que nenhum crente as compraria depois disso. E que judeus e armênios, em alguns lugares, são proibidos de sair de casa nos dias de chuva, porque há um receio de que um respingo de água saído dos seus pés possa contaminar os passantes.
A bíblia da esquerda moderna e bem informada, o The New York Times, criticou as palavras do Sumo Pontífice. Ontem, o rival conservador The Wall Street Journal publicou editorial denominando o Papa "Bento, o Bravo" por "dizer coisas que os muçulmanos precisam ouvir sobre fé e razão". A cristandade e a razão, lembrou o Bispo de Roma no famigerado discuso, são inseparáveis. E além de Manuel II Paleologus, Sua Santidade leu o Evangelho de João:
O Patriarca do Ocidente está certo ao dizer que para o diálogo entre culturas é necessário que todos rejeitem a irracionalidade e a violência religiosa. "É em nome dessa lógica e dessa razão que convidamos nossos colegas para o diálogo de culturas".
No post anteior citei o caso do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, que falou de caça às bruxas, nazismo e guerras cristãs para condenar o Papa, e depois admitiu não ter lido o pronunciamento. Da mesma forma, o Ayatollah Khomeini não leu os Versos Satânicos de Salman Rushdie. Isso, no entanto, não o impediu de condená-lo à morte, uma sentença que atingiu também um tradutor japonês. Os muçulmanos também não viram as caricaturas de Maomé, mas nem por isso deixaram de declarar guerra ao Ocidente.
Mohammed Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, disse que não aceita as desculpas papais. Disse ainda que se o Papa deveria se converter ao islamismo. Como pregou o guerreiro com uma espada da mão.
Kyrie Eleison.
Se a Segunda Guerra acontecesse hoje, a BBC faria um News Extra mostrando os pobrezinhos dos alemães vítimas do monstro horrendo Churchill. Em Hard Talk, entrevistar-se-ia alguém do governo inglês que o entrevistador, naturalmete, faria parecer um pérfido genocida de pobres nazistinhas indefesos atacados com "reação desproporcional". Far-se-ia um Peacemakers, juntando trinta especialistas mundiais, presidentes de ONGs, jornalistas, com o objetivo de meter o pau em Churchill e pedir que parasse com aquela matança na Alemanha.
A análise de Levy não é só inteligente, como pode firmar-se na História. Sir Winston Churchill derrubou o monopólio que a televisão pública gozava no Reino Unido em 1954. Era uma retaliação à cobertura que a British Broadcasting Corporation desenvolveu durante a Guerra. Dizia o Primeiro-Ministro que a emissora era comandada por "comunistas".
Não pode-se dizer que as coisas não mudaram no jornalismo estatal. Elas mudaram. A empresa jogou às favas o pudor de ao menos simular neutralidade e ficou mais ousada. Se em 1952 os diretores desrespeitaram uma norma da Casa Real e exibiram um close da recém coroada Rainha Elizabeth II, em 2002 um memorando foi distribuído ameaçando de demissão aqueles que não assumissem um caráter crítico perante a monarquia.
Quem visitasse o portal na internet ontem veria, na página inicial, uma chamada para uma matéria intitulada "Se o Papa é infalível, como ele pode estar errado?". Não acredito que ele esteja, mas vale a pena notar como os liberais estão lidando com a situação.
Para o conservador jornalista Peter Hitchens eles olham a religião "do lado de fora, como uma peculiaridade sociológica de que nós, racionais, modernos, não sofremos". As igrejas só interessam quando o assunto for a ordenação de mulheres ou sacerdotes pedófilos. Sam Harris, o último a decretar o fim das religiões, lamenta ter que aliar-se à "direita cristã demagógica", uma vez que os liberais, admite, não entendem o perigo do extremismo muçulmano.
Os multiculturalistas acusam a direita conservadora de preconceito contra os muçulmanos. Daí, colocam a religião como empecilho para a completa união dos povos. E dá-lhe José Saramago, Karl Marx e Bertrand Russell. Nota-se, no entanto, que os únicos denunciados são os radicais cristãos que se negam a ter um olhar benevolente sobre a religião "de paz".
A esquerda está tão determinada a desconstruir a civilização ocidental e suas características fundamentais - a liberdade, a racionalidade, a cristandade - que alia-se a qualquer um que queira também fazâ-lo, sejam comunistas, sejam islamitas. E para tanto, vale até retroceder 800 anos para fazer as Cruzadas justificarem o terrorismo.
Se no passado Jean-Paul Sartre pedia aos comunistas franceses que mentissem sobre os crimes soviéticos para não desmotivar os revolucionários, agora são esses liberais que suavizam as deformidades de alguns dos seguidores do profeta. Por sorte, há sempre ultraconservadores como Robert Spencer e Daniel Pipes para nos lembrar que Dubai permite o jogo e a prostituição ao mesmo tempo que proíbe a entrada dos judeus. E que em alguns países os infiéis são proibidos de tocar comidas expostas nos mercados, uma vez que nenhum crente as compraria depois disso. E que judeus e armênios, em alguns lugares, são proibidos de sair de casa nos dias de chuva, porque há um receio de que um respingo de água saído dos seus pés possa contaminar os passantes.
A bíblia da esquerda moderna e bem informada, o The New York Times, criticou as palavras do Sumo Pontífice. Ontem, o rival conservador The Wall Street Journal publicou editorial denominando o Papa "Bento, o Bravo" por "dizer coisas que os muçulmanos precisam ouvir sobre fé e razão". A cristandade e a razão, lembrou o Bispo de Roma no famigerado discuso, são inseparáveis. E além de Manuel II Paleologus, Sua Santidade leu o Evangelho de João:
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um]deus. - João 1:1
O Patriarca do Ocidente está certo ao dizer que para o diálogo entre culturas é necessário que todos rejeitem a irracionalidade e a violência religiosa. "É em nome dessa lógica e dessa razão que convidamos nossos colegas para o diálogo de culturas".
No post anteior citei o caso do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, que falou de caça às bruxas, nazismo e guerras cristãs para condenar o Papa, e depois admitiu não ter lido o pronunciamento. Da mesma forma, o Ayatollah Khomeini não leu os Versos Satânicos de Salman Rushdie. Isso, no entanto, não o impediu de condená-lo à morte, uma sentença que atingiu também um tradutor japonês. Os muçulmanos também não viram as caricaturas de Maomé, mas nem por isso deixaram de declarar guerra ao Ocidente.
Mohammed Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, disse que não aceita as desculpas papais. Disse ainda que se o Papa deveria se converter ao islamismo. Como pregou o guerreiro com uma espada da mão.
Kyrie Eleison.
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