Eu cantava sobre a liberdade com o 'coração iluminado' e sentia-me livre ao fazê-lo; livre da opressão do pai que eu temia, livre dos constrangimentos dos métodos antiquados de se educarem filhas, livre da opressão de obter boas notas de professores 'politicamente suspeitos', livre da imposição de ter que pensar sobre as pessoas com diferentes opiniões políticas.
Renate Finckh, no testemunho acima, refere-se ao período em que atuou como líder da Bund Deutscher Mädchen - a Liga das Moças Alemãs. A BDM, uma organização paramilitar, tinha por função a preservação do futuro Nacional Socialista. Para tanto, o Reich trabalhou para substituir a "opressão do pai" pela devoção ao Führer.
Anos mais tarde outro ditador, ainda mais desequilibrado que Adolf H

O Presidente Luiz Inácio militou no socialismo. O Primeiro-Ministro Anthony Blair também. E assim como em relação a Hitler, as semelhanças não terminam aí. Tanto o Sr. Lula quanto Mr Blair adotaram, uma vez eleitos, a famigerada "terceira via". Ambos têm problemas com as alas mais à esquerda de seus partidos. Ambos lidam com oposições sem importância. Ambos são vassalos de algum líder estrangeiro.
A analogia que nos interessa, no entanto, é o pendor autoritário que os dois trouxeram dos tempos marxistas. Luiz Inácio é governa um País à base de Medidas Provisórias e demonstra desprezo pela democracia. Anthony Blair é um presidencialista em um Parlamento, acusado de enfraquecer as instituições democráticas britânicas. O Sr. Lula tentou - e tentará - limitar a imprensa. Mr Blair intentou controlar a BBC.
Assim como os ditadores acima, o Presidente também enxerga utilidades nas crianças. Há algumas semanas, na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, muitos foram os infantes que subiram no palco para pedir votos para o Papai Urso. Aqui, no entanto, o que chama nossa atenção é o Projeto de Lei 2654/2003, da petista Maria do Rosário, defensora de José Dirceu, que proíbe qualquer castigo físico contra crianças e adolescentes.
A Deputada tem naturalmente a melhor das intenções. Do contrário, não estaria na esquerda. É saudável que não nos esqueçamos, no entanto, que as cotas raciais, o desarmamento e o comunismo também foram pensados à luz das boas intenções. Manda o bom senso desconfiar.
Por quase dez anos os trabalhistas foram absolutos na política inglesa, e nesse período fizeram a maior reforma constitucional da História daquele país. Dos sindicatos à Câmara dos Lordes, não houve instituição que não fosse reformulada - ou extinta - pela ânsia reformadora da esquerda disposta a mudar o mundo.

No Reino Unido desde 1998 as escolas estão proibidas de punir fisicamente os seus pupilos. Em 2004 a Câmara dos Comuns rejeitou uma medida semelhante à brasileira. Um decadente Mr Blair preferiu não insistir na medida e afrontar uma maioria entre 80% e 90% dos eleitores que apóiam as palmadas na educação das crianças. Isso não significa que o Novo Trabalhismo abandonou o campo pedagógico.
A esquerda britânica quer eliminar a criminalidade. É a mesma esquerda responsabilizada por fazer aumentar ano a ano a criminalidade. E que liberta prisioneiros mesmo com milhares de vagas nas cadeias.
A esquerda, como se vê, não acredita em remediar. Prefere prevenir. E não admitem que o remédio de uns é a vacina de outros. No caso dos ilhéus, prevenção significou proibição do porte de armas de fogo. Um aumento de 50% na criminalidade em um ano mostra que não foi uma boa medida. Isso não impediu, no entanto, que outros princípios fossem executados.
O último desses princípios foi apresentado pelo próprio Anthony Blair no fim de agosto deste ano, e trata das pessoas com atitudes anti-sociais. O Estado deve, na concepção dos illuminati, moderar o comportamento dessas pessoas, e por menos crível que possa parecer, em alguns casos a intervenção deve ocorrer antes que essas pessoas nasçam.
Os trabalhistas apóiam-se na psicologia, mais especificamente, no Behaviorismo, que advoga que a "conduta dos indivíduos é observável, mensurável e controlável similarmente aos fatos e eventos nas ciências naturais e nas exatas". Ora, se o homem é fruto do meio, um novo meio criará um novo homem. Assim falou Ernesto Guevara.
E como fazer? Recentemente o Governo inglês imprimiu cartilhas destinadas aos jovens casais, com recomendações que vão desde a escolha da aliança de casamento à maneira como o marido deve conversar com a esposa. Caso o ambiente familiar seja considerado perigoso ao nascituro, os pais podem perder a guarda daquele que ainda está por nascer. Condenados por antecipação.

No caso inglês, como no caso brasileiro, o que se observa é a tentativa de extinção da autoridade familiar e sua substituição pela autoridade estatal. É o Estado invadindo o "asilo inviolável do indivíduo", nas palavras da Constituição da República, e dizendo aos pais como educar seus filhos.
O líder da Câmara dos Comuns Jack Straw, ex-Secretário de Exterior de Mr Blair, observou em discurso que a cultura parental deve ser modificada a fim de que a aceitação da intervenção do governo nessa esfera seja vista como uma atitude de pais "responsáveis".
A Deputada Maria do Rosário, na defesa de seu projeto, também acredita que a relação familiar deva ser alterada. A permissão para que os pais recorram às palmadas é para a nobre parlamentar, uma manifestação do pensamento de que os pais são donos dos filhos.
Não são donos, são responsáveis por eles. E a educação dos filhos não é só a principal função dos pais, como eles são os maiores interessados nela. A integridade da criança, diz o Código Civil, é função da família.
Frank Furedi, na revista liberal on-line inglesa Sp!ked observa que o poder estatal foi além da intervenção social, passando para a intervenção individual. O Labour Party, afirma, atua como se quisesse "salvar" as crianças de seus pais. E pergunta "quanto tempo até que os britânicos precisem de uma licensa para ser pais?".
Kyrie eleison.
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