Gilles Gomes de Araújo Ferreira
sábado, 30 de setembro de 2006
sexta-feira, 29 de setembro de 2006
Mamãe eu quero!
Eu cantava sobre a liberdade com o 'coração iluminado' e sentia-me livre ao fazê-lo; livre da opressão do pai que eu temia, livre dos constrangimentos dos métodos antiquados de se educarem filhas, livre da opressão de obter boas notas de professores 'politicamente suspeitos', livre da imposição de ter que pensar sobre as pessoas com diferentes opiniões políticas.
Renate Finckh, no testemunho acima, refere-se ao período em que atuou como líder da Bund Deutscher Mädchen - a Liga das Moças Alemãs. A BDM, uma organização paramilitar, tinha por função a preservação do futuro Nacional Socialista. Para tanto, o Reich trabalhou para substituir a "opressão do pai" pela devoção ao Führer.
Anos mais tarde outro ditador, ainda mais desequilibrado que Adolf Hitler, também haveria de preocupar-se com as crianças. Para Saloth Sar, vulgo Pol Pot, essa era uma questão tão importante que o Irmão Número 1 declarou-se o verdadeiro pai de todas as crianças cambojanas. A unidade familiar foi considerada burguesa, logo deveria ser eliminada. Os filhos eram separados dos pais e deixados aos cuidados de "avós", que ensinavam-lhes a lealdade ao partido. Anos depois seriam levados a campos de reeducação, onde aprendiam a matar, torturar e mutilar, requisitos básicos para um revolucionário comunista. As crianças também eram encorajadas a espionar e denunciar os adultos, por mais insignificante que fosse a infração.
O Presidente Luiz Inácio militou no socialismo. O Primeiro-Ministro Anthony Blair também. E assim como em relação a Hitler, as semelhanças não terminam aí. Tanto o Sr. Lula quanto Mr Blair adotaram, uma vez eleitos, a famigerada "terceira via". Ambos têm problemas com as alas mais à esquerda de seus partidos. Ambos lidam com oposições sem importância. Ambos são vassalos de algum líder estrangeiro.
A analogia que nos interessa, no entanto, é o pendor autoritário que os dois trouxeram dos tempos marxistas. Luiz Inácio é governa um País à base de Medidas Provisórias e demonstra desprezo pela democracia. Anthony Blair é um presidencialista em um Parlamento, acusado de enfraquecer as instituições democráticas britânicas. O Sr. Lula tentou - e tentará - limitar a imprensa. Mr Blair intentou controlar a BBC.
Assim como os ditadores acima, o Presidente também enxerga utilidades nas crianças. Há algumas semanas, na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, muitos foram os infantes que subiram no palco para pedir votos para o Papai Urso. Aqui, no entanto, o que chama nossa atenção é o Projeto de Lei 2654/2003, da petista Maria do Rosário, defensora de José Dirceu, que proíbe qualquer castigo físico contra crianças e adolescentes.
A Deputada tem naturalmente a melhor das intenções. Do contrário, não estaria na esquerda. É saudável que não nos esqueçamos, no entanto, que as cotas raciais, o desarmamento e o comunismo também foram pensados à luz das boas intenções. Manda o bom senso desconfiar.
Por quase dez anos os trabalhistas foram absolutos na política inglesa, e nesse período fizeram a maior reforma constitucional da História daquele país. Dos sindicatos à Câmara dos Lordes, não houve instituição que não fosse reformulada - ou extinta - pela ânsia reformadora da esquerda disposta a mudar o mundo.
No Reino Unido desde 1998 as escolas estão proibidas de punir fisicamente os seus pupilos. Em 2004 a Câmara dos Comuns rejeitou uma medida semelhante à brasileira. Um decadente Mr Blair preferiu não insistir na medida e afrontar uma maioria entre 80% e 90% dos eleitores que apóiam as palmadas na educação das crianças. Isso não significa que o Novo Trabalhismo abandonou o campo pedagógico.
A esquerda britânica quer eliminar a criminalidade. É a mesma esquerda responsabilizada por fazer aumentar ano a ano a criminalidade. E que liberta prisioneiros mesmo com milhares de vagas nas cadeias.
A esquerda, como se vê, não acredita em remediar. Prefere prevenir. E não admitem que o remédio de uns é a vacina de outros. No caso dos ilhéus, prevenção significou proibição do porte de armas de fogo. Um aumento de 50% na criminalidade em um ano mostra que não foi uma boa medida. Isso não impediu, no entanto, que outros princípios fossem executados.
O último desses princípios foi apresentado pelo próprio Anthony Blair no fim de agosto deste ano, e trata das pessoas com atitudes anti-sociais. O Estado deve, na concepção dos illuminati, moderar o comportamento dessas pessoas, e por menos crível que possa parecer, em alguns casos a intervenção deve ocorrer antes que essas pessoas nasçam.
Os trabalhistas apóiam-se na psicologia, mais especificamente, no Behaviorismo, que advoga que a "conduta dos indivíduos é observável, mensurável e controlável similarmente aos fatos e eventos nas ciências naturais e nas exatas". Ora, se o homem é fruto do meio, um novo meio criará um novo homem. Assim falou Ernesto Guevara.
E como fazer? Recentemente o Governo inglês imprimiu cartilhas destinadas aos jovens casais, com recomendações que vão desde a escolha da aliança de casamento à maneira como o marido deve conversar com a esposa. Caso o ambiente familiar seja considerado perigoso ao nascituro, os pais podem perder a guarda daquele que ainda está por nascer. Condenados por antecipação.
No caso inglês, como no caso brasileiro, o que se observa é a tentativa de extinção da autoridade familiar e sua substituição pela autoridade estatal. É o Estado invadindo o "asilo inviolável do indivíduo", nas palavras da Constituição da República, e dizendo aos pais como educar seus filhos.
O líder da Câmara dos Comuns Jack Straw, ex-Secretário de Exterior de Mr Blair, observou em discurso que a cultura parental deve ser modificada a fim de que a aceitação da intervenção do governo nessa esfera seja vista como uma atitude de pais "responsáveis".
A Deputada Maria do Rosário, na defesa de seu projeto, também acredita que a relação familiar deva ser alterada. A permissão para que os pais recorram às palmadas é para a nobre parlamentar, uma manifestação do pensamento de que os pais são donos dos filhos.
Não são donos, são responsáveis por eles. E a educação dos filhos não é só a principal função dos pais, como eles são os maiores interessados nela. A integridade da criança, diz o Código Civil, é função da família.
Frank Furedi, na revista liberal on-line inglesa Sp!ked observa que o poder estatal foi além da intervenção social, passando para a intervenção individual. O Labour Party, afirma, atua como se quisesse "salvar" as crianças de seus pais. E pergunta "quanto tempo até que os britânicos precisem de uma licensa para ser pais?".
Kyrie eleison.
terça-feira, 26 de setembro de 2006
segunda-feira, 25 de setembro de 2006
Mais um Borbón
A Casa del Rey anunciou agora há pouco que a Princesa de Astúrias, Doña Letizia, espera seu segundo filho para maio. O casal já tem uma filha, Doña Leonor, na foto ao lado. Os Reis de Espanha manifestaram "grande alegria" com a notícia.
Diz a mensagem oficial:
Diz a mensagem oficial:
Sus Altezas Reales los Príncipes de Asturias tienen la gran alegría de anunciar que esperan el nacimiento de su segundo hijo para principios del próximo mes de mayo. Sus Majestades los Reyes desean con este motivo sumarse a la gran alegría de este feliz anuncio.
sábado, 23 de setembro de 2006
Funeral de Maria Fiodorovna Romanov, Imperatriz da Rússia.
O corpo da Imperatriz Maria Fiodorovna Romanov, mãe do último Czar da Rússia, Nicolay II, deixou hoje a Dinamarca para iniciar uma viagem a bordo de um navio da Real Marinha Dinamarquesa em direção à Rússia. Em São Petersburgo ela finalmente descansará ao lado do marido, Alexander III.
Nascida Princesa Marie Sophie Frederikke Dagmar, filha do Rei da Dinamarca, irmã do Rei George I da Grécia e cunhada do Rei Edward VII do Reino Unido, mudou o nome quando se converteu à Igreja Ortodoxa Russa. Muito popular entre os súditos, recusou-se a abandonar a Rússia bolchevista, o que só fez em 1919 diante dos pedidos insistentes da irmã. A Czarina nunca aceitou o massacre ocorrido em 1918, que matou seu filho, sua nora e seus quatro netos.
Falecida em 1928, só agora volta ao país onde viveu por mais de cinqüenta anos. Uma cerimônia realizada hoje atraiu milhares de dinamarqueses e contou com a presença da Família Real Dinamarquesa, de representantes dos Governos Dinamarquês e Russo, de membros da Igreja Ortodoxa e descendentes dos Romanov. Seguindo um desejo expresso em seu testamento, a viagem começou ao som de uma canção de Hans Christian Andersen.
Nascida Princesa Marie Sophie Frederikke Dagmar, filha do Rei da Dinamarca, irmã do Rei George I da Grécia e cunhada do Rei Edward VII do Reino Unido, mudou o nome quando se converteu à Igreja Ortodoxa Russa. Muito popular entre os súditos, recusou-se a abandonar a Rússia bolchevista, o que só fez em 1919 diante dos pedidos insistentes da irmã. A Czarina nunca aceitou o massacre ocorrido em 1918, que matou seu filho, sua nora e seus quatro netos.
Falecida em 1928, só agora volta ao país onde viveu por mais de cinqüenta anos. Uma cerimônia realizada hoje atraiu milhares de dinamarqueses e contou com a presença da Família Real Dinamarquesa, de representantes dos Governos Dinamarquês e Russo, de membros da Igreja Ortodoxa e descendentes dos Romanov. Seguindo um desejo expresso em seu testamento, a viagem começou ao som de uma canção de Hans Christian Andersen.
sexta-feira, 22 de setembro de 2006
quinta-feira, 21 de setembro de 2006
Os trens de Mussolini.
John Lukács tinha 22 anos quando abandonou sua terra natal, a Hungria. Fugia do comunismo moscovita, que descia uma Cortina de Ferro sobre a Europa. Os Estados Unidos, a "maior democracia do mundo", pareciam o refúgio perfeito. Não eram. Na revista católica Commonweal criticava o populismo macartista, cuja paranóia anticomunista tornou vítimas Charlie Chaplin, Orson Welles e Albert Einstein.
Para Mr Lukács, a maior ameaça à democracia é o populismo - que para o historiador, é a essência do nazi-fascismo e do comunismo. Assumidamente um reacionário, acredita que o melhor governo é aquele exercido por uma elite esclarecida - preferencialmente católica. Mais abrangente que George Walden em The New Elites, defende que a decadência das elites aristocráticas e a ascensão das elites democráticas abre espaço para a demagogia. As democracias liberais são também populistas.
Todos os seus livros publicados no Brasil - Cinco Dias em Londres, Churchill, O Hitler da Históra, O Fim de uma Era - valem muito mais do que o pouco que custam. O Duelo, no entanto, destaca-se ao analisar os sistemas democrático e nazista pelo perfil de seus maiores expoentes àquela época, Sir Winston Churchill e Hr. Adolf Hitler:
A proposta seria repetida, anos mais tarde, por Diogo Mainardi, que comparou Luiz Inácio a Silvio Berlusconi. Desta vez, no entanto, seriam as semelhanças, e não as diferenças, que chamariam a atenção. "Populista, contraditório, orgulhoso da própria ignorância". Tal comparação, no entanto, parece hoje vazia. Ninguém mais se lembra de Berlusconi, assim como ninguém lembrará de Luiz Inácio um ano após o término do mandato. A intenção, no entanto, é propícia. De que maneira estariam alinhados o nazista, o petista, e o tradicionalista?
Não há como comparar Luiz Inácio e Winston Churchill. A única semelhança entre ambos é o fato de chegarem ao poder com o apoio dos trabalhadores. A experiência do poder, contudo, seria diferente para os dois.
Churchill chegou ao poder desacreditado. O Primeiro-Ministro anterior, Neville Chamberlain, caiu quando Hitler invadiu a Bélgica, confirmando o fracasso de sua "política de apaziguamento". O sucessor mais provável, o Visconde Halifax, estava impedido de ascender devido à sua condição de nobreza. Churchill seria uma solução temporária, até que os trabalhistas concordassem com os termos apresentados pelos conservadores para um governo de coalizão durante a Segunda Guerra.
Lula desde o princípio encarnou o personagem pensado pelos acadêmicos da USP: o operário que nos levaria à revolução libertadora. Operários de todo o mundo, uni-vos. Uma vez nessa condição, estabeleceu-se uma infalibilidade quase papal sobre sua conduta. Criticá-lo seria uma blasfêmia contra o semi-deus social.
Churchill chegou ao poder sem apoios. Os conservadores não gostavam dele. Os liberais não gostavam dele. Os trabalhistas não gostavam dele. O Times não gostava dele. O Rei George VI não simpatizava com seu estilo excêntrico e perguntava se era aquele o mais adequado para lidar com os alemães.
Luiz Inácio chegou amparado por quase 90% de aprovação. Os partidos, até mesmo a oposição social-democrata, aprovava seus projetos parlamentares. A imprensa submeteu-se a um servilismo constrangedor. Opôr-se ao Grande Timoneiro atraía olhares desconfiados e a alcunha de reacionários inimigos do povo.
Churchill emocionava pela força das palavras e pela escrita elegante e inteligente. Tornou-se um grande orador mesmo sendo fanho e tendo a língua presa. Lula é uma negação da gramática. Churchill fazia questão de ter todas as suas medidas aprovadas pelo Parlamento, mesmo quando não era necessário. Luiz Inácio vê no Parlamento um empecilho ao sucesso, e subtrai o Congresso a apêndice de seu Gabinete. Quando seus projetos não são sancionados, enxerga o golpe branco.
Churchill era um grande democrata. Lula despreza a democracia, esse luxo dos capitalistas burgueses. A verdadeira liberdade só é alcançada sob um Estado poderoso unificado. Sua infalibilidade sabe o que é melhor para cada um de nós.
E quanto à outra face? Escreve Lukács que Hr. Hitler acreditava que
Para o Führer, a história era o resultado de idéias. Do outro lado da linha, Luiz Inácio imagina ser capaz de revolucionar o capitalismo, unindo os pobres contra os ricos, com atrativos puramente ideológicos. Mais tarde, não podem mais que lamentar quando os aliados abandonam o grupo por razões, digamos, pouco filosóficas.
O petista é esquerda. O nazista foi. A estrela vermelha usa a astúcia para seduzir as massas. A cruz gamada o fez. Os trabalhadores transformaram o aparelho estatal uma continuação do partido, organismo ao qual todos devem jurar lealdade. Os nacional-socialistas primeiro. Em ambos, destruir-se-ia a democracia por dentro.
Hitler era e Lula é inteligente. Os dois, no entanto, nunca foram os cérebros das revoluções que seus partidos almejaram. É apropriado dizer que não eram mais do que fantoches carismáticos das eminências pardas, a saber, José Dirceu e Joseph Goebbels. São semelhantes ao encarnar personagens históricos. Hitler aludia a Frederico, o Grande. Lula se basta com Getúlio Vargas. Luiz Inácio acredita ter sido escolhido por Deus para comandar a marcha libertadora. Hitler não acreditava em Deus, mas também entendia ser predestinado.
Há uma diferença essencial, no entanto, que impede-nos de dizer que os dois são iguais. Não, não é porque Hitler sabia ler. O fato é que o Führer era um exemplo de disciplina e retidão. Não há registro de que sejam virtudes praticadas por Sua Excelência. Nisso ambos são tão diferentes quanto Olavo de Carvalho e Marilena Chauí.
O estilo fanfarrão, a extravagância, o autoritarismo, empurram Lula para perto de outro líder das massas, Benito Mussolini. Talvez seja essa uma comparação mais acertada. Além das semelhanças entre com o hitlerismo, o Lula e Mussolini compartilham o passado socialista e o analfabetismo.
No Governo Lula desenvolveu-se uma usurpação nunca antes vista na História do Brasil, as insituições enfraqueceram e a democracia rachou. A economia, no entanto, cresceu. Nos tempos de Mussolini houve perseguição e assassinatos. Mas os trens passaram a andar na hora.
Para Mr Lukács, a maior ameaça à democracia é o populismo - que para o historiador, é a essência do nazi-fascismo e do comunismo. Assumidamente um reacionário, acredita que o melhor governo é aquele exercido por uma elite esclarecida - preferencialmente católica. Mais abrangente que George Walden em The New Elites, defende que a decadência das elites aristocráticas e a ascensão das elites democráticas abre espaço para a demagogia. As democracias liberais são também populistas.
Todos os seus livros publicados no Brasil - Cinco Dias em Londres, Churchill, O Hitler da Históra, O Fim de uma Era - valem muito mais do que o pouco que custam. O Duelo, no entanto, destaca-se ao analisar os sistemas democrático e nazista pelo perfil de seus maiores expoentes àquela época, Sir Winston Churchill e Hr. Adolf Hitler:
O grande escritor sobre o orador das massas. O cosmopolita sobre o racista. O aristocrata democrata sobre o demagogo populista. O patriota sobre o nacionalista.
A proposta seria repetida, anos mais tarde, por Diogo Mainardi, que comparou Luiz Inácio a Silvio Berlusconi. Desta vez, no entanto, seriam as semelhanças, e não as diferenças, que chamariam a atenção. "Populista, contraditório, orgulhoso da própria ignorância". Tal comparação, no entanto, parece hoje vazia. Ninguém mais se lembra de Berlusconi, assim como ninguém lembrará de Luiz Inácio um ano após o término do mandato. A intenção, no entanto, é propícia. De que maneira estariam alinhados o nazista, o petista, e o tradicionalista?
Não há como comparar Luiz Inácio e Winston Churchill. A única semelhança entre ambos é o fato de chegarem ao poder com o apoio dos trabalhadores. A experiência do poder, contudo, seria diferente para os dois.
Churchill chegou ao poder desacreditado. O Primeiro-Ministro anterior, Neville Chamberlain, caiu quando Hitler invadiu a Bélgica, confirmando o fracasso de sua "política de apaziguamento". O sucessor mais provável, o Visconde Halifax, estava impedido de ascender devido à sua condição de nobreza. Churchill seria uma solução temporária, até que os trabalhistas concordassem com os termos apresentados pelos conservadores para um governo de coalizão durante a Segunda Guerra.
Lula desde o princípio encarnou o personagem pensado pelos acadêmicos da USP: o operário que nos levaria à revolução libertadora. Operários de todo o mundo, uni-vos. Uma vez nessa condição, estabeleceu-se uma infalibilidade quase papal sobre sua conduta. Criticá-lo seria uma blasfêmia contra o semi-deus social.
Churchill chegou ao poder sem apoios. Os conservadores não gostavam dele. Os liberais não gostavam dele. Os trabalhistas não gostavam dele. O Times não gostava dele. O Rei George VI não simpatizava com seu estilo excêntrico e perguntava se era aquele o mais adequado para lidar com os alemães.
Luiz Inácio chegou amparado por quase 90% de aprovação. Os partidos, até mesmo a oposição social-democrata, aprovava seus projetos parlamentares. A imprensa submeteu-se a um servilismo constrangedor. Opôr-se ao Grande Timoneiro atraía olhares desconfiados e a alcunha de reacionários inimigos do povo.
Churchill emocionava pela força das palavras e pela escrita elegante e inteligente. Tornou-se um grande orador mesmo sendo fanho e tendo a língua presa. Lula é uma negação da gramática. Churchill fazia questão de ter todas as suas medidas aprovadas pelo Parlamento, mesmo quando não era necessário. Luiz Inácio vê no Parlamento um empecilho ao sucesso, e subtrai o Congresso a apêndice de seu Gabinete. Quando seus projetos não são sancionados, enxerga o golpe branco.
Churchill era um grande democrata. Lula despreza a democracia, esse luxo dos capitalistas burgueses. A verdadeira liberdade só é alcançada sob um Estado poderoso unificado. Sua infalibilidade sabe o que é melhor para cada um de nós.
E quanto à outra face? Escreve Lukács que Hr. Hitler acreditava que
um soldado alemão valia dois ou três soldados poloneses ou franceses ... não só devido ao equipamento alemão, mas porque um soldado alemão do Terceiro Reich
encarnava uma ideologia nacional que era mais forte e melhor do que a ideologia dos inimigos.
Para o Führer, a história era o resultado de idéias. Do outro lado da linha, Luiz Inácio imagina ser capaz de revolucionar o capitalismo, unindo os pobres contra os ricos, com atrativos puramente ideológicos. Mais tarde, não podem mais que lamentar quando os aliados abandonam o grupo por razões, digamos, pouco filosóficas.
O petista é esquerda. O nazista foi. A estrela vermelha usa a astúcia para seduzir as massas. A cruz gamada o fez. Os trabalhadores transformaram o aparelho estatal uma continuação do partido, organismo ao qual todos devem jurar lealdade. Os nacional-socialistas primeiro. Em ambos, destruir-se-ia a democracia por dentro.
Hitler era e Lula é inteligente. Os dois, no entanto, nunca foram os cérebros das revoluções que seus partidos almejaram. É apropriado dizer que não eram mais do que fantoches carismáticos das eminências pardas, a saber, José Dirceu e Joseph Goebbels. São semelhantes ao encarnar personagens históricos. Hitler aludia a Frederico, o Grande. Lula se basta com Getúlio Vargas. Luiz Inácio acredita ter sido escolhido por Deus para comandar a marcha libertadora. Hitler não acreditava em Deus, mas também entendia ser predestinado.
Há uma diferença essencial, no entanto, que impede-nos de dizer que os dois são iguais. Não, não é porque Hitler sabia ler. O fato é que o Führer era um exemplo de disciplina e retidão. Não há registro de que sejam virtudes praticadas por Sua Excelência. Nisso ambos são tão diferentes quanto Olavo de Carvalho e Marilena Chauí.
O estilo fanfarrão, a extravagância, o autoritarismo, empurram Lula para perto de outro líder das massas, Benito Mussolini. Talvez seja essa uma comparação mais acertada. Além das semelhanças entre com o hitlerismo, o Lula e Mussolini compartilham o passado socialista e o analfabetismo.
No Governo Lula desenvolveu-se uma usurpação nunca antes vista na História do Brasil, as insituições enfraqueceram e a democracia rachou. A economia, no entanto, cresceu. Nos tempos de Mussolini houve perseguição e assassinatos. Mas os trens passaram a andar na hora.
quarta-feira, 20 de setembro de 2006
Será o Benedictus? (2)
Em um post escrito pelo meu colega dos Blogs Coligados Eduardo Levy, há uma especulação sobre como a independente BBC se comportaria para noticiar hoje a Segunda Guerra Mundial:
A análise de Levy não é só inteligente, como pode firmar-se na História. Sir Winston Churchill derrubou o monopólio que a televisão pública gozava no Reino Unido em 1954. Era uma retaliação à cobertura que a British Broadcasting Corporation desenvolveu durante a Guerra. Dizia o Primeiro-Ministro que a emissora era comandada por "comunistas".
Não pode-se dizer que as coisas não mudaram no jornalismo estatal. Elas mudaram. A empresa jogou às favas o pudor de ao menos simular neutralidade e ficou mais ousada. Se em 1952 os diretores desrespeitaram uma norma da Casa Real e exibiram um close da recém coroada Rainha Elizabeth II, em 2002 um memorando foi distribuído ameaçando de demissão aqueles que não assumissem um caráter crítico perante a monarquia.
Quem visitasse o portal na internet ontem veria, na página inicial, uma chamada para uma matéria intitulada "Se o Papa é infalível, como ele pode estar errado?". Não acredito que ele esteja, mas vale a pena notar como os liberais estão lidando com a situação.
Para o conservador jornalista Peter Hitchens eles olham a religião "do lado de fora, como uma peculiaridade sociológica de que nós, racionais, modernos, não sofremos". As igrejas só interessam quando o assunto for a ordenação de mulheres ou sacerdotes pedófilos. Sam Harris, o último a decretar o fim das religiões, lamenta ter que aliar-se à "direita cristã demagógica", uma vez que os liberais, admite, não entendem o perigo do extremismo muçulmano.
Os multiculturalistas acusam a direita conservadora de preconceito contra os muçulmanos. Daí, colocam a religião como empecilho para a completa união dos povos. E dá-lhe José Saramago, Karl Marx e Bertrand Russell. Nota-se, no entanto, que os únicos denunciados são os radicais cristãos que se negam a ter um olhar benevolente sobre a religião "de paz".
A esquerda está tão determinada a desconstruir a civilização ocidental e suas características fundamentais - a liberdade, a racionalidade, a cristandade - que alia-se a qualquer um que queira também fazâ-lo, sejam comunistas, sejam islamitas. E para tanto, vale até retroceder 800 anos para fazer as Cruzadas justificarem o terrorismo.
Se no passado Jean-Paul Sartre pedia aos comunistas franceses que mentissem sobre os crimes soviéticos para não desmotivar os revolucionários, agora são esses liberais que suavizam as deformidades de alguns dos seguidores do profeta. Por sorte, há sempre ultraconservadores como Robert Spencer e Daniel Pipes para nos lembrar que Dubai permite o jogo e a prostituição ao mesmo tempo que proíbe a entrada dos judeus. E que em alguns países os infiéis são proibidos de tocar comidas expostas nos mercados, uma vez que nenhum crente as compraria depois disso. E que judeus e armênios, em alguns lugares, são proibidos de sair de casa nos dias de chuva, porque há um receio de que um respingo de água saído dos seus pés possa contaminar os passantes.
A bíblia da esquerda moderna e bem informada, o The New York Times, criticou as palavras do Sumo Pontífice. Ontem, o rival conservador The Wall Street Journal publicou editorial denominando o Papa "Bento, o Bravo" por "dizer coisas que os muçulmanos precisam ouvir sobre fé e razão". A cristandade e a razão, lembrou o Bispo de Roma no famigerado discuso, são inseparáveis. E além de Manuel II Paleologus, Sua Santidade leu o Evangelho de João:
O Patriarca do Ocidente está certo ao dizer que para o diálogo entre culturas é necessário que todos rejeitem a irracionalidade e a violência religiosa. "É em nome dessa lógica e dessa razão que convidamos nossos colegas para o diálogo de culturas".
No post anteior citei o caso do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, que falou de caça às bruxas, nazismo e guerras cristãs para condenar o Papa, e depois admitiu não ter lido o pronunciamento. Da mesma forma, o Ayatollah Khomeini não leu os Versos Satânicos de Salman Rushdie. Isso, no entanto, não o impediu de condená-lo à morte, uma sentença que atingiu também um tradutor japonês. Os muçulmanos também não viram as caricaturas de Maomé, mas nem por isso deixaram de declarar guerra ao Ocidente.
Mohammed Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, disse que não aceita as desculpas papais. Disse ainda que se o Papa deveria se converter ao islamismo. Como pregou o guerreiro com uma espada da mão.
Kyrie Eleison.
Se a Segunda Guerra acontecesse hoje, a BBC faria um News Extra mostrando os pobrezinhos dos alemães vítimas do monstro horrendo Churchill. Em Hard Talk, entrevistar-se-ia alguém do governo inglês que o entrevistador, naturalmete, faria parecer um pérfido genocida de pobres nazistinhas indefesos atacados com "reação desproporcional". Far-se-ia um Peacemakers, juntando trinta especialistas mundiais, presidentes de ONGs, jornalistas, com o objetivo de meter o pau em Churchill e pedir que parasse com aquela matança na Alemanha.
A análise de Levy não é só inteligente, como pode firmar-se na História. Sir Winston Churchill derrubou o monopólio que a televisão pública gozava no Reino Unido em 1954. Era uma retaliação à cobertura que a British Broadcasting Corporation desenvolveu durante a Guerra. Dizia o Primeiro-Ministro que a emissora era comandada por "comunistas".
Não pode-se dizer que as coisas não mudaram no jornalismo estatal. Elas mudaram. A empresa jogou às favas o pudor de ao menos simular neutralidade e ficou mais ousada. Se em 1952 os diretores desrespeitaram uma norma da Casa Real e exibiram um close da recém coroada Rainha Elizabeth II, em 2002 um memorando foi distribuído ameaçando de demissão aqueles que não assumissem um caráter crítico perante a monarquia.
Quem visitasse o portal na internet ontem veria, na página inicial, uma chamada para uma matéria intitulada "Se o Papa é infalível, como ele pode estar errado?". Não acredito que ele esteja, mas vale a pena notar como os liberais estão lidando com a situação.
Para o conservador jornalista Peter Hitchens eles olham a religião "do lado de fora, como uma peculiaridade sociológica de que nós, racionais, modernos, não sofremos". As igrejas só interessam quando o assunto for a ordenação de mulheres ou sacerdotes pedófilos. Sam Harris, o último a decretar o fim das religiões, lamenta ter que aliar-se à "direita cristã demagógica", uma vez que os liberais, admite, não entendem o perigo do extremismo muçulmano.
Os multiculturalistas acusam a direita conservadora de preconceito contra os muçulmanos. Daí, colocam a religião como empecilho para a completa união dos povos. E dá-lhe José Saramago, Karl Marx e Bertrand Russell. Nota-se, no entanto, que os únicos denunciados são os radicais cristãos que se negam a ter um olhar benevolente sobre a religião "de paz".
A esquerda está tão determinada a desconstruir a civilização ocidental e suas características fundamentais - a liberdade, a racionalidade, a cristandade - que alia-se a qualquer um que queira também fazâ-lo, sejam comunistas, sejam islamitas. E para tanto, vale até retroceder 800 anos para fazer as Cruzadas justificarem o terrorismo.
Se no passado Jean-Paul Sartre pedia aos comunistas franceses que mentissem sobre os crimes soviéticos para não desmotivar os revolucionários, agora são esses liberais que suavizam as deformidades de alguns dos seguidores do profeta. Por sorte, há sempre ultraconservadores como Robert Spencer e Daniel Pipes para nos lembrar que Dubai permite o jogo e a prostituição ao mesmo tempo que proíbe a entrada dos judeus. E que em alguns países os infiéis são proibidos de tocar comidas expostas nos mercados, uma vez que nenhum crente as compraria depois disso. E que judeus e armênios, em alguns lugares, são proibidos de sair de casa nos dias de chuva, porque há um receio de que um respingo de água saído dos seus pés possa contaminar os passantes.
A bíblia da esquerda moderna e bem informada, o The New York Times, criticou as palavras do Sumo Pontífice. Ontem, o rival conservador The Wall Street Journal publicou editorial denominando o Papa "Bento, o Bravo" por "dizer coisas que os muçulmanos precisam ouvir sobre fé e razão". A cristandade e a razão, lembrou o Bispo de Roma no famigerado discuso, são inseparáveis. E além de Manuel II Paleologus, Sua Santidade leu o Evangelho de João:
No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com o Deus, e a Palavra era [um]deus. - João 1:1
O Patriarca do Ocidente está certo ao dizer que para o diálogo entre culturas é necessário que todos rejeitem a irracionalidade e a violência religiosa. "É em nome dessa lógica e dessa razão que convidamos nossos colegas para o diálogo de culturas".
No post anteior citei o caso do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, que falou de caça às bruxas, nazismo e guerras cristãs para condenar o Papa, e depois admitiu não ter lido o pronunciamento. Da mesma forma, o Ayatollah Khomeini não leu os Versos Satânicos de Salman Rushdie. Isso, no entanto, não o impediu de condená-lo à morte, uma sentença que atingiu também um tradutor japonês. Os muçulmanos também não viram as caricaturas de Maomé, mas nem por isso deixaram de declarar guerra ao Ocidente.
Mohammed Gaddafi, filho do ditador líbio Muammar Gaddafi, disse que não aceita as desculpas papais. Disse ainda que se o Papa deveria se converter ao islamismo. Como pregou o guerreiro com uma espada da mão.
Kyrie Eleison.
terça-feira, 19 de setembro de 2006
Tailândia.
Notícias dão conta de que um Golpe de Estado aconteceu na Tailândia. Tanques invadiram a capital Bangkok e soldados entraram em prédios do Governo. O Primeiro-Ministro Thaksin Shinawatra, que está em Nova Iorque, decretou estado de emergência. O exército anunciou que uma nova Constituição será elaborada e reafirmou lealdade ao Rei Bhumibol Adulyadej.
segunda-feira, 18 de setembro de 2006
domingo, 17 de setembro de 2006
Direita vencedora.
Será o Benedictus?
Minas Gerais, 17 de setembro de 2006
No começo do ano os muçulmanos de todo o mundo se indignaram com o jornal conservador dinamarquês Jyllands-Posten por ter publicado caricaturas do profeta Maomé. Embaixadas apedrejadas, bandeiras queimadas, ocidentais hostilizados. Para a maioria do lado de lá, desrespeitamos não só o Islã como todos os seus seguidores. Éramos, assim, os únicos culpados pela perturbação. Deveríamos, então, curvar-nos diante das mesquitas pedindo perdão.
Do lado de cá, o consenso era o mesmo. As Nações Unidas culparam o Governo da Dinamarca por não demonstrar "sensibilidade com os muçulmanos insultados". Houve até quem alertasse para um "Novo Holocausto", em que as vítimas seriam os muçulmanos da Europa. Mas não nos estendamos nisso. Os interessados podem verificar os arquivos deste blogue, especialmente Existe perseguição contra muçulmanos? e A hipocrisia, mais uma vez.
Dentre os dissidentes de cá, ninguém atraiu mais atenção do que Oriana Fallaci, que abandonou um auto-exílio de dez anos quando dos atentados de 11 de setembro para denunciar o servilismo do Ocidente perante o islamismo.
Sig.ra Fallaci faleceu esta semana, e o mundo muçulmano se revoltaria logo depois. O pretexto é uma declaração do Papa Bento XVI. Na Universidade de Regensburg, falando sobre a relação entre religião e violência, o Sumo Pontífice lembrou um Imperador Bizantino - Manuel II Paleologus -, que no século XIV disse que no Islã só se encontravam "coisas más e desumanas". Depois, com o discernimento que o caracteriza, afirmou que a religião encontra-se na alma, e não no corpo, daí não ser possível a conversão pela força.
A referência, no entanto, não agradou. Recordar alguém que desconfia do Islã, anotem, é ofensivo também. Para que não haja dúvidas, é recomendável não mencionar os muçulmanos, sua religião e seu profeta sem prévia autorização.
De todas as manifestações encontradas, a mais interessante vem do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, Ali Bardakoğlu, conhecido como "moderado". Sidi Bardakoğlu alegou que as declarações papais eram "extraordinariamente preocupantes" e pediu uma retratação do próprio Papa. Lembrou ainda "guerras religiosas sul-americanas", "agressão nazista", "inquisição e caça às bruxas", e "supressão da ciência". Falou ainda que "se há algum antagonismo religioso no Ocidente, é responsabilidade da lógica distorcida da Igreja Cristã". Pediu o cancelamento de uma visita que o Santo Padre fará ao país.
Mais tarde, admitiu não ter lido o pronunciamento papal. Com moderados como esses... Em Gaza, cinco templos das igrejas Ortodoxa Grega e Anglicana foram incendiados. O líder do maior partido do Parlamento turco, Salih Kapusuz, comparou o Santo Padre a Adolf Hitler. Uma declaração, além de grosseira e deselegante, simplória - é de conhecimento público que Joseph Ratzinger foi membro da Juventude Hitlerista - e errônea. Os nazistas eram aliados muito próximos dos muçulmanos. Na fotografia acima, conversam Hr. Hitler e Mohammad Amin al-Husayni, Mufti de Jerusalém e tio de Yasser Arafat.
O Primeiro-Ministro da Turquia Recep Tayyip Erdoğan pediu uma retratação. O Parlamento paquistanês censurou. O Marrocos retirou seu embaixador da Santa Sé. O jornalão The New York Times criticou. O Governo argelino afirmou que o Bispo de Roma "atenta" contra o Islã e que suas palavras "um modo de semear o rancor e a humilhação".
A Primeira-Ministra Angela Merkel, cada vez mais bem cotada por este blogue, saiu em defesa do Vigário de Cristo: "O que Bento XVI enfatizou foi uma definitiva renúncia a todas as formas de violência em nome da religião". Talvez seja essa a razão da discórdia.
Kyrie Eleison.
Do lado de cá, o consenso era o mesmo. As Nações Unidas culparam o Governo da Dinamarca por não demonstrar "sensibilidade com os muçulmanos insultados". Houve até quem alertasse para um "Novo Holocausto", em que as vítimas seriam os muçulmanos da Europa. Mas não nos estendamos nisso. Os interessados podem verificar os arquivos deste blogue, especialmente Existe perseguição contra muçulmanos? e A hipocrisia, mais uma vez.
Dentre os dissidentes de cá, ninguém atraiu mais atenção do que Oriana Fallaci, que abandonou um auto-exílio de dez anos quando dos atentados de 11 de setembro para denunciar o servilismo do Ocidente perante o islamismo.
Sig.ra Fallaci faleceu esta semana, e o mundo muçulmano se revoltaria logo depois. O pretexto é uma declaração do Papa Bento XVI. Na Universidade de Regensburg, falando sobre a relação entre religião e violência, o Sumo Pontífice lembrou um Imperador Bizantino - Manuel II Paleologus -, que no século XIV disse que no Islã só se encontravam "coisas más e desumanas". Depois, com o discernimento que o caracteriza, afirmou que a religião encontra-se na alma, e não no corpo, daí não ser possível a conversão pela força.
A referência, no entanto, não agradou. Recordar alguém que desconfia do Islã, anotem, é ofensivo também. Para que não haja dúvidas, é recomendável não mencionar os muçulmanos, sua religião e seu profeta sem prévia autorização.
De todas as manifestações encontradas, a mais interessante vem do Presidente de Assuntos Religiosos da Turquia, Ali Bardakoğlu, conhecido como "moderado". Sidi Bardakoğlu alegou que as declarações papais eram "extraordinariamente preocupantes" e pediu uma retratação do próprio Papa. Lembrou ainda "guerras religiosas sul-americanas", "agressão nazista", "inquisição e caça às bruxas", e "supressão da ciência". Falou ainda que "se há algum antagonismo religioso no Ocidente, é responsabilidade da lógica distorcida da Igreja Cristã". Pediu o cancelamento de uma visita que o Santo Padre fará ao país.
Mais tarde, admitiu não ter lido o pronunciamento papal. Com moderados como esses... Em Gaza, cinco templos das igrejas Ortodoxa Grega e Anglicana foram incendiados. O líder do maior partido do Parlamento turco, Salih Kapusuz, comparou o Santo Padre a Adolf Hitler. Uma declaração, além de grosseira e deselegante, simplória - é de conhecimento público que Joseph Ratzinger foi membro da Juventude Hitlerista - e errônea. Os nazistas eram aliados muito próximos dos muçulmanos. Na fotografia acima, conversam Hr. Hitler e Mohammad Amin al-Husayni, Mufti de Jerusalém e tio de Yasser Arafat.
O Primeiro-Ministro da Turquia Recep Tayyip Erdoğan pediu uma retratação. O Parlamento paquistanês censurou. O Marrocos retirou seu embaixador da Santa Sé. O jornalão The New York Times criticou. O Governo argelino afirmou que o Bispo de Roma "atenta" contra o Islã e que suas palavras "um modo de semear o rancor e a humilhação".
A Primeira-Ministra Angela Merkel, cada vez mais bem cotada por este blogue, saiu em defesa do Vigário de Cristo: "O que Bento XVI enfatizou foi uma definitiva renúncia a todas as formas de violência em nome da religião". Talvez seja essa a razão da discórdia.
Kyrie Eleison.
sábado, 16 de setembro de 2006
Novo Layout
Não é verdade que os conservadores são avessos à mudança. Nós só queremos estar certos de que o que virá será melhor.
terça-feira, 12 de setembro de 2006
Que assim seja...
Do jornalista Cláudio Humberto:
Waldemar Leal, de Campo Grande (MS), foi dispensado pela entrevistadora de instituto de pesquisa após revelar que, aos 74 anos, é aposentado.
Hoje à noite tem pesquisa Datafolha.
Waldemar Leal, de Campo Grande (MS), foi dispensado pela entrevistadora de instituto de pesquisa após revelar que, aos 74 anos, é aposentado.
Hoje à noite tem pesquisa Datafolha.
Hisahito.
O mais novo membro da Família Imperial Japonesa foi formalmente nomeado na terça-feira à tarde, horário local. Hisahito, de acordo com a Agência Imperial Japonesa, significa "sereno e virtuoso".
segunda-feira, 11 de setembro de 2006
Aniversário da Rainha Paola dos Belgas
Nascida em 11 de setembro de 1937, no Forte del Marmi, Itália, a Princesa Dona Paola Ruffo di Calabria é a Rainha Consorte do Rei Albert II dos Belgas. Filha mais nova do Príncipe Fulco Ruffo di Calabria e da Condessa Luisa Gazelli, a Rainha passou toda a juventude em Roma, onde estudou Latim e Grego.
Em 1958, durante a coroação do Papa João XXIII, conheceu o Príncipe Albert, com quem se casou em 2 de julho de 1959. O casal tem três filhos: o Príncipe Phillipe, Duque de Brabant, a Princesa Astrid e o Príncipe Laurent.
A Constituição Belga não prevê nenhuma função para Sua Majestade. No entanto, ela acompanha o Rei em suas funções de Estado, cerimoniais e visitas ao exterior. A Rainha tem também funções individuais, principalmente nas esferas sociais e culturais - demonstra grande interesse na preservação da herança cultural e nas artes modernas.
Sua Majestade é fluente em francês, alemão, italiano, inglês, e holandês.
Em 1958, durante a coroação do Papa João XXIII, conheceu o Príncipe Albert, com quem se casou em 2 de julho de 1959. O casal tem três filhos: o Príncipe Phillipe, Duque de Brabant, a Princesa Astrid e o Príncipe Laurent.
A Constituição Belga não prevê nenhuma função para Sua Majestade. No entanto, ela acompanha o Rei em suas funções de Estado, cerimoniais e visitas ao exterior. A Rainha tem também funções individuais, principalmente nas esferas sociais e culturais - demonstra grande interesse na preservação da herança cultural e nas artes modernas.
Sua Majestade é fluente em francês, alemão, italiano, inglês, e holandês.
domingo, 10 de setembro de 2006
Obituário: Tāufa'āhau Tupou IV, Rei de Tonga
O sol se pôs no Reino de Tonga. O Rei Tāufa'āhau Tupou IV, que governava o país há 41 anos, faleceu em um hospital da Nova Zelândia aos 88 anos. À frente de um governo semi-feudal, Tupou IV implantou grandes reformas econômicas e educacionais que transformaram a população do país em uma das mais bem-instruídas do Pacífico. O Rei será levado de volta a Tonga por um avião da Real Força Aérea Neozelandesa na quarta-feira, quando será velado pelos 104.000 habitantes de seu país.
terça-feira, 5 de setembro de 2006
Nasce o futuro Imperador do Japão.
segunda-feira, 4 de setembro de 2006
Um desabafo pessimista.
"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto...
Ruy Barbosa de Oliveira (1849 – 1923)
Disse o Presidente, há alguns meses, que “ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética” do que ele. Diz a oposição que este é o governo mais corrupto da História da República. Diz a situação que a corrupção sempre existiu, e que só agora está sendo revelada. Ninguém se atreve a negar que a maioria dos políticos é corrupta. Exceto os políticos. Original ou orgânica, ela existe. E persiste. É interessante notar, no entanto, como a maioria das pessoas prefere ignorar que os políticos são parte da mesma sociedade que elas.
Políticos – acredite! – não caem do céu, não dão em árvores, nem se multiplicam por brotamento. É mais cômodo, no entanto, estranhar qualquer tipo de similaridade entre nós – os virtuosos – e eles – os imorais. Bruno Ganz foi severamente criticado pelos críticos alemães por retratar Adolf Hitler como um homem com paixões, sonhos, angústias, e decepções. Hitler não era uma divindade sobrenatural. A humanização do monstro aproximou-o das pessoas, e fez com que elas se identificassem. Reação semelhante – guardadas as proporções – faz-se presente aqui. Não é cômodo sugerir que um mensaleiro ou um sanguessuga compartilhe do mesmo caráter – e das falhas dele – que a maioria das pessoas. Lembrando Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”.
Disse na quarta-feira o Senador Jefferson Peres que os eleitores de Luiz Inácio “compactuam com isso porque são iguais, se não piores. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos de governantes não têm importância”. Seria exagero dizer, então, que a ética – ou a falta dela – ultrapassa a questão política? É certo que não. Isso não significa, no entanto, que a falcatrua deva ser desconsiderada. Um crime não deixa de ser crime só porque, nas palavras de um Presidente em Paris, “é feito sistematicamente”. Mas dá espaço para uma provocação: em se tratando de ética, quem poderia, confortavelmente, estar na posição de atirar a primeira pedra?
Dêem-me aquele que nunca sonegou, nunca subornou, nunca fraudou, nunca perjurou, nunca corrompeu. E eu lhes darei as vaias retumbantes da multidão. “É um tolo”. Lamentemos, não é só o Rei quem está nu. Nossa defesa, então, é discriminar nossos desvios dos desvios deles. E a alegada diferença se dá, na maioria dos casos, no âmbito dos valores. Não os valores morais ou éticos, mas aqueles que servem para alguma coisa. O que é uma trapaça de alguns poucos reais comparada aos bilhões envolvidos na corrupção?
Dessa forma, não estaria errado o deputado mensaleiro que alegou que não poderia ser cassado porque só havia ficado com quarenta mil reais. Ou a juíza do Rio de Janeiro que absolveu o ex-Governador justificando que “em tempos de mensalão, trezentos mil reais” não poderiam ser levados a sério. Nada nos separa deles.
Sir Winston Churchill, lá se vão alguns anos, abordou uma mulher perguntando, “Senhora, se deitaria comigo por cinco milhões de libras?” “Acredito que sim”, respondeu ela. “Senhora, dormiria comigo por cinco libras?”, replicou o bulldog inglês. “Ora, que tipo de mulher pensa que sou?” “Senhora, isso nós dois já sabemos. Só quero saber quanto isso vai me custar”...
Kyrie Eleison.
Ruy Barbosa de Oliveira (1849 – 1923)
Disse o Presidente, há alguns meses, que “ninguém neste país tem mais autoridade moral e ética” do que ele. Diz a oposição que este é o governo mais corrupto da História da República. Diz a situação que a corrupção sempre existiu, e que só agora está sendo revelada. Ninguém se atreve a negar que a maioria dos políticos é corrupta. Exceto os políticos. Original ou orgânica, ela existe. E persiste. É interessante notar, no entanto, como a maioria das pessoas prefere ignorar que os políticos são parte da mesma sociedade que elas.
Políticos – acredite! – não caem do céu, não dão em árvores, nem se multiplicam por brotamento. É mais cômodo, no entanto, estranhar qualquer tipo de similaridade entre nós – os virtuosos – e eles – os imorais. Bruno Ganz foi severamente criticado pelos críticos alemães por retratar Adolf Hitler como um homem com paixões, sonhos, angústias, e decepções. Hitler não era uma divindade sobrenatural. A humanização do monstro aproximou-o das pessoas, e fez com que elas se identificassem. Reação semelhante – guardadas as proporções – faz-se presente aqui. Não é cômodo sugerir que um mensaleiro ou um sanguessuga compartilhe do mesmo caráter – e das falhas dele – que a maioria das pessoas. Lembrando Jean-Paul Sartre, “o inferno são os outros”.
Disse na quarta-feira o Senador Jefferson Peres que os eleitores de Luiz Inácio “compactuam com isso porque são iguais, se não piores. É a declaração pública, solene, histórica do povo brasileiro de que desvios éticos de governantes não têm importância”. Seria exagero dizer, então, que a ética – ou a falta dela – ultrapassa a questão política? É certo que não. Isso não significa, no entanto, que a falcatrua deva ser desconsiderada. Um crime não deixa de ser crime só porque, nas palavras de um Presidente em Paris, “é feito sistematicamente”. Mas dá espaço para uma provocação: em se tratando de ética, quem poderia, confortavelmente, estar na posição de atirar a primeira pedra?
Dêem-me aquele que nunca sonegou, nunca subornou, nunca fraudou, nunca perjurou, nunca corrompeu. E eu lhes darei as vaias retumbantes da multidão. “É um tolo”. Lamentemos, não é só o Rei quem está nu. Nossa defesa, então, é discriminar nossos desvios dos desvios deles. E a alegada diferença se dá, na maioria dos casos, no âmbito dos valores. Não os valores morais ou éticos, mas aqueles que servem para alguma coisa. O que é uma trapaça de alguns poucos reais comparada aos bilhões envolvidos na corrupção?
Dessa forma, não estaria errado o deputado mensaleiro que alegou que não poderia ser cassado porque só havia ficado com quarenta mil reais. Ou a juíza do Rio de Janeiro que absolveu o ex-Governador justificando que “em tempos de mensalão, trezentos mil reais” não poderiam ser levados a sério. Nada nos separa deles.
Sir Winston Churchill, lá se vão alguns anos, abordou uma mulher perguntando, “Senhora, se deitaria comigo por cinco milhões de libras?” “Acredito que sim”, respondeu ela. “Senhora, dormiria comigo por cinco libras?”, replicou o bulldog inglês. “Ora, que tipo de mulher pensa que sou?” “Senhora, isso nós dois já sabemos. Só quero saber quanto isso vai me custar”...
Kyrie Eleison.
domingo, 3 de setembro de 2006
Que assim seja...
Do site do jornalista Cláudio Humberto:
Leitor do Mato Grosso do Sul flagrou um pesquisador de importante instituto escolhendo, para indagar sobre a eleição presidencial, apenas famílias beneficiadas com o Bolsa-Família.
Do blogue do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson:
Os institutos de pesquisa começam a acertar os números reais da preferência de Lula e Alckmin junto ao eleitorado brasileiro.
Pego uma aposta: nos próximos 15 dias Geraldo vai a 32 - 35% e Lula cai para 40%, proporcionando assim o segundo turno com os votos de Heloísa Helena. Aposto que os institutos vão fugir de uma nova desmoralização, como quando sustentaram, em equívoco semelhante, que venceria o desarmamento no plebiscito.
Vai dar segundo turno. Acompanhem e confiram.
Leitor do Mato Grosso do Sul flagrou um pesquisador de importante instituto escolhendo, para indagar sobre a eleição presidencial, apenas famílias beneficiadas com o Bolsa-Família.
Do blogue do ex-Deputado Federal Roberto Jefferson:
Os institutos de pesquisa começam a acertar os números reais da preferência de Lula e Alckmin junto ao eleitorado brasileiro.
Pego uma aposta: nos próximos 15 dias Geraldo vai a 32 - 35% e Lula cai para 40%, proporcionando assim o segundo turno com os votos de Heloísa Helena. Aposto que os institutos vão fugir de uma nova desmoralização, como quando sustentaram, em equívoco semelhante, que venceria o desarmamento no plebiscito.
Vai dar segundo turno. Acompanhem e confiram.
sexta-feira, 1 de setembro de 2006
É um menino.
Será um menino e o Império do Sol Nascente poderá respirar aliviado. Se confirmada a notícia divulgada ontem pela revista Shukan Bunshun e a Princesa Kiko der à luz um varão na próxima semana, findará a incerteza que ronda a linha sucessória da Casa Real Nipônica.
Ainda que o pai seja o Príncipe Akishino, o segundo filho do Imperador Akihito, o recém-nascido afastará da linha de sucessão ao Trono de Crisântemo a Princesa Aiko, filha do Príncipe Herdeiro Naruhito.
Há quarenta anos não nasciam homens na Casa Real Japonesa. Segundo a norma constitucional daquele país, apenas os homens podem ascender ao trono, e a impossibilidade da Princesa Masako em gerar um filho homem abriu espaço para especulações por parte do Primeiro-Ministro liberal Junichiro Koizumi sobre a revogação da lei. A proposta não foi bem recebida pelos japoneses, situação que levou à maior manifestação política desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Ainda que o pai seja o Príncipe Akishino, o segundo filho do Imperador Akihito, o recém-nascido afastará da linha de sucessão ao Trono de Crisântemo a Princesa Aiko, filha do Príncipe Herdeiro Naruhito.
Há quarenta anos não nasciam homens na Casa Real Japonesa. Segundo a norma constitucional daquele país, apenas os homens podem ascender ao trono, e a impossibilidade da Princesa Masako em gerar um filho homem abriu espaço para especulações por parte do Primeiro-Ministro liberal Junichiro Koizumi sobre a revogação da lei. A proposta não foi bem recebida pelos japoneses, situação que levou à maior manifestação política desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
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