Gilles Gomes de Araújo Ferreira

sábado, 6 de maio de 2006

Quem poderá nos defender?

No último dia 31 de março o Presidente da República fez um pronunciamento transmitido em rede nacional pelo rádio e pela televisão. Tendo como fundo os jardins do Palácio do Alvorada - os mesmos que ostentam uma estrela escandalosamente vermelha - o sr. Lula, depois do auto-elogio que lhe é característico, agarrou-se à nova campanha eleitoral petista, também conhecida como auto-suficiência. Naquele discurso, a Excelência chamou a Petrobrás de orgulho nacional.

No dia seguinte, o presidente da Bolívia, Evo Morales, cria de uma costela de Lula, ordena uma invasão militar aos poços e escritórios da mesma Petrobrás. O Brasil se cala. Convoca reuniões. Chama embaixadores e analistas. E se rende antes mesmo de lutar. Em nota, o Governo Federal concorda com a atitude do cocaleiro andino.

A expropriação dos ativos de empresas estrangeiras não chegou a ser surpresa. Morales já tinha prometido isso antes mesmo de ser candidato. A esquerda boliviana é tão obtusa quanto a brasileira. O que nos chocou mesmo foi perceber que Duda Mendonça também trabalha lá: Forças Armadas, anúncio diante de uma refinaria, no meio do povo, em 1.º de Maio, a data sagrada dos socialistas... Só mesmo Dr. Goebbels pensaria num espetáulo melhor.

Uma reunião foi anunciada. Em Puerto Iguazú, na Argentina, Lula, Morales, Kirchner e Chávez se reuniriam para tratar da questão boliviana. Foram três horas de reunião. Mas muitas serão necessárias para digerir um golpe: o Presidente (do Brasil?) não só foi conivente com a selvageria como a parabenizou. E afirmou que vai investir mais no país. E quer que a Bolívia faça parte do faraônico desperdício de tempo e dinheiro, que alguns também gostam de chamar de Gasoduto Sul-Americano.

Uma coisa que se aprende com o tempo: a esquerda é traiçoeira. Lula - mais uma vez, acredite! - foi traído, desta vez por Morales, Chávez e, se ainda não sabem, Fidel.

A verdade é que o sr. Lula não tem orgulho. Apunhalado pelas costas numa conspiração em que acreditara dominar, preferiu insistir num ideal romântico de união ultra-mundana. E como o marido traído que aceita as orgias da esposa, implora por um lugar ao sol.

O problema é que, por ora, Luis Inácio não é uma pessoa. É uma instituição. E é aí que mora o perigo. Se a Petrobrás, que para o Presidente é um orgulho nacional, foi aviltada da maneira que foi, o que será que acontecerá quando as viúvas de Perón e Getúlio decidirem declarar guerra ao que move este país, seja a indústria, o comércio, ou o próprio povo? Porque, acreditem, quando a febre nacional-xenofóbica for curada na Bolívia e os cucarachos se derem conta da estupidez que aprontaram, nós seremos o alvo fácil. Quem garante que amanhã não estarão chorando o Acre?

É numa crise que surgem os líderes. Estamos numa crise, quer o Presidente queira ou não. E nessa crise pudemos perceber quão pequeno ele pode ser. É deprimente saber que enquanto somos vilipendiados, escarnecidos, desprezados e atacados por um continente, não podemos contar senão com um poltrão que se esconde atrás das saias de ministros e secretários cujas idéias não se sustentaram nunca. A covardia do presidente, me perdoem o clichê, é uma vergonha!

O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.

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