Minas Gerais, 28 de maio de 2006
Então um tucano, presença constante no comando do partido desde a fundação deste, faz o seguinte comentário sobre as últimas pesquisas sobre a eleição presidencial de 2006:
Ótimo. Só o que precisam fazer agora é criar um Plano Real para o sr. Alckmin...
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Esqueçam o sr. Fernando Henrique, o sr. Mário Covas e o PSDB. Esqueçam o Plano Real, o grampo no BNDES, a emenda da reeleição, a pasta rosa, as privatizações (os métodos, não os resultados), a ajuda aos banqueiros amigos do sociólogo, o apoio ao então Presidente do Peru Alberto Fujimori, a explosão das dívidas interna e externa, o aumento da carga tributária, as 65 CPIs abafadas pelo Governador Alckmin, esqueçam o sr. Sérgio Motta, o SIVAM e o apagão.
Esqueçam também o PT, o Fome Zero, a cadela de Lula usando carro oficial com motorista, as relações excusas com o MST, o Aerolula, o sr. Waldomiro Diniz, a estrela vermelha nos jardins do Palácio do Alvorada, a tentativa de expulsão de Larry Rother, o Conselho Federal de Jornalismo, a Ancinav, Hugo Chávez, Fidel Castro, Néstor Kirchner, o Mensalão, os srs. Delúbio Soares, Sílvio Pereira, e José Dirceu, os recursos não-contabilizados, a inércia diante do sr. Evo Morales e as ações afirmativas.
Quero que foquem suas atenções em apenas dois personagens: o sr. Luís Inácio Lula da Silva e o sr. Geraldo José Rodrigues Alckmin. Não seus programas de governos, mas a partir de suas personalidades e biografias, tentar construir um tratado sobre os brasileiros.
O sr. Luís Inácio nasceu em Caetés, Pernambuco. O pai conheceu quando tinha cinco anos de idade. Aos sete anos, viajou por 13 dias num caminhão pau-de-arara, mudando-se com a família para o Guarujá. Passou a trabalhar vendendo amendoim, tapioca e laranja nas ruas. Quatro anos depois seus pais se divorciaram e Luís Inácio se mudou com a mãe para São Paulo. A família morou numa casa com um único cômodo, no fundo de um bar. Aos doze anos, conseguiu seu primeiro emprego, numa tinturaria. Foi também engraxate e office-boy. Com quatorze anos teve seu primeiro emprego com carteira assinada. Começou a estudar no SENAI e aos 17 foi trabalhar na metalurgica Fris Moldu Car. Em um turno durante a madrugada, um colega cochilou e soltou o braço da prensa, decepando seu dedo mínimo. Em maio de 1969 casou-se com Maria de Lourdes. No ano seguinte, a mulher morreu durante o parto, vítima de falta de atendimento médico. A partir daí Luís Inácio, agora Lula, decidiu lutar por melhores condições de vida para os seus, agora "companheiros". Eleito com 92% dos votos para o sindicato, reeleito com 98%. Enfrentou a ditadura militar convocando greves. Foi perseguido e preso. Liberto, fundou o Partido dos Trabalhadores, junto com sindicalistas, intelectuais, políticos, religiosos e movimentos sociais. Foi eleito Presidente da República em 2002.
O sr. Geraldo Alckmin nasceu em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté, especializando-se em anestesiologia. Casou-se com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin. Em 1972 foi eleito vereador em sua cidade natal. Depois prefeito, deputado estadual. Membro fundador do PSDB. Deputado federal. Reeleito. Vice-Governador no Governo Mário Covas. Com a morte deste, assume o Governo do Estado. Reeleito. Decide se candidatar à eleição presidencial de 2006.
Porque preferimos votar (não eu ou você, os brasileiros) em Lula? Quebro aqui uma regra repetida por nossos professores de redação e respondo à pergunta com outra pergunta: qual é a poesia que há em Alckmin? Se o sr. Lula fosse, com todo o respeito (protocolar, não pessoal), uma mulher, poderia ser uma das heroínas da - péssima - literatura de Sidney Sheldon. A mocinha que sofre, apanha, chora, come o pão que o diabo amassou com a cauda... pra depois ressurgir vitoriosa e se vingar corrigindo os erros do mundo. Já a vida do sr. Alckmin é linear. Estável. Uma chatisse.
Uma pesquisa recente, feita - e não divulgada - pelo Palácio do Planalto, mostrou que a maioria dos brasileiros (não eu ou você) que o sr. Lula foi realmente traído. E que ele foi muito "gente boa" ao se negar a dar os nomes dos Brutus que o apunhalaram. Como assim? Renata Lo Prete, a jornalista que ouviu antes de todos - e antes de Lula - sobre o mensalão, conta a opinião de um popular sobre a corrupção: "não quero nem acreditar que o Lula traiu a gente". Demóstenes, há 2.300 anos: "É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja".
Ninguém gosta do homem Luís Inácio da Silva. Queremos (não eu ou você, os brasileiros) o mito Lula. Eis uma diferença entre esquerda e direita: a direita é racional, a esquerda é mítica. A esquerda não gosta do Fidel que fuzilou dissidentes no paredón, nem do Fidel que condenou seu povo à miséria socialista, da fuga desesperada em canoas. Gosta é do Fidel que bradou que seria absolvido pela história, que praticou o tão charmoso confronto contra os poderosos, que "ofereceu" uma alternativa ao capitalismo globalizante. Também não gostam do Che que era um fracasso na economia cubana, que torturou e matou camponeses, que almejou um Estado burocrático-stalinista. Gostam do Guevara que previu que podem matar uma, duas, três rosas, mas nunca impedir a privamera.
Converse com Lula por 5 minutos vote nele. Converse com Alckmin por 30 minutos e vote nele. Lula é emoção. Alckmin é razão. As pessoas querem se emocionar. E os brasileiros não gostam de pensar. Dá muito trabalho...
O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.
Então um tucano, presença constante no comando do partido desde a fundação deste, faz o seguinte comentário sobre as últimas pesquisas sobre a eleição presidencial de 2006:
Em 1994, à esta época do ano, Fernando Henrique só tinha 7% dos votos.
Ótimo. Só o que precisam fazer agora é criar um Plano Real para o sr. Alckmin...
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Esqueçam o sr. Fernando Henrique, o sr. Mário Covas e o PSDB. Esqueçam o Plano Real, o grampo no BNDES, a emenda da reeleição, a pasta rosa, as privatizações (os métodos, não os resultados), a ajuda aos banqueiros amigos do sociólogo, o apoio ao então Presidente do Peru Alberto Fujimori, a explosão das dívidas interna e externa, o aumento da carga tributária, as 65 CPIs abafadas pelo Governador Alckmin, esqueçam o sr. Sérgio Motta, o SIVAM e o apagão.
Esqueçam também o PT, o Fome Zero, a cadela de Lula usando carro oficial com motorista, as relações excusas com o MST, o Aerolula, o sr. Waldomiro Diniz, a estrela vermelha nos jardins do Palácio do Alvorada, a tentativa de expulsão de Larry Rother, o Conselho Federal de Jornalismo, a Ancinav, Hugo Chávez, Fidel Castro, Néstor Kirchner, o Mensalão, os srs. Delúbio Soares, Sílvio Pereira, e José Dirceu, os recursos não-contabilizados, a inércia diante do sr. Evo Morales e as ações afirmativas.
Quero que foquem suas atenções em apenas dois personagens: o sr. Luís Inácio Lula da Silva e o sr. Geraldo José Rodrigues Alckmin. Não seus programas de governos, mas a partir de suas personalidades e biografias, tentar construir um tratado sobre os brasileiros.
O sr. Luís Inácio nasceu em Caetés, Pernambuco. O pai conheceu quando tinha cinco anos de idade. Aos sete anos, viajou por 13 dias num caminhão pau-de-arara, mudando-se com a família para o Guarujá. Passou a trabalhar vendendo amendoim, tapioca e laranja nas ruas. Quatro anos depois seus pais se divorciaram e Luís Inácio se mudou com a mãe para São Paulo. A família morou numa casa com um único cômodo, no fundo de um bar. Aos doze anos, conseguiu seu primeiro emprego, numa tinturaria. Foi também engraxate e office-boy. Com quatorze anos teve seu primeiro emprego com carteira assinada. Começou a estudar no SENAI e aos 17 foi trabalhar na metalurgica Fris Moldu Car. Em um turno durante a madrugada, um colega cochilou e soltou o braço da prensa, decepando seu dedo mínimo. Em maio de 1969 casou-se com Maria de Lourdes. No ano seguinte, a mulher morreu durante o parto, vítima de falta de atendimento médico. A partir daí Luís Inácio, agora Lula, decidiu lutar por melhores condições de vida para os seus, agora "companheiros". Eleito com 92% dos votos para o sindicato, reeleito com 98%. Enfrentou a ditadura militar convocando greves. Foi perseguido e preso. Liberto, fundou o Partido dos Trabalhadores, junto com sindicalistas, intelectuais, políticos, religiosos e movimentos sociais. Foi eleito Presidente da República em 2002.
O sr. Geraldo Alckmin nasceu em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté, especializando-se em anestesiologia. Casou-se com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin. Em 1972 foi eleito vereador em sua cidade natal. Depois prefeito, deputado estadual. Membro fundador do PSDB. Deputado federal. Reeleito. Vice-Governador no Governo Mário Covas. Com a morte deste, assume o Governo do Estado. Reeleito. Decide se candidatar à eleição presidencial de 2006.
Porque preferimos votar (não eu ou você, os brasileiros) em Lula? Quebro aqui uma regra repetida por nossos professores de redação e respondo à pergunta com outra pergunta: qual é a poesia que há em Alckmin? Se o sr. Lula fosse, com todo o respeito (protocolar, não pessoal), uma mulher, poderia ser uma das heroínas da - péssima - literatura de Sidney Sheldon. A mocinha que sofre, apanha, chora, come o pão que o diabo amassou com a cauda... pra depois ressurgir vitoriosa e se vingar corrigindo os erros do mundo. Já a vida do sr. Alckmin é linear. Estável. Uma chatisse.
Uma pesquisa recente, feita - e não divulgada - pelo Palácio do Planalto, mostrou que a maioria dos brasileiros (não eu ou você) que o sr. Lula foi realmente traído. E que ele foi muito "gente boa" ao se negar a dar os nomes dos Brutus que o apunhalaram. Como assim? Renata Lo Prete, a jornalista que ouviu antes de todos - e antes de Lula - sobre o mensalão, conta a opinião de um popular sobre a corrupção: "não quero nem acreditar que o Lula traiu a gente". Demóstenes, há 2.300 anos: "É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja".
Ninguém gosta do homem Luís Inácio da Silva. Queremos (não eu ou você, os brasileiros) o mito Lula. Eis uma diferença entre esquerda e direita: a direita é racional, a esquerda é mítica. A esquerda não gosta do Fidel que fuzilou dissidentes no paredón, nem do Fidel que condenou seu povo à miséria socialista, da fuga desesperada em canoas. Gosta é do Fidel que bradou que seria absolvido pela história, que praticou o tão charmoso confronto contra os poderosos, que "ofereceu" uma alternativa ao capitalismo globalizante. Também não gostam do Che que era um fracasso na economia cubana, que torturou e matou camponeses, que almejou um Estado burocrático-stalinista. Gostam do Guevara que previu que podem matar uma, duas, três rosas, mas nunca impedir a privamera.
Converse com Lula por 5 minutos vote nele. Converse com Alckmin por 30 minutos e vote nele. Lula é emoção. Alckmin é razão. As pessoas querem se emocionar. E os brasileiros não gostam de pensar. Dá muito trabalho...
O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.
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