Gilles Gomes de Araújo Ferreira

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Heróis e vilões

Minas Gerais, 24 de maio de 2006

Não é surpresa para ninguém que o sr. Luis Inácio peca pela falta de cultura - histórica, política, econômica - e pela loquacidade. Ou tagarelice, se preferiram. Páginas e páginas na internet se dedicam a enumerar os deslizes que o Presidente comete quando uso faz da palavra. Graças à eloqüência de S. Exa., hoje sabemos que sua mãe nasceu analfabeta, que Napoleão foi à China, que aqueles que pagam Imposto de Renda são privilegiados - em tempo: ele não paga -, que existe um continente árabe. Nos EUA os erros de Mr. Bush são chamados bushism. No Brasil, são as "pérolas do Lula". Porque lulismo é outra coisa. Lulismo é uma ideologia baseada na figura do Lula. Uma asneira ainda maior.

Em julho de 2004, por exemplo, nosso líder proferiu sábias palavras no lançamento de uma campanha intitulada "O melhor do Brasil é o brasileiro":

Não sei se vocês já perceberam que o Brasil é um país que não tem herói. É muito
difícil um país viver sem referências históricas.


O melhor comentário sobre a campanha veio de Diogo Mainardi: "Se de fato o melhor do Brasil é o brasileiro, imagine como é ruim o resto do país". Mas o que discuto aqui não é a campanha, mas a frase. Lula disse que o Brasil não tem heróis. Minha primeira reação advém da razão prática. Se pronunciado pelos lábios de um esquerda, grande é a probabilidade de se tratar de uma inverdade. Lembrem-se disso.

Se o sr. Lula, ao invés de fazer populismo diplomático resolvesse circular pela capital Brasília, saberia que existe um monumento dedicado ao ex-presidente sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, aquele mesmo que para o sr. Lula está reencarnado em Lula. E se ao invés de mirar o umbigo decidisse olhar pela janela de seu gabinete saberia que há outro monumento, na Praça dos Três Poderes, dedicado, veja só!, aos heróis do Brasil.

E Lula soube disso. E resolveu, desrespeitando a norma legal, gravar o nome de Chico Mendes no Livro de Heróis. Uma apresentadora de televisão "original" e "descolada", classificou a atitude como "a mais corajosa do Governo Lula". O Brasil tem heróis. E Lula sabia. Também sabia que não havia os heróis que ele queria. Chico Mendes não seria mais do que o corpo de Lênin em Pindorama.

Lula alçou então outro nome ao posto de herói nacional: Marcos Pontes. Esse aí ao lado com pose de galã. De acordo com nosso Presidente, um exemplo. Seu passeio pelo espaço custou US$ 10 milhões de dólares. O primeiro turista espacial brasileiro, um manequim que sorria insistentemente para as câmeras da ISS. Um artista. Deu entrevista para William Bonner no Jornal Nacional. Falou sobre futebol com Lula. Plantou feijão no espaço. Na volta, ganhou medalhas. Apareceu no Fantástico e no Faustão. "É da Globo?".

E agora, com 43 anos, veja só!, vai se aposentar! E depois de milhões de dólares às custas do contribuinte abandona a carreira militar para que possa cobrar pelas palestras que vier a dar. Lula, claro, não sabia de nada. Foi traído. E agora, vamos todos tomá-lo como exemplo...

O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.

Um comentário:

Psycrow disse...

Meu camarada, não quero ser seu inimigo nunca! :D Mandou bem no post. Estou recomendando a alguns amigos isso.

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