Gilles Gomes de Araújo Ferreira

quarta-feira, 31 de maio de 2006

Direito ao crime

Minas Gerais, 31 de maio de 2006

Não sei se é a Copa do Mundo ou se fiquei com inveja do Presidente, mas hoje começo o post falando de futebol. Não exatamente sobre o futebol, mas sobre aqueles que orbitam em torno deste mundinho: futebolistas, prepadadores, jornalistas, comentaristas, cartolas, mesa-redondistas. Todos eles apresentam em comum mais do que um ufanismo arrogante e míope: um clichê que reza haver no Brasil 180 milhões de técnicos.

As regras do futebol não parecem muito difíceis de compreender, tendo em vista principalmente que os entendidos disso não entendem de mais coisa nenhuma. Mas o futebol não tem o privilégio de ser alvo de 180 milhões de palpiteiros. Temos ainda esse mesmo número de economistas, administradores públicos, economistas, cientistas políticos, doutores em Direito, ecologistas.

A maioria dos apresentadores que exibem jugulares saltitantes nos telejornais verpertinos jamais abriu o Código Penal. Assim como a maioria dos jornalistas não sabe o que significa "amortização". E a maioria dos que atacam religiosos não passaram do Gênesis. Isso torna suas opiniões menos respeitáveis? Claro que não. As pessoas criticam a legislação penal porque a consideram muito condescendente com os criminosos. Ninguém precisa ler Victor Eduardo Gonçalves Rios para perceber isso. Elas criticam a economia porque vêem um desemprego acima de 10%. Ninguém precisa decorar a ata do Comitê de Política Monetária para perceber que não estamos num boom econômico.

Por exemplo: alguém já leu a Declaração Universal dos Direitos Humanos? Este documento foi proclamada pela Organização das Nações Unidas em 1948. Não é muito grande, são apenas 30 artigos. Mas ninguém precisa saber quais são para responder a essa pergunta: os Direitos Humanos incluem o direito de matar? Lendo a The Spectator, descubro que há quem pense assim.

De acordo com a revista inglesa, a Anistia Internacional pretende, em agosto de 2007, adotar como bandeira, assim como fizeram as seções da Nova Zelândia e da Grã-Bretanha, a legalização do aborto. De acordo com a AI, "os direitos humanos devem ser entendidos de maneira que o direito das mulheres à integridade física e moral inclua seu direito de interromper uma gravidez ... deste modo, o aborto deve ser considerado uma opção legal, segura e acessível a todas as mulheres".

A Anistia Internacional não é aquela ONG que no ano passado, junto com uma penca de artistas politicamente corretos da politicamente correta e politicamente poderosa TV Globo, argumentou que deveríamos votar SIM no Referendo no ano passado, dizendo que mesmo que isso não diminuísse a violência, uma morte evitada valeria o esforço? Não é aquela ONG que chamou Guantánamo de "gulag do nosso tempo" e que mantém os dedos inquisidores - os mesmos do post anteior - sobre os EUA porque eles se recusam a revogar a pena capital? Curioso... o mesmo organismo que defende os culpados é aquele que quer o assassínio dos inocentes.

Só há uma ocasião em que uma gravidez possa ser classificada como indesejada: quando resultado de estupro. Não há outra. Ninguém engravida por acidente. Há um sem-número de maneiras de se evitar uma concepção: preservativo masculino e feminino, pílula, DIU, laqueadura, vasectomia, esterilização, histerectomia, espermicida, e em último caso, pílula do dia seguinte. Só engravida quem quer. É como querer atravessar a rua de olhos vendados sem ser atropelado. Transformar o aborto em método contraceptivo é mais um resultado do escapismo. As pessoas não querem ser responsabilizadas por aquilo que fazem. Já sabem de quem é a culpa disso, claro.

Mas como um liberal clássico não deveria eu defender os direitos individuais? Mas eu estou. Os direitos individuais são intocáveis até o instante em que passam a interferir na esfera de responsabilidade da outra pessoa. Em outras palavras, estou defendendo os direitos do bebê. Todos os criminosos, do ladrão de galinhas ao nazista Hermenn Göring tiveram chance de se defender. E agora querem tirar esse direito dos uterinos. Às mães que abortam e aos bandidos a ONG mantém a mesma retórica, que nós não podemos culpá-los.

Para a Anistia, as pessoas não podem ser censuradas pelos erros que cometeram. Os que erraram são, acredite, as maiores vítimas. E os culpados pelos males do mundo? Eu e você.

domingo, 28 de maio de 2006

É a fantasia, estúpido

Minas Gerais, 28 de maio de 2006

Então um tucano, presença constante no comando do partido desde a fundação deste, faz o seguinte comentário sobre as últimas pesquisas sobre a eleição presidencial de 2006:

Em 1994, à esta época do ano, Fernando Henrique só tinha 7% dos votos.


Ótimo. Só o que precisam fazer agora é criar um Plano Real para o sr. Alckmin...

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Esqueçam o sr. Fernando Henrique, o sr. Mário Covas e o PSDB. Esqueçam o Plano Real, o grampo no BNDES, a emenda da reeleição, a pasta rosa, as privatizações (os métodos, não os resultados), a ajuda aos banqueiros amigos do sociólogo, o apoio ao então Presidente do Peru Alberto Fujimori, a explosão das dívidas interna e externa, o aumento da carga tributária, as 65 CPIs abafadas pelo Governador Alckmin, esqueçam o sr. Sérgio Motta, o SIVAM e o apagão.

Esqueçam também o PT, o Fome Zero, a cadela de Lula usando carro oficial com motorista, as relações excusas com o MST, o Aerolula, o sr. Waldomiro Diniz, a estrela vermelha nos jardins do Palácio do Alvorada, a tentativa de expulsão de Larry Rother, o Conselho Federal de Jornalismo, a Ancinav, Hugo Chávez, Fidel Castro, Néstor Kirchner, o Mensalão, os srs. Delúbio Soares, Sílvio Pereira, e José Dirceu, os recursos não-contabilizados, a inércia diante do sr. Evo Morales e as ações afirmativas.

Quero que foquem suas atenções em apenas dois personagens: o sr. Luís Inácio Lula da Silva e o sr. Geraldo José Rodrigues Alckmin. Não seus programas de governos, mas a partir de suas personalidades e biografias, tentar construir um tratado sobre os brasileiros.

O sr. Luís Inácio nasceu em Caetés, Pernambuco. O pai conheceu quando tinha cinco anos de idade. Aos sete anos, viajou por 13 dias num caminhão pau-de-arara, mudando-se com a família para o Guarujá. Passou a trabalhar vendendo amendoim, tapioca e laranja nas ruas. Quatro anos depois seus pais se divorciaram e Luís Inácio se mudou com a mãe para São Paulo. A família morou numa casa com um único cômodo, no fundo de um bar. Aos doze anos, conseguiu seu primeiro emprego, numa tinturaria. Foi também engraxate e office-boy. Com quatorze anos teve seu primeiro emprego com carteira assinada. Começou a estudar no SENAI e aos 17 foi trabalhar na metalurgica Fris Moldu Car. Em um turno durante a madrugada, um colega cochilou e soltou o braço da prensa, decepando seu dedo mínimo. Em maio de 1969 casou-se com Maria de Lourdes. No ano seguinte, a mulher morreu durante o parto, vítima de falta de atendimento médico. A partir daí Luís Inácio, agora Lula, decidiu lutar por melhores condições de vida para os seus, agora "companheiros". Eleito com 92% dos votos para o sindicato, reeleito com 98%. Enfrentou a ditadura militar convocando greves. Foi perseguido e preso. Liberto, fundou o Partido dos Trabalhadores, junto com sindicalistas, intelectuais, políticos, religiosos e movimentos sociais. Foi eleito Presidente da República em 2002.

O sr. Geraldo Alckmin nasceu em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Estudou na Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté, especializando-se em anestesiologia. Casou-se com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin. Em 1972 foi eleito vereador em sua cidade natal. Depois prefeito, deputado estadual. Membro fundador do PSDB. Deputado federal. Reeleito. Vice-Governador no Governo Mário Covas. Com a morte deste, assume o Governo do Estado. Reeleito. Decide se candidatar à eleição presidencial de 2006.

Porque preferimos votar (não eu ou você, os brasileiros) em Lula? Quebro aqui uma regra repetida por nossos professores de redação e respondo à pergunta com outra pergunta: qual é a poesia que há em Alckmin? Se o sr. Lula fosse, com todo o respeito (protocolar, não pessoal), uma mulher, poderia ser uma das heroínas da - péssima - literatura de Sidney Sheldon. A mocinha que sofre, apanha, chora, come o pão que o diabo amassou com a cauda... pra depois ressurgir vitoriosa e se vingar corrigindo os erros do mundo. Já a vida do sr. Alckmin é linear. Estável. Uma chatisse.

Uma pesquisa recente, feita - e não divulgada - pelo Palácio do Planalto, mostrou que a maioria dos brasileiros (não eu ou você) que o sr. Lula foi realmente traído. E que ele foi muito "gente boa" ao se negar a dar os nomes dos Brutus que o apunhalaram. Como assim? Renata Lo Prete, a jornalista que ouviu antes de todos - e antes de Lula - sobre o mensalão, conta a opinião de um popular sobre a corrupção: "não quero nem acreditar que o Lula traiu a gente". Demóstenes, há 2.300 anos: "É extremamente fácil enganar a si mesmo, pois o homem geralmente acredita no que deseja".

Ninguém gosta do homem Luís Inácio da Silva. Queremos (não eu ou você, os brasileiros) o mito Lula. Eis uma diferença entre esquerda e direita: a direita é racional, a esquerda é mítica. A esquerda não gosta do Fidel que fuzilou dissidentes no paredón, nem do Fidel que condenou seu povo à miséria socialista, da fuga desesperada em canoas. Gosta é do Fidel que bradou que seria absolvido pela história, que praticou o tão charmoso confronto contra os poderosos, que "ofereceu" uma alternativa ao capitalismo globalizante. Também não gostam do Che que era um fracasso na economia cubana, que torturou e matou camponeses, que almejou um Estado burocrático-stalinista. Gostam do Guevara que previu que podem matar uma, duas, três rosas, mas nunca impedir a privamera.

Converse com Lula por 5 minutos vote nele. Converse com Alckmin por 30 minutos e vote nele. Lula é emoção. Alckmin é razão. As pessoas querem se emocionar. E os brasileiros não gostam de pensar. Dá muito trabalho...

O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.

quarta-feira, 24 de maio de 2006

Heróis e vilões

Minas Gerais, 24 de maio de 2006

Não é surpresa para ninguém que o sr. Luis Inácio peca pela falta de cultura - histórica, política, econômica - e pela loquacidade. Ou tagarelice, se preferiram. Páginas e páginas na internet se dedicam a enumerar os deslizes que o Presidente comete quando uso faz da palavra. Graças à eloqüência de S. Exa., hoje sabemos que sua mãe nasceu analfabeta, que Napoleão foi à China, que aqueles que pagam Imposto de Renda são privilegiados - em tempo: ele não paga -, que existe um continente árabe. Nos EUA os erros de Mr. Bush são chamados bushism. No Brasil, são as "pérolas do Lula". Porque lulismo é outra coisa. Lulismo é uma ideologia baseada na figura do Lula. Uma asneira ainda maior.

Em julho de 2004, por exemplo, nosso líder proferiu sábias palavras no lançamento de uma campanha intitulada "O melhor do Brasil é o brasileiro":

Não sei se vocês já perceberam que o Brasil é um país que não tem herói. É muito
difícil um país viver sem referências históricas.


O melhor comentário sobre a campanha veio de Diogo Mainardi: "Se de fato o melhor do Brasil é o brasileiro, imagine como é ruim o resto do país". Mas o que discuto aqui não é a campanha, mas a frase. Lula disse que o Brasil não tem heróis. Minha primeira reação advém da razão prática. Se pronunciado pelos lábios de um esquerda, grande é a probabilidade de se tratar de uma inverdade. Lembrem-se disso.

Se o sr. Lula, ao invés de fazer populismo diplomático resolvesse circular pela capital Brasília, saberia que existe um monumento dedicado ao ex-presidente sr. Juscelino Kubitschek de Oliveira, aquele mesmo que para o sr. Lula está reencarnado em Lula. E se ao invés de mirar o umbigo decidisse olhar pela janela de seu gabinete saberia que há outro monumento, na Praça dos Três Poderes, dedicado, veja só!, aos heróis do Brasil.

E Lula soube disso. E resolveu, desrespeitando a norma legal, gravar o nome de Chico Mendes no Livro de Heróis. Uma apresentadora de televisão "original" e "descolada", classificou a atitude como "a mais corajosa do Governo Lula". O Brasil tem heróis. E Lula sabia. Também sabia que não havia os heróis que ele queria. Chico Mendes não seria mais do que o corpo de Lênin em Pindorama.

Lula alçou então outro nome ao posto de herói nacional: Marcos Pontes. Esse aí ao lado com pose de galã. De acordo com nosso Presidente, um exemplo. Seu passeio pelo espaço custou US$ 10 milhões de dólares. O primeiro turista espacial brasileiro, um manequim que sorria insistentemente para as câmeras da ISS. Um artista. Deu entrevista para William Bonner no Jornal Nacional. Falou sobre futebol com Lula. Plantou feijão no espaço. Na volta, ganhou medalhas. Apareceu no Fantástico e no Faustão. "É da Globo?".

E agora, com 43 anos, veja só!, vai se aposentar! E depois de milhões de dólares às custas do contribuinte abandona a carreira militar para que possa cobrar pelas palestras que vier a dar. Lula, claro, não sabia de nada. Foi traído. E agora, vamos todos tomá-lo como exemplo...

O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.

quinta-feira, 18 de maio de 2006

Chamem a Direita!

Minas Gerais, 19 de maio de 2006

Uma recomendação que faço aos leitores, eventuais ou fiéis, deste blog: leiam The Daily Telegraph. Dos jornais de qualidade - em outras palavras, desconsiderando os famigerados tablóides - é o mais lido em toda a ilha da Bretanha. Mas o que me agrada nele é a posição editorial: um conservadorismo tradicionalista - um pouco romântico, admito. O Telegraph é a principal empresa dos irmãos Barclay, que inclui ainda tesouros como a The Spectator, The Business, a cultural Apollo e The Scotsman. Hoje habituei-me a ler tudo o que sua Press Holdings publica - principalmente depois que descobri Gerald Warner...

Como um bom conservador, o principal passatempo do Telegraph é maldizer Tony Blair e seu New Labour. Não que o jornal não dê seus puxões de orelhas nos Tories também - a mais recente foi quando o novo líder dos Conservadores David Cameron propôs limitar os poderes de Sua Majestade -, mas a esquerda, mesmo a "moderninha" comete tantos erros que não criticá-los significa ser conivente.

Lendo os jornais ingleses percebe-se que a maior preocupação dos ilhéus é, veja só!, a segurança. Os índices de criminalidade têm crescido ano a ano, e há cada vez mais pessoas dispostas a eleger o governo trabalhista como o grande responsável por isso.

Os súditos de Elizabeth II pediram a cabeça do Ministro do Interior Charles Clarke quando descubriram que 1.023 criminosos estrangeiros, alguns condenados por pedofilia, homicídio e tráfico de drogas, foram libertados e não foram deportados. E que um número considerável destes bárbaros voltou a praticar crimes. Mr. Clarke renunciou. E agora as censuras se dirigem ao Ato de Direitos Humanos, uma lei aprovada em 1998 pelos trabalhistas.

Em editorial intitulado Give back our rights publicado em 14.05, o The Sunday Telegraph afirma:

The British public is increasingly worried by judgments whose effects is to rank
the "rights" of criminals higher than those of law-abiding citizens. As a
result, the whole notion of human rights is becoming discredited. Rather than
basic protections against arbitrary power, "human rights" are now seen as legal
fictions that prevent the police, the inteligence service and other government
agencies from doing what they believe needs to be done in order to safeguard the
nation.


Sobre as agências de direitos humanos, leiam o post que está logo abaixo. Não vou repetir o que disse dias atrás. Agora vou me dedicar a um exercício que a esquerda detesta: a lógica. Tomemos como exemplo a crise de segurança que abala a até então pacata Grã-Bretanha, onde os policiais sequer carregavam armas e podiam se dar ao luxo de andar de bicicleta pela Londres cosmopolita. Nove anos de governo esquerdista fizeram aumentar a criminalidade. Proibição de venda de armas em 1997, fim da deportação de criminosos estrangeiros, lei de direitos humanos condescendente com os criminosos... Tudo o que reza a cartilha politicamente correta foi implementada por Tony "BLiar". Mas não tomemos resultados precipitados...

Vejamos o país mais à esquerda pragmática da América do Sul, a Venezuela. O intelecto esquerdista culpou hoje na Folha de São Paulo a "extrema desigualdade social do país" pela criminalidade que molesta a sociedade brasileira há tempos. A mesma esquerda defende o Sr. Hugo Chávez alegando que ele, justamente, reduziu a pobreza e a desigualdade naquele país. Entretanto, curiosamente, esse ano Caracas ganhou o título de "capital mundial do crime", que vem aumentando ano a ano desde que o Sr. Chávez iniciou a Revolução Bolivariana.

Até então a capital mundial do crime era Bogotá. Mas desde que o conservador Álvaro Uribe assumiu a presidência, as coisas mudaram por lá. Jurado de morte em mais de uma ocasião, deixou de lado um orgulho latino-terceiro-mundista e se aliou aos EUA numa luta contra o crime na Colômbia. Milhões de dólares jorraram no país num acordo maldito aos berros pela esquerda independentista do continente. Um novo plano de segurança nacional foi elaborado, e em dois anos o número de homicídios, seqüestros e atentados terroristas caiu mais de 50%. Um ano depois caiu mais 27%. Mas ainda assim as ONGs defensoras nos direitos humanos - não os nossos, com certeza - criticam a "excessiva militarização do processo"...
Foi também um conservador, Rudolph Giuliani, quem conseguiu vencer o crime na cidade de Nova Iorque. Com uma política de tolerância zero contra o crime, que punia severamente até mesmo pequenos delitos, "Rudy" transformou a "esquina do mundo" numa das cidades mais seguras do globo. Mas isso também não o deixou imune às críticas. Que vieram dos mesmos. E que ainda não se pronunciaram sobre a guerra urbana paulistana.
Giuliani e Uribe foram bem-sucedidos porque trataram o crime como crime. E criminoso como criminoso. Seus opositores ideológicos, no entanto, preferiram tratar os réus como vítimas. A decisão a se tomar agora é lógica. Mas como foi dito antes, a esquerda não gosta de lidar com a lógica.

segunda-feira, 15 de maio de 2006

"Eu posso entrar numa delegacia e matar um policial, mas um policial não pode entrar na cadeia e me matar, porque é obrigação do Estado me defender."

Começo fazendo um pedido aos leitores que me são caros: cliquem aqui. É o site da Anistia Internacional. Seu lema, escrito em inglês, é "trabalhando para proteger os direitos humanos ao redor do mundo". A segunda parte, lamento, se restringe aos que dominam a língua de Shakespeare: procurem uma declaração, uma frase, uma nota de rodapé sobre o genocídio que há alguns dias apavora o Estado mais rico e populoso da Federação. Avisem-me o quanto antes. Ou melhor, avise-os.

Um pouco mais de paciência, eu peço, e clique aqui. É o site da Human Rights Watch que, vejam só!, adota o mesmo lema da AI. "Defendendo os direitos humanos ao redor do mundo". Ali, mesmo que não saibam inglês, poderão ler o nome "Claudio Lembo". É uma carta dirigida ao Sr. Governador do Estado de São Paulo. Mas não se enganem como eu. Não oferece condolências aos policiais ou aos civis condenados por serem honestos. A missiva, datada de 11 de maio de 2006, reclama de perseguições contra uma senhora que fundou uma ONG (mais uma!) que visa defender os menores da Febem (mais uma!).

A frase que titula este post é de autoria de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital. Em três dias, a facção criminosa praticou 180 atentados terroristas em que assassinaram 6 policiais civis, 22 policiais militares, 4 civis, 3 guardas civis, 8 agentes carcerários, e deixaram feridos 6 policiais civis, 19 policiais militares, 8 guardas civis, 1 agente penitenciário e 15 civis. No Dia das Mães, mantiveram como reféns suas próprias genitoras, suas esposas e suas crianças, algumas ainda no colo, carregando brinquedos. Acreditem, caríssimos, eles são as vítimas...

Vítimas de quem!? Eu respondo: de todos nós. Nós que levantamos antes do sol para trabalhar. Nós que damos de comer aos nossos filhos o suor de nossos rostos. Nós somos os vilões da história. Os bandidos, pobre coitados, são vítimas do sistema neoliberal, do preconceito da sociedade, da falta de oportunidade. Nós somos os responsáveis pelo seu fracasso. Nada de surpreendente, então, com o que aconteceu na segunda-feira. Como num filme de John Ford os mocinhos foram mais rápidos no gatilho e num duelo, fizeram o bem prevalecer.

O parágrafo acima é sarcástico. Não estou duvidando de suas inteligências, mas do juízo crítico de quem sustenta esse discurso como se fosse a mais última verdade revelada, depois do comunismo e da terceira via. E assim como o comunismo e a terceira via, não aguentam um mínimo de racionalidade. Ora, a sociedade é a grande vilã pela corrupção dos anjos sobre a Terra pececistas. Eu vivo nessa sociedade. Logicamente, era de se esperar que nos tornássemos facínoras escondidos sob a égide do humanismo esquerdista. Quantas pessoas você matou hoje?

Outro exemplo: no famigerado caso Suzane von Richthoffen, acusaram seus pais, as vítimas!, pelo crime. Disseram que educaram a menina errado. Se esquecem que eles também educaram o irmão dela. E ele não matou ninguém!

Sabem qual é o símbolo do PCC? O yin-yang chinês. Dizem que é para "equilibrar o bem e o mal com sabedoria". Pausa. Sabem qual é o lema do PCC? Paz, Justiça e Liberdade. Os romanos tinham um ditado, si vis pacem para bellum, ou em bom português, se querem a paz, preparem-te para a guerra. A paz, para os latinos, só seria possível quando toda a Europa bárbara se rendesse aos seus domínios. Essa é a paz do PCC. A paz submissa.

O que fazer então? Vejamos o que diz um membro da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, João Luís Duboc Pinaud:

Essa onda evidencia, acima de tudo, o recrudescimento do pensamento de direita
no nosso país. [As causas são] a brutalidade policial, os cárceres desumanos e a
morosidade do Judiciário. O cárcere não é solução. Não se controla a
criminalidade apenas com mais força. Essa história de penas mais rigorosas,
aumento do contingente policial, uso de equipamento mais sofisticado apenas é
uma loucura.


Façamos então o seguinte: no próximo fim-de-semana vamos todos aos presídios cobrir de mimo e ternura aqueles - inustamente - mantidos em cárcere desumano pelo Estado. E torçamos para que não nos tomem por reféns. O Sr. João Luís Pinaud foi Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Lá implantou suas medidas "humanas". Comentários? Desnecessários.

Custa me crer que uma pessoa com um mínimo de massa cinzenta e discernimento moral possa compartilhar da idéia de que os bandidos não são piores que nós. Uma vez me criticaram por usar o termo "homem de bem". Disseram que não há diferença entre os meliantes e eu. Claro que há, pelo menos uma: eu não cometo crimes!

Em nenhum momento deste post perguntei "até quando?" ou "quantos mais?". Conformem-se, nada muda dessa vez. Continuaremos a nos trancar em casas. Continuaremos a ser atacados, vilipendiados e humilhados pelas vítimas do sistema. E continuarão a defender uma idéia suicida de sociedade. E continuarão a apontar seus dedos inquisidores para as mães chorosas daqueles que cometeram o único crime de ser honestos.

sábado, 13 de maio de 2006

sábado, 6 de maio de 2006

Quem poderá nos defender?

No último dia 31 de março o Presidente da República fez um pronunciamento transmitido em rede nacional pelo rádio e pela televisão. Tendo como fundo os jardins do Palácio do Alvorada - os mesmos que ostentam uma estrela escandalosamente vermelha - o sr. Lula, depois do auto-elogio que lhe é característico, agarrou-se à nova campanha eleitoral petista, também conhecida como auto-suficiência. Naquele discurso, a Excelência chamou a Petrobrás de orgulho nacional.

No dia seguinte, o presidente da Bolívia, Evo Morales, cria de uma costela de Lula, ordena uma invasão militar aos poços e escritórios da mesma Petrobrás. O Brasil se cala. Convoca reuniões. Chama embaixadores e analistas. E se rende antes mesmo de lutar. Em nota, o Governo Federal concorda com a atitude do cocaleiro andino.

A expropriação dos ativos de empresas estrangeiras não chegou a ser surpresa. Morales já tinha prometido isso antes mesmo de ser candidato. A esquerda boliviana é tão obtusa quanto a brasileira. O que nos chocou mesmo foi perceber que Duda Mendonça também trabalha lá: Forças Armadas, anúncio diante de uma refinaria, no meio do povo, em 1.º de Maio, a data sagrada dos socialistas... Só mesmo Dr. Goebbels pensaria num espetáulo melhor.

Uma reunião foi anunciada. Em Puerto Iguazú, na Argentina, Lula, Morales, Kirchner e Chávez se reuniriam para tratar da questão boliviana. Foram três horas de reunião. Mas muitas serão necessárias para digerir um golpe: o Presidente (do Brasil?) não só foi conivente com a selvageria como a parabenizou. E afirmou que vai investir mais no país. E quer que a Bolívia faça parte do faraônico desperdício de tempo e dinheiro, que alguns também gostam de chamar de Gasoduto Sul-Americano.

Uma coisa que se aprende com o tempo: a esquerda é traiçoeira. Lula - mais uma vez, acredite! - foi traído, desta vez por Morales, Chávez e, se ainda não sabem, Fidel.

A verdade é que o sr. Lula não tem orgulho. Apunhalado pelas costas numa conspiração em que acreditara dominar, preferiu insistir num ideal romântico de união ultra-mundana. E como o marido traído que aceita as orgias da esposa, implora por um lugar ao sol.

O problema é que, por ora, Luis Inácio não é uma pessoa. É uma instituição. E é aí que mora o perigo. Se a Petrobrás, que para o Presidente é um orgulho nacional, foi aviltada da maneira que foi, o que será que acontecerá quando as viúvas de Perón e Getúlio decidirem declarar guerra ao que move este país, seja a indústria, o comércio, ou o próprio povo? Porque, acreditem, quando a febre nacional-xenofóbica for curada na Bolívia e os cucarachos se derem conta da estupidez que aprontaram, nós seremos o alvo fácil. Quem garante que amanhã não estarão chorando o Acre?

É numa crise que surgem os líderes. Estamos numa crise, quer o Presidente queira ou não. E nessa crise pudemos perceber quão pequeno ele pode ser. É deprimente saber que enquanto somos vilipendiados, escarnecidos, desprezados e atacados por um continente, não podemos contar senão com um poltrão que se esconde atrás das saias de ministros e secretários cujas idéias não se sustentaram nunca. A covardia do presidente, me perdoem o clichê, é uma vergonha!

O Brasil é um atentado à inteligência.
Kyrie Eleison.

segunda-feira, 1 de maio de 2006

A comédia do Estado bisbilhoteiro | João César das Neves

O artigo abaixo, publicado num jornal lisboeta, se refere a Portugal, mas pode muito bem ser aplicado a estas terras tropicais.
O nosso tempo pode ser muito cómico, até no meio das dificuldades. Portugal está em crise e boa parte dela vem do Estado. Há problemas gravíssimos na saúde, educação, justiça, finanças. As causas são variadas, mas uma razão é paradoxal: o sector público não faz o que é da sua conta porque anda a fazer o que é da nossa.
Pagamos uma fortuna todos os anos ao Sistema Nacional de Saúde para tratar as doenças, dar consultas, cuidar enfermos; ele não faz isso bem, mas ocupa-se a proibir o fumo. Nós dedicamos muito dinheiro às forças de segurança para prenderem os ladrões e protegerem os cidadãos; em vez disso andam a discutir umas décimas no grau de alcoolemia. Nós esbanjamos milhões no Ministério da Educação para ensinar os miúdos a ler, escrever e contar; em vez disso, dedica-se a congeminar educação sexual. O Ministério das Finanças arruína o País com os seus gastos, mas anda muito preocupado com o sobreendividamento das famílias.
Há umas décadas, quem tratava destes assuntos - tabaco, vinho, sexo, poupanças - eram as tias velhas e beatas. Sendo assuntos do foro pessoal, só algumas bisbilhoteiras se atreviam a comentá-los. Nessa altura, sem pachorra para aturar os ralhetes gongóricos, repudiaram-se as abelhudas moralistas. Passou a viver-se de forma desinibida e emancipada, participando numa sociedade livre e tolerante, que respeitava o indivíduo. Esta foi a grande vitória cultural de meados do século passado.
Rodaram os anos e as coisas regressaram à caricatura do que tinham sido. Agora entregámos os mesmos assuntos, que continuam do foro privado, aos burocratas, polícias, cientistas, fiscais. Já não temos de ouvir sermões edificantes ou censuras enfatuadas, mas somos forçados a suportar inspecções policiais, pagar multas, cumprir regulamentos incompreensíveis, aturar supostos especialistas e estudar manuais escolares sobre esses temas. E chamamos à nossa uma sociedade livre e sem tabus, avançada e descomplexada.
A verdade é que vivemos um moralismo legal mais asfixiante e petulante que qualquer teocracia da Antiguidade. Os decretos ministeriais metem o nariz em tudo, do brinde do bolo-rei aos galheteiros nos restaurantes, dos coletes retrorreflectores nos carros aos locais de piquenique. Os menores detalhes da vida privada estão estatuídos em leis, códigos, despachos. A grande parte dos debates políticos da sociedade actual ocupa-se, não de problemas públicos, mas da vida íntima. Num tempo que se julga livre de dogmas e censuras, o grande tema de partidos, deputados, portarias são os hábitos e costumes, o conforto e intimidade, os valores e opções. Não há paralelo na História para esta ditadura moral, nem sequer na república florentina de Girolamo Savonarola. Chegámos ao paroxismo de governos, baseados em maiorias ocasionais, se acharem com direito a redefinir conceitos milenares, como casamento e família, vida e morte.
Como foi possível esta evolução? Como se entende que os ideólogos da sociedade aberta estejam a repetir, em pior, a atitude que mais repudiam? Há várias justificações para este paradoxo. A primeira vem do facto de, enquanto as velhas beatas estavam interessadas no bem--estar daqueles a quem ralhavam, hoje o Estado diz preocupar-se com terceiros. O motivo da lei não é a limitação da liberdade individual, mas os fumadores passivos, os acidentes rodoviários, a gravidez indesejada, o ambiente poluído, o desequilíbrio financeiro nacional.
Isso quer dizer que numa sociedade aberta é possível ser moralista e constranger as pessoas se a preocupação for com outros. A falácia está precisamente aí. A lei proíbe o fumo, mesmo se os fumadores passivos não se incomodarem ou sequer lá estiverem. O planeamento familiar e educação sexual podem impor um comportamento moral, se for sob capa de resultado científico.
Há um outro elemento curioso. O moralismo estatal de hoje julga-se progressivo porque defende o contrário do que diziam as antigas beatas. O que elas repudiavam é hoje recomendado, enquanto se proíbe aquilo que toleravam. O nosso Governo moralista facilita o divórcio e pornografia, protege os toxicodependentes e endividados. O que ele reprime violentamente é o copito a mais ao jantar, um bom charuto no bar, o lixo nas matas, o sexo sem preservativo. Isso é que são atitudes infames, inaceitáveis, que o nosso tempo tolerante não pode tolerar.
Uma coisa é evidente: as gerações futuras vão-se fartar de rir de nós.

Esquerda, direita, volver | João Pereira Coutinho

Caro leitor: você é de esquerda ou de direita? Calma, não sou eu que pergunto. É Paul Johnson, historiador britânico, em artigo recente para a revista "Spectator". Explico: Johnson, o segundo sábio desse nome depois do primeiro Samuel com o mesmo nome, procura investigar qual foi o homem mais à direita na história da humanidade. Encontramos figuras clássicas, entre a política e as letras. Temos Charles X, o último Bourbon. Fernando de Nápoles. Ronald Reagan. Joseph de Maistre, o feroz anti-racionalista para quem a França revolucionária era a encarnação do diabo. E o bondoso C.S. Lewis, mais conhecido pelas suas histórias de "Narnia" e não tanto por suas opiniões políticas.
Mas o texto de Johnson criou certo "frisson" com afirmação que eu julgava consensual. Afirma Johnson que é um erro considerar Hitler como um representante da direita. Hitler, para além de criminoso e genocida, era estruturalmente um socialista. E porquê? Porque Hitler consegue furar as seis regras essenciais de qualquer conservador que se preze. Primeiro: a crença num Deus omnipotente e omnipresente. Segundo: uma moral absoluta como base de qualquer sistema legal. Terceiro: a defesa de um Estado mínimo, quer em extensão, quer em ambição. Quarto: o respeito por poderes tradicionais e tradicionalmente instituídos. Quinto: um certo controlo e autocontrolo de conduta. Sexto: a procura de um equilíbrio entre o indivíduo e o Estado.
Hitler, pelo contrário, faz o pleno: ateu, relativista, ultra-centralista, exibicionista e coletivista. Mais ainda: um conservador, para Johnson, tende a olhar para a força como o último recurso. Hitler olhava como o primeiro. Os leitores desabaram sobre Johnson. Não entendo porquê.
E não entendo porque Johnson está certo (sobre Hitler) e quase certo (sobre um conservador): não acho que a crença em Deus seja o primeiro critério de qualquer posição conservadora. Talvez seja válido para Burke, Coleridge e para os dois Johnson, Samuel e o próprio Paul. Mas o que dizer de David Hume ou mesmo Michael Oakeshott?
Seja como for, o artigo de Johnson, e a caracterização de Hitler, tem importância como exercício intelectual. Sobretudo ao confrontar a preguiça ideológica de quem olha o mundo a preto e branco, quando a discussão envolve "esquerda" e "direita" em luta mortal. Todos sabemos como começou essa luta. Em 1789, com a falange anti-monárquica à esquerda dos Estados Gerais, os termos «esquerda» e «direita» começaram por ser termos espaciais, definindo quem se se sentava onde em relação ao rei e aos seus ministros. Com o processo revolucionário francês, termos essencialmente espaciais evoluiram ideologicamente: a "esquerda" passaria a representar a mudança, o desejo de mudança, sobretudo contra os privilégios aristocráticos ou eclesiásticos estabelecidos. A "direita" surgia como a defensora da ordem, da conservação --ou, em linguagem ainda mais simplória, apoiante da "reação". Claro que, em termos reais, as classificações valem o que valem.
Valem o que valem ainda durante a Revolução Francesa: Burke pode ser o primeiro dos conservadores modernos na sua oposição a 1789. Mas Burke foi também um tenaz defensor dos colonos americanos, um crítico de George III e um inimigo mortal da administração colonial na India. Uma carreira política profundamente reformista --na economia, na administração, nas colónias-- não se apaga da noite para o dia.
Mudança ou conservação têm validade relativa. Como tem validade relativa o monopólio da "esquerda" no amor aos mais pobres e desvalidos. A emergência de um Estado Social, capaz de proteger os indivíduos no desemprego, na velhice ou na reforma, contou com contributos decisivos de Disraeli, na Inglaterra, ou mesmo de Bismarck, na Alemanha. Disraeli ou Bismarck não eram propriamente de "esquerda". Ou eram?
Sem falar dos dias que passam. O caso mais extremo pertence, adivinharam, ao maléfico George Bush. Dizem que Bush é de direita (a minoria) e de extrema-direita (a maioria). Mas será mesmo? Se perguntarem a uma parte crescente da "direita" americana, de formação mais "libertária", Bush é um inimigo e um traidor. Para começar, ele se opôs à tradição anti-Roosevelt, defensora de um estado mínimo na extensão e no gasto. Isso, cuidado, se estivermos a falar do Roosevelt pós-1932. Porque o Roosevelt pré-1932, na melhor tradição Jefferson, poderia alinhar pacificamente com a "direita" libertária de hoje. Mas não vamos confundir mais as coisas.
E em política externa? Como explicar o Iraque e o Afeganistão? Uma parte da "direita" americana, de tradição "realista" e "isolacionista", não perdoa o universalismo de Bush na busca da Democracia e do Bem. Isso é coisa de Woodrow Wilson, dizem. Ou, pior ainda, de Trotsky. Não de um "direitista" de verdade. Aliás, se dúvidas houvesse, bastaria dizer, ou acusar, que o "esquerdista" Blair saltou para o barco do "direitista" Bush. Mas, pergunto, será Blair realmente de "esquerda"?
Chega. Melhor ficar por aqui. Ou, então, simplesmente afirmar: "esquerda" ou "direita" perdem alguma da sua autoridade absoluta em confronto com a realidade da história.
Isso não significa que não existam diferenças. E profundas. Existem, sim, e a lista de Paul Johnson é um ótimo começo para qualquer um se situar. Mas desconfio que essas diferenças não podem ser resumidas definitivamente num cardápio ideológico, pronto para ser consumido por fanáticos esfomeados. Esfomeados e, claro, vindos de ambos os lados.