Gilles Gomes de Araújo Ferreira
terça-feira, 31 de outubro de 2006
domingo, 29 de outubro de 2006
quarta-feira, 25 de outubro de 2006
Strong Maggie
Margaret Thatcher defende o afundamento do Belgrano durante a Guerra das Malvinas.
"One moment... that ship was a danger to our boys. That's why that ship was sunk... I know it was right to sink her, and I'd do the same again."
"One moment... that ship was a danger to our boys. That's why that ship was sunk... I know it was right to sink her, and I'd do the same again."
terça-feira, 24 de outubro de 2006
Viva a modernidade!
Há 30 anos vinha abaixo o Palácio Monroe. Primeira obra arquitetônica brasileira a ser reconhecida internacionalmente, o grande palácio branco capitulou ante os ataques do jornal carioca O Globo - que o chamava monstrengo do passeio público sem importância - e a fúria dos modernistas, encantados com a arquitetura moderna de Oscar Niemeyer.
O modernismo arquitetônico, um upgrade do modelo utilitarista soviético, desprezava os detalhes trabalhados, típicos do neoclassicismo. Uma relíquia do passado desconsiderada pelos progressistas que torcem o nariz pra tudo que pareça antiquado ou ultrapassado, o Palácio Monroe é um símbolo da farsa positivista de que o novo é sempre melhor do que aquele que foi substituído. E pra não restar dúvidas, está aí o atual prédio do Congresso Nacional, com as torres e os pratos. Viva a modernidade!
O modernismo arquitetônico, um upgrade do modelo utilitarista soviético, desprezava os detalhes trabalhados, típicos do neoclassicismo. Uma relíquia do passado desconsiderada pelos progressistas que torcem o nariz pra tudo que pareça antiquado ou ultrapassado, o Palácio Monroe é um símbolo da farsa positivista de que o novo é sempre melhor do que aquele que foi substituído. E pra não restar dúvidas, está aí o atual prédio do Congresso Nacional, com as torres e os pratos. Viva a modernidade!
segunda-feira, 23 de outubro de 2006
L'ami du peuple (2)
Günter Grass, apesar das sugestões de muitos de seus compatriotas, inclusive da Chanceler Angela Merkel, não devolveu o Prêmio conferido pela Academia Sueca em 1999. Depois de confessar ter feito parte da Waffen-SS, muitos foram os que insinuaram um desconforto no Comitê Nobel, houve até quem dissesse que os nórdicos retirariam a premiação antes concedida.
As recentes revelações sobre a juventude do laureado são por demais ilustrativas. Militante da esquerda - meio caminho para ganhar um Nobel -, Hr Grass era um dos maiores críticos do sentimento dominante na Alemanha do pós-Guerra de esquecer - e esconder - o passado nazista. Era ele, no entanto, quem não admitia os erros do passado. Característica da esquerda, a contradição entre o falar e o fazer. Atirar pedras e ter telhado de vidro. Aqueles que criticam o "sistema" são os que mais lucram com ele.
Olimpo da imprensa que se pretende imparcial e acrítica, a British Broadcasting Corporation, não obstante uma história de excessos e imprudências em nome de uma verdade, tenta na justiça impedir a divulgação do Relatório Alen. Apesar de determinação legal que exige que a emissora libere informações sobre si própria, a BBC teme que o documento, que contém críticas à cobertura realizada no Oriente Médio, cause danos à imagem da empresa.
Ainda nos anos 1950 Sir Winston Churchill acusava a emissora de estar infiltrada de "comunistas". Em 50 anos as coisas mudaram, e ficaram piores. A BBC não mais se preocupa em mascarar sua parcialidade. A boa notícia é que os britânicos estão ficando mais sensíveis a isso.
Em 2002 a primeira grande controvérsia. Em março daquele ano morria a centenária Rainha Mãe, Elizabeth Bowes-Lyon. Poucas horas depois do anúncio, a BBC levava ao ar comentaristas que decretavam o fim da Monarquia, aludindo à "apatia" com que os britânicos reagiram ante o passamento de um royal - um membro da realeza. Não demoraria muito para que a rede fosse surpreendida com filas de pessoas que esperavam até 18 horas para assinar livros de condolências. No dia do funeral da "mulher mais perigosa da Europa", na visão de Adolf Hitler, os quase 40 quilômetros que ligam a Abadia de Westminster ao Palácio de Windsor estavam ocupados pelas milhões de pessoas que assistiram ao cortejo. O apoio à Monarquia atingiu 92% naqueles dias.
A estatal teve que lidar ainda com um sem-número de reclamações sobre a maneira "insensível" com que o funeral da Rainha-Mãe foi tratado. Entre os maiores protestos, a ausência de gravatas pretas pelos âncoras que acompanharam a cerimônia e a decisão de manter a programação original ao invés de exibir programas especiais, como fizeram as emissoras comerciais.
Ainda em 2002 seria publicado um memorando interno que ameaçava com demissão quem não adotasse uma postura crítica - leia-se negativa - sobre a Família Real e a Monarquia durante a cobertura do Jubileu de Ouro de Elizabeth II. Ao mesmo tempo, foi extinta a função de Royal Correspondent.
Em 2003, já durante a Guerra do Iraque, um outro escândalo repercutiu ainda mais. David Kelly, funcionário do Ministério da Defesa britânico, participou da elaboração de um dossiê sobre as famigeradas armas de destruição em massa de Saddam Hussein. Em maio, encontrou-se com Andrew Gilligan, jornalista que escrevia sobre a guerra, e Dr Kelly concordou em dar uma declaração com a condição de garantia de anonimato. Ele não acreditava que o Iraque possuísse as armas, e censurava o documento governamental que serviu de base para a defesa do envolvimento do British Army no conflito.
Quando a entrevista foi ao ar, Dr Kelly estranhou que na reportagem seu depoimento tivesse sido distorcido. O Governo britânico pressionou e o cientista foi chamado a depor numa comissão da Câmara dos Comuns. Durante a audiência, Dr Kelly foi questionado sobre sua participação em outro programa, Newsnight, que apresentou reportagem com conteúdo semelhante. Soube-se depois que foi o próprio Mr Gilligan quem saiu com a história de que David Kelly era a fonte dos dois programas. Dr Kelly cometeu suicídio em 17 de julho.
A "irresponsabilidade" da BBC foi denunciada com estrondo pela imprensa britânica por algum tempo. Depois da renúncia do Presidente e do Diretor-Geral da empresa, o Governo anunciava planos para evitar que situações como essas fossem repetidas no futuro. Mas houve casos como o do centro-esquerdista The Independent, que perguntava: "se não podemos confiar na BBC, em quem poderemos?".
Em 2004 o anti-Israelismo traduziu-se na promoção do moribundo líder Yasser Arafat. No ápice da fantasia, a correspondente Barbara Plett revelou que chorou quando o egípcio partiu em direção a Paris. "Yet when the helicopter carrying the frail old man rose above his ruined compound, I started to cry... without warning".
Em 2005 o portal virtual da empresa deixou de reproduzir as capas dos principais jornais do país. Curiosamente, isso ocorreu depois que muitos deles passaram a colocar críticas à BBC nas manchetes. Eles continuam, entretanto, a analisar as edições diárias desses jornais.
A partir desse ano, no entanto, as denúncias de facciosismo começaram a vir de dentro da própria emissora. Em janeiro, o editor Jeff Randall acabara de ser contratado pelo conservador The Daily Telegraph quando concedeu entrevista ao semanário esquerdista The Observer, onde relatava o ambiente sectário dominante entre os funcionários. Segundo ele, o então Diretor-Geral Greg Dyke, aquele que renunciou depois do incidente David Kelly, disse-lhe para ser "um agente da mudança".
Em setembro, Robert Aitken, que trabalhou por 25 anos na BBC Radio e prepara um livro sobre o partidarismo presente nas notícias e programas da emissora, o que ele chamou de "esquerdismo institucionalizado", em entrevista a um blogue, comentou sobre o 'BBC Man':
Mas foi no domingo que um relatório de uma reunião secreta convocada pelo Presidente Michal Grade para discutir a imparcialidade da cobertura da emissora foi divulgado pelo conservador Mail on Sunday. Eles admitem que a emissora está "dominada por homossexuais e minorias étnicas, promovendo o multiculturalismo, é anti-americana, anti-interiorana, e mais sensível aos sentimentos dos muçulmanos que dos cristãos".
Ali estava escrito que os diretores permitiriam que programas de humor atirassem uma Bíblia e uma gravura do Arcebispo de Canterbury, Chefe da Igreja Anglicana, em uma privada, mas nunca o Corão. A BBC também quer apresentadoras muçulmanas vestindo véus para apresentar programas. Ao mesmo tempo, houve duras críticas à âncora Fiona Bruce, que foi ao ar com um crucifixo no pescoço.
Uma taxa de £11 é cobrada mensalmente dos donos de tevê no Reino Unido para financiar a British Broadcasting Corporation - também chamada satricamente de Biased Broadcasting Corporation e Baghdad Broadcasting Corporation -, o que lhe garante um orçamento superior a £4 bilhões anuais, algo como 16 bilhões de reais - todo o patrimônio líquido do BNDES. E já avisou aos pagadores de impostos que precisa de mais.
As recentes revelações sobre a juventude do laureado são por demais ilustrativas. Militante da esquerda - meio caminho para ganhar um Nobel -, Hr Grass era um dos maiores críticos do sentimento dominante na Alemanha do pós-Guerra de esquecer - e esconder - o passado nazista. Era ele, no entanto, quem não admitia os erros do passado. Característica da esquerda, a contradição entre o falar e o fazer. Atirar pedras e ter telhado de vidro. Aqueles que criticam o "sistema" são os que mais lucram com ele.
Olimpo da imprensa que se pretende imparcial e acrítica, a British Broadcasting Corporation, não obstante uma história de excessos e imprudências em nome de uma verdade, tenta na justiça impedir a divulgação do Relatório Alen. Apesar de determinação legal que exige que a emissora libere informações sobre si própria, a BBC teme que o documento, que contém críticas à cobertura realizada no Oriente Médio, cause danos à imagem da empresa.
Ainda nos anos 1950 Sir Winston Churchill acusava a emissora de estar infiltrada de "comunistas". Em 50 anos as coisas mudaram, e ficaram piores. A BBC não mais se preocupa em mascarar sua parcialidade. A boa notícia é que os britânicos estão ficando mais sensíveis a isso.
Em 2002 a primeira grande controvérsia. Em março daquele ano morria a centenária Rainha Mãe, Elizabeth Bowes-Lyon. Poucas horas depois do anúncio, a BBC levava ao ar comentaristas que decretavam o fim da Monarquia, aludindo à "apatia" com que os britânicos reagiram ante o passamento de um royal - um membro da realeza. Não demoraria muito para que a rede fosse surpreendida com filas de pessoas que esperavam até 18 horas para assinar livros de condolências. No dia do funeral da "mulher mais perigosa da Europa", na visão de Adolf Hitler, os quase 40 quilômetros que ligam a Abadia de Westminster ao Palácio de Windsor estavam ocupados pelas milhões de pessoas que assistiram ao cortejo. O apoio à Monarquia atingiu 92% naqueles dias.
A estatal teve que lidar ainda com um sem-número de reclamações sobre a maneira "insensível" com que o funeral da Rainha-Mãe foi tratado. Entre os maiores protestos, a ausência de gravatas pretas pelos âncoras que acompanharam a cerimônia e a decisão de manter a programação original ao invés de exibir programas especiais, como fizeram as emissoras comerciais.
Ainda em 2002 seria publicado um memorando interno que ameaçava com demissão quem não adotasse uma postura crítica - leia-se negativa - sobre a Família Real e a Monarquia durante a cobertura do Jubileu de Ouro de Elizabeth II. Ao mesmo tempo, foi extinta a função de Royal Correspondent.
Em 2003, já durante a Guerra do Iraque, um outro escândalo repercutiu ainda mais. David Kelly, funcionário do Ministério da Defesa britânico, participou da elaboração de um dossiê sobre as famigeradas armas de destruição em massa de Saddam Hussein. Em maio, encontrou-se com Andrew Gilligan, jornalista que escrevia sobre a guerra, e Dr Kelly concordou em dar uma declaração com a condição de garantia de anonimato. Ele não acreditava que o Iraque possuísse as armas, e censurava o documento governamental que serviu de base para a defesa do envolvimento do British Army no conflito.
Quando a entrevista foi ao ar, Dr Kelly estranhou que na reportagem seu depoimento tivesse sido distorcido. O Governo britânico pressionou e o cientista foi chamado a depor numa comissão da Câmara dos Comuns. Durante a audiência, Dr Kelly foi questionado sobre sua participação em outro programa, Newsnight, que apresentou reportagem com conteúdo semelhante. Soube-se depois que foi o próprio Mr Gilligan quem saiu com a história de que David Kelly era a fonte dos dois programas. Dr Kelly cometeu suicídio em 17 de julho.
A "irresponsabilidade" da BBC foi denunciada com estrondo pela imprensa britânica por algum tempo. Depois da renúncia do Presidente e do Diretor-Geral da empresa, o Governo anunciava planos para evitar que situações como essas fossem repetidas no futuro. Mas houve casos como o do centro-esquerdista The Independent, que perguntava: "se não podemos confiar na BBC, em quem poderemos?".
Em 2004 o anti-Israelismo traduziu-se na promoção do moribundo líder Yasser Arafat. No ápice da fantasia, a correspondente Barbara Plett revelou que chorou quando o egípcio partiu em direção a Paris. "Yet when the helicopter carrying the frail old man rose above his ruined compound, I started to cry... without warning".
Em 2005 o portal virtual da empresa deixou de reproduzir as capas dos principais jornais do país. Curiosamente, isso ocorreu depois que muitos deles passaram a colocar críticas à BBC nas manchetes. Eles continuam, entretanto, a analisar as edições diárias desses jornais.
A partir desse ano, no entanto, as denúncias de facciosismo começaram a vir de dentro da própria emissora. Em janeiro, o editor Jeff Randall acabara de ser contratado pelo conservador The Daily Telegraph quando concedeu entrevista ao semanário esquerdista The Observer, onde relatava o ambiente sectário dominante entre os funcionários. Segundo ele, o então Diretor-Geral Greg Dyke, aquele que renunciou depois do incidente David Kelly, disse-lhe para ser "um agente da mudança".
Há determinadas questões que a BBC considera verdades fundamentais. Eles atéatacam ministro trabalhistas, mas apenas quando não são esquerdistas o suficiente. Quando convidavam alguém para falar contra a imigração, era um nazista com uma tatuagem no rosto com a aparência de alguém que acabara de arrancar a dentadas a cabeça de um gato.
Em setembro, Robert Aitken, que trabalhou por 25 anos na BBC Radio e prepara um livro sobre o partidarismo presente nas notícias e programas da emissora, o que ele chamou de "esquerdismo institucionalizado", em entrevista a um blogue, comentou sobre o 'BBC Man':
Provavelmente será alguém com diploma em Artes e totalmente comprometido com a agenda progressista - anti-racista, internacionalista, cético em relação ao
conservadorismo moral, defensor do aumento de gastos públicos e do multiculturalismo. Há questões sobre a atual moralidade britânica, e o debate sobre o multiculturalismo só passou a ser "legítimo" quando passou a ser discutido pela esquerda.
Mas foi no domingo que um relatório de uma reunião secreta convocada pelo Presidente Michal Grade para discutir a imparcialidade da cobertura da emissora foi divulgado pelo conservador Mail on Sunday. Eles admitem que a emissora está "dominada por homossexuais e minorias étnicas, promovendo o multiculturalismo, é anti-americana, anti-interiorana, e mais sensível aos sentimentos dos muçulmanos que dos cristãos".
Ali estava escrito que os diretores permitiriam que programas de humor atirassem uma Bíblia e uma gravura do Arcebispo de Canterbury, Chefe da Igreja Anglicana, em uma privada, mas nunca o Corão. A BBC também quer apresentadoras muçulmanas vestindo véus para apresentar programas. Ao mesmo tempo, houve duras críticas à âncora Fiona Bruce, que foi ao ar com um crucifixo no pescoço.
Uma taxa de £11 é cobrada mensalmente dos donos de tevê no Reino Unido para financiar a British Broadcasting Corporation - também chamada satricamente de Biased Broadcasting Corporation e Baghdad Broadcasting Corporation -, o que lhe garante um orçamento superior a £4 bilhões anuais, algo como 16 bilhões de reais - todo o patrimônio líquido do BNDES. E já avisou aos pagadores de impostos que precisa de mais.
sexta-feira, 20 de outubro de 2006
Obituário: Ralph Harris
Foi anunciada ontem a morte, causada por parada cardíaca, de Ralph Harris, um dos fundadores do Institute of Economic Affairs (IEA), do qual foi diretor por 30 anos. Considerado um dos arquitetos do Thatcherismo, enquanto advogava pelo livre comércio e o liberalismo econômico, criticava os projetos de união monetária da União Européia. Nos últimos anos foi presidente de uma organização que defende os interesses dos fumantes contra as proibições que têm sido levantadas à prática. Durante o governo de Margareth Thatcher foi nomeado Barão Harris de High Cross.
segunda-feira, 16 de outubro de 2006
L'ami du peuple
No Piauí, membros do Comitê da Juventude pró-Lula queimam mais de uma centena de exemplares da revista Veja. O estudante Nairo Victor, após frisar que as entidades participantes da manifestação defendem a liberdade de expressão, justificou a atitude alegando que a publicação da Editora Abril promove "marketing pró-Alckmin".
O caso lembrou-me um episódio da Guerra Civil Espanhola, quando em 1936 os comunistas republicanos ocuparam a sede do jornal conservador Diario ABC. O periódico, referência da direita espanhola, não se encaixava no papel reservado pela esquerda à imprensa. Acreditavam - e acreditam - que a mídia tem por obrigação o cumprimento de sua função social de serviço público. Em Cuba, por exemplo, isso significa promover a verdade - a única verdade, revolucionário-marxista. Desta forma, os jornais devem exprimir um único ponto de vista. Acertadamente, o Camarada-Chefe permite a circulação de um único jornal - o Granma. Muitos jornais, afirmou, são desperdício de papel.
O Governo petista tentou por várias vezes revolucionar a imprensa. As tentativas que mais repercutiram, a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual e o Conselho Federal de Jornalismo, foram abandonadas depois de forte oposição dos meios de comunicação. É bom lembrar, no entanto, que houve quem defendesse as resoluções petistas.
Para a revista CartaCapital os projetos foram "bombardeados" por contrariar os interesses econômicos das empresas de mídia. A imprensa, burguesa, não é mais do que porta-voz dos mais poderosos grupos econômicos, seja por submissão, seja por bajulação. Naturalmente, esses grupos são tucanos. Os carta-capitalistas, no entanto, estão imunes às pressões dos porcos capitalistas. Principalmente porque viram aumentar dez vezes a publicidade governamental nos primeiros anos de governo petista.
Para os estrategistas do Palácio do Planalto a derrota do Presidente no primeiro turno está relacionada ao escândalo da compra do dossiê. Não o 1,7 milhão de reais de origem duvidosa, não o envolvimento de petistas em práticas, no mínimo, reprováveis, não a comprovação do desprezo do Partido dos Trabalhadores pelo exercício da democracia. O que atrapalhou foi a cobertura "exagerada" feita pela imprensa, em especial, a Rede Globo de Televisão, o mau encarnado.
Poderia ser mais uma invencionice, um disparate ideológico como muitos que o petismo produziu ao longo das décadas, e que se tornaram mais freqüentes nos períodos mais tensos da campanha eleitoral. Os lulistas poderão, no entanto, empunhar orgulhosos, como bíblias, a recente edição da mesma CartaCapital, para quem Alckmin é um "populista de direita".
Nesta semana a independente denuncia, vestida de Catão, um complô midiático organizado com o intuito de prejudicar a campanha de Luiz Inácio e o Partido dos Trabalhadores. Fazem parte desse conluio a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, O Globo, e a Rede Globo de Televisão. De acordo com a matéria publicada, "a mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno". Escandalizada, a revista informa que o carro da TV Globo "pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra" em frente ao prédio da Polícia Federal onde estavam presos Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Como diria Tutty Vasquez, "essas coisas a oposição não vê".
Sempre haverá jornalistas dispostos a ceder a consciência em nome da revolução. Adolf Hitler também tinha os seus - Harold Sidney Harmsworth, do Daily Mail, era seu favorito. É triste, no entanto, perceber que em matéria de democracia, muitos jornalistas deixam o papel de quarto poder para assumir a função de quinta coluna.
Kyrie Eleison.
Post scriptum: esse post já estava escrito quando Cláudio Humberto, que segundo os carta-capitalistas "tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet", informar que
Democratia delenda est.
O caso lembrou-me um episódio da Guerra Civil Espanhola, quando em 1936 os comunistas republicanos ocuparam a sede do jornal conservador Diario ABC. O periódico, referência da direita espanhola, não se encaixava no papel reservado pela esquerda à imprensa. Acreditavam - e acreditam - que a mídia tem por obrigação o cumprimento de sua função social de serviço público. Em Cuba, por exemplo, isso significa promover a verdade - a única verdade, revolucionário-marxista. Desta forma, os jornais devem exprimir um único ponto de vista. Acertadamente, o Camarada-Chefe permite a circulação de um único jornal - o Granma. Muitos jornais, afirmou, são desperdício de papel.
O Governo petista tentou por várias vezes revolucionar a imprensa. As tentativas que mais repercutiram, a Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual e o Conselho Federal de Jornalismo, foram abandonadas depois de forte oposição dos meios de comunicação. É bom lembrar, no entanto, que houve quem defendesse as resoluções petistas.
Para a revista CartaCapital os projetos foram "bombardeados" por contrariar os interesses econômicos das empresas de mídia. A imprensa, burguesa, não é mais do que porta-voz dos mais poderosos grupos econômicos, seja por submissão, seja por bajulação. Naturalmente, esses grupos são tucanos. Os carta-capitalistas, no entanto, estão imunes às pressões dos porcos capitalistas. Principalmente porque viram aumentar dez vezes a publicidade governamental nos primeiros anos de governo petista.
Para os estrategistas do Palácio do Planalto a derrota do Presidente no primeiro turno está relacionada ao escândalo da compra do dossiê. Não o 1,7 milhão de reais de origem duvidosa, não o envolvimento de petistas em práticas, no mínimo, reprováveis, não a comprovação do desprezo do Partido dos Trabalhadores pelo exercício da democracia. O que atrapalhou foi a cobertura "exagerada" feita pela imprensa, em especial, a Rede Globo de Televisão, o mau encarnado.
Poderia ser mais uma invencionice, um disparate ideológico como muitos que o petismo produziu ao longo das décadas, e que se tornaram mais freqüentes nos períodos mais tensos da campanha eleitoral. Os lulistas poderão, no entanto, empunhar orgulhosos, como bíblias, a recente edição da mesma CartaCapital, para quem Alckmin é um "populista de direita".
Nesta semana a independente denuncia, vestida de Catão, um complô midiático organizado com o intuito de prejudicar a campanha de Luiz Inácio e o Partido dos Trabalhadores. Fazem parte desse conluio a Folha de S. Paulo, o Estado de S. Paulo, O Globo, e a Rede Globo de Televisão. De acordo com a matéria publicada, "a mídia, em especial a Globo, omitiu informações cruciais na divulgação do dossiê e contribuiu para levar a disputa ao 2º turno". Escandalizada, a revista informa que o carro da TV Globo "pára entre duas outras equipes de tevê: uma da propaganda eleitoral de Geraldo Alckmin e outra da de José Serra" em frente ao prédio da Polícia Federal onde estavam presos Gedimar Passos e Valdebran Padilha. Como diria Tutty Vasquez, "essas coisas a oposição não vê".
Sempre haverá jornalistas dispostos a ceder a consciência em nome da revolução. Adolf Hitler também tinha os seus - Harold Sidney Harmsworth, do Daily Mail, era seu favorito. É triste, no entanto, perceber que em matéria de democracia, muitos jornalistas deixam o papel de quarto poder para assumir a função de quinta coluna.
Kyrie Eleison.
Post scriptum: esse post já estava escrito quando Cláudio Humberto, que segundo os carta-capitalistas "tem uma coluna de fofocas e escândalos na internet", informar que
O governo Lula pretende retaliar empresas de comunicação e jornalistas, inconformado com a cobertura “exagerada” dos escândalos de corrupção. A retaliação conta com a vitória de Lula e, já em 2007, prevê corte drástico nas verbas para propaganda, hoje estimadas em R$ 1,2 bilhão, sem contar os gastos de estatais como a Petrobras e bancos oficiais. “Se a direita quer corte nas despesas, vai ter”, ameaça um dos ministros mais ligados a Lula.
Democratia delenda est.
quarta-feira, 11 de outubro de 2006
A look behind the curtain of repression and isolation
Tim Kearns escreve no The Daily Telegraph sobre o período em que viveu na Coréia do Norte.
Mais um no clube.
Na próxima sexta-feira o Comitê Norueguês anunciará o vencedor do Prêmio Nobel da Paz. Ano passado os laureados foram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e seu Diretor-Geral, o egípcio Mohamed ElBaradei, por "seus esforços na prevenção do uso da energia nuclear para fins militares e para que a energia atômica seja usada para fins pacíficos, da forma mais segura possível".
Sidi ElBaradei assumiu a AIEA em dezembro de 1997. Àquela época, já havia suspeitas sobre as ambições nucleares da Coréia do Norte. O país, depois de ensaiar colaboração com os agentes, passou a proibir inspeções no país, e já era sabido que começara a produzir plutônio. Nove meses depois de assumir, vê os coreanos lançarem um míssil sobre o Japão.
Em outubro de 2002 Pyongyang admite ter um programa secreto de fabricação de armas nucleares. Os Estados Unidos assumem uma postura mais agressiva em relação à situação. Em janeiro do ano seguinte, a AIEA determina que a Coréia do Norte permita inspeções e abandone seu programa nuclear, ameaçando sanções por parte do Conselho de Segurança. Dias depois, o país abandona o Tratado de Não-Ploriferação de Armas Nucleares. O Presidente George W. Bush, no Discurso sobre o Estado da União, refere-se ao regime norte-coreano como "opressivo", cujos cidadãos "vivem entre o medo e a miséria". O país replica chamando Mr Bush de "charlatão sem-vergonha".
Em fevereiro a Coréia do Norte ameaça atacar tropas americanas. Lança outro míssil no mar, entre a Coréia do Sul e o Japão. Outro míssil é lançado em março. A China passa a liderar as negociações. Em abril o país anuncia ter armas nucleares, e culpa os Estados Unidos pelas hostilidades. O Japão e a Rússia passam a fazer parte das discussões diplomáticas.
Um ano depois, em maio, a AIEA começa a investigar o envio de urânio da Coréia do Norte para a Líbia. Em junho Washington oferece ajuda financeira em troca do fim do programa nuclear coreano. Em agosto os comunistas abandonam as negociações, argumentando que os Estados Unidos "não estavam interessados" em uma solução. O Presidente americano é descrito como "imbecil" e um "tirano que coloca Hitler no chão". Em setembro, nas Nações Unidas, o vice-Ministro do Exterior norte-coreano alega que as armas nucleares são necessárias para "defesa" contra a "ameaça nuclear americana".
Em 1º de maio de 2005, na véspera de uma reunião dos signatários do Tratado de Não-Ploriferação de Armas Nucleares, a Coréia do Norte provoca ao lançar um míssil no Mar do Japão. Dias depois, as Coréias do Sul e do Norte voltam a negociar, com esta apresentando pedidos de fertilizante e alimentos. Em julho, Seul oferece energia em troca do fim das pesquisas nucleares ao norte. As negociações recomeçam.
Em setembro, a Coréia do Norte, em troca da garantia de que não serão atacados pelos EUA, concorda em acabar com seu programa nuclear. No dia seguinte, volta atrás e exige primeiro um reator nuclear civil. Em dezembro Pyongyang volta a abandonar as negociações.
Essa retrospectiva é necessária, primeiro para facilitar a compreensão daquele que está lendo, e segundo para derrubar alguns mitos que inevitavelmente aparecerão. O primeiro mito, na verdade, já se estabeleceu: a Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed ElBaradei à frente, nunca foi eficiente na "prevenção do uso da energia nuclear para fins militares", como afirmou o Comitê Norueguês do Nobel. Durante sua gestão, além da Coréia do Norte, o Irã também desafia a comunidade internacional - A bomba dos aiatolás, em 5 de março, neste blogue. Em todo caso, Kofi Annan também ganhou seu Nobel por "seus esforços para construir um mundo mais pacífico e melhor organizado", ainda que em seu mandato tenham ocorrido os genocídios dos curdos, dos hutus, e dos negros do Sudão.
O segundo, que não tardará a ser ouvido, responsabilizará os Estados Unidos pela agressividade dos norte-coreanos. A invasão do Afeganistão e do Iraque, dirá algum comentarista, ao contrário das expectativas de Washington, acabou por forçar países como o Irã, a Síria e a Coréia do Norte a fortalecer seus exércitos, temendo uma invasão dos falcões imperialistas. Comentaristas como este esquecerão a Líbia, que procura desesperadamente ficar às boas com a comunidade internacional, e os dez anos de conversas diplomáticas com a Coréia do Norte, com Madeleina Albright indo a Pyongyang apertar as mãos sujas de sangue de Kim Jong-Il. O negociador iraniano Hassan Rowhani gaba-se de ter enrolado os europeus enquanto ganhava tempo para desenvolver seu complexo nuclear. "Os americanos continuavam a dizer aos europeus, 'os iranianos estão mentindo e não lhes contaram toda a verdade'. Os europeus diziam 'nós confiamos neles'."
Outro comentarista talvez lembre que a China sempre protegeu a Coréia do Norte de sanções no Conselho de Segurança. Assim como a Rússia protege o Irã e o Brasil protege Cuba e o Sudão. Ele provavelmente alegará que a China age em nome de uma solidariedade comunista. Como se os chineses enviassem aviões para Cuba em caso de uma invasão.
A China não é um país comunista. É uma ditadura que comanda um poderoso estado de bem-estar social. A defesa da Coréia do Norte tem razões estratégicas. Pequim não que lidar com refugiados de guerra em suas fronteiras. A consideração, no entanto, deve mudar. Os chineses sentem-se traídos por terem sido avisados dos testes apenas 20 minutos antes deles acontecerem. Aprenderam que é ingenuidade confiar em uma ditadura. Talvez sintam-se como Stalin ao ver as tropas nazistas atravessando a fronteira soviética.
Kim Jong-Il, apesar da imagem caricatural atribuída pelo Ocidente, com seus cabelos espetados, sapatos de salto e pijama militar, é um homem inteligente. Sabe que não há ditadura de um só ditador. Por isso, faz questão de bajular seus generais destinando 80% do orçamento do país às forças armadas. A bomba nuclear não está endereçada ao público externo, mas ao consumo dos impacientes ao seu redor.
A situação da Coréia do Norte é bem mais complicada do que a do Iraque ou do Afeganistão - e os americanos sabem disso. Nunca cogitaram invadir aquele país. Não bastassem os 1,1 milhão de soldados e quase 50% da população na reserva, Seul está a menos de 200 quilômetros da fronteira desmilitarizada, e seria varrida em questão de horas.
Uma ação militar é impossível. Uma reação é necessária. Sanções econômicas rigorosas devem ser implementadas. Mas como lembra Con Coughlin no The Daily Telegraph, o Ocidente acordou tarde demais.
Sidi ElBaradei assumiu a AIEA em dezembro de 1997. Àquela época, já havia suspeitas sobre as ambições nucleares da Coréia do Norte. O país, depois de ensaiar colaboração com os agentes, passou a proibir inspeções no país, e já era sabido que começara a produzir plutônio. Nove meses depois de assumir, vê os coreanos lançarem um míssil sobre o Japão.
Em outubro de 2002 Pyongyang admite ter um programa secreto de fabricação de armas nucleares. Os Estados Unidos assumem uma postura mais agressiva em relação à situação. Em janeiro do ano seguinte, a AIEA determina que a Coréia do Norte permita inspeções e abandone seu programa nuclear, ameaçando sanções por parte do Conselho de Segurança. Dias depois, o país abandona o Tratado de Não-Ploriferação de Armas Nucleares. O Presidente George W. Bush, no Discurso sobre o Estado da União, refere-se ao regime norte-coreano como "opressivo", cujos cidadãos "vivem entre o medo e a miséria". O país replica chamando Mr Bush de "charlatão sem-vergonha".
Em fevereiro a Coréia do Norte ameaça atacar tropas americanas. Lança outro míssil no mar, entre a Coréia do Sul e o Japão. Outro míssil é lançado em março. A China passa a liderar as negociações. Em abril o país anuncia ter armas nucleares, e culpa os Estados Unidos pelas hostilidades. O Japão e a Rússia passam a fazer parte das discussões diplomáticas.
Um ano depois, em maio, a AIEA começa a investigar o envio de urânio da Coréia do Norte para a Líbia. Em junho Washington oferece ajuda financeira em troca do fim do programa nuclear coreano. Em agosto os comunistas abandonam as negociações, argumentando que os Estados Unidos "não estavam interessados" em uma solução. O Presidente americano é descrito como "imbecil" e um "tirano que coloca Hitler no chão". Em setembro, nas Nações Unidas, o vice-Ministro do Exterior norte-coreano alega que as armas nucleares são necessárias para "defesa" contra a "ameaça nuclear americana".
Em 1º de maio de 2005, na véspera de uma reunião dos signatários do Tratado de Não-Ploriferação de Armas Nucleares, a Coréia do Norte provoca ao lançar um míssil no Mar do Japão. Dias depois, as Coréias do Sul e do Norte voltam a negociar, com esta apresentando pedidos de fertilizante e alimentos. Em julho, Seul oferece energia em troca do fim das pesquisas nucleares ao norte. As negociações recomeçam.
Em setembro, a Coréia do Norte, em troca da garantia de que não serão atacados pelos EUA, concorda em acabar com seu programa nuclear. No dia seguinte, volta atrás e exige primeiro um reator nuclear civil. Em dezembro Pyongyang volta a abandonar as negociações.
Essa retrospectiva é necessária, primeiro para facilitar a compreensão daquele que está lendo, e segundo para derrubar alguns mitos que inevitavelmente aparecerão. O primeiro mito, na verdade, já se estabeleceu: a Agência Internacional de Energia Atômica, Mohamed ElBaradei à frente, nunca foi eficiente na "prevenção do uso da energia nuclear para fins militares", como afirmou o Comitê Norueguês do Nobel. Durante sua gestão, além da Coréia do Norte, o Irã também desafia a comunidade internacional - A bomba dos aiatolás, em 5 de março, neste blogue. Em todo caso, Kofi Annan também ganhou seu Nobel por "seus esforços para construir um mundo mais pacífico e melhor organizado", ainda que em seu mandato tenham ocorrido os genocídios dos curdos, dos hutus, e dos negros do Sudão.
O segundo, que não tardará a ser ouvido, responsabilizará os Estados Unidos pela agressividade dos norte-coreanos. A invasão do Afeganistão e do Iraque, dirá algum comentarista, ao contrário das expectativas de Washington, acabou por forçar países como o Irã, a Síria e a Coréia do Norte a fortalecer seus exércitos, temendo uma invasão dos falcões imperialistas. Comentaristas como este esquecerão a Líbia, que procura desesperadamente ficar às boas com a comunidade internacional, e os dez anos de conversas diplomáticas com a Coréia do Norte, com Madeleina Albright indo a Pyongyang apertar as mãos sujas de sangue de Kim Jong-Il. O negociador iraniano Hassan Rowhani gaba-se de ter enrolado os europeus enquanto ganhava tempo para desenvolver seu complexo nuclear. "Os americanos continuavam a dizer aos europeus, 'os iranianos estão mentindo e não lhes contaram toda a verdade'. Os europeus diziam 'nós confiamos neles'."
Outro comentarista talvez lembre que a China sempre protegeu a Coréia do Norte de sanções no Conselho de Segurança. Assim como a Rússia protege o Irã e o Brasil protege Cuba e o Sudão. Ele provavelmente alegará que a China age em nome de uma solidariedade comunista. Como se os chineses enviassem aviões para Cuba em caso de uma invasão.
A China não é um país comunista. É uma ditadura que comanda um poderoso estado de bem-estar social. A defesa da Coréia do Norte tem razões estratégicas. Pequim não que lidar com refugiados de guerra em suas fronteiras. A consideração, no entanto, deve mudar. Os chineses sentem-se traídos por terem sido avisados dos testes apenas 20 minutos antes deles acontecerem. Aprenderam que é ingenuidade confiar em uma ditadura. Talvez sintam-se como Stalin ao ver as tropas nazistas atravessando a fronteira soviética.
Kim Jong-Il, apesar da imagem caricatural atribuída pelo Ocidente, com seus cabelos espetados, sapatos de salto e pijama militar, é um homem inteligente. Sabe que não há ditadura de um só ditador. Por isso, faz questão de bajular seus generais destinando 80% do orçamento do país às forças armadas. A bomba nuclear não está endereçada ao público externo, mas ao consumo dos impacientes ao seu redor.
A situação da Coréia do Norte é bem mais complicada do que a do Iraque ou do Afeganistão - e os americanos sabem disso. Nunca cogitaram invadir aquele país. Não bastassem os 1,1 milhão de soldados e quase 50% da população na reserva, Seul está a menos de 200 quilômetros da fronteira desmilitarizada, e seria varrida em questão de horas.
Uma ação militar é impossível. Uma reação é necessária. Sanções econômicas rigorosas devem ser implementadas. Mas como lembra Con Coughlin no The Daily Telegraph, o Ocidente acordou tarde demais.
terça-feira, 10 de outubro de 2006
quinta-feira, 5 de outubro de 2006
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