A União Democrática de Centro (UDC) é o partido mais votado das eleições legislativas suíças, conquistando 30% dos votos e 62 cadeiras no Conselho Nacional. Os expertos em prescrever receitas para fazer o mundo um lugar melhor fazem beicinho, “assim não pode!”.
Não foi surpresa: a UDC já era o maior partido da câmara baixa. O motivo de tanta comoção é que a União não só manteve a maioria como a ampliou – a maior vantagem eleitoral desde a Primeira Guerra – ao mesmo tempo em que a UDC adotou um discurso mais direto em relação à imigração.
Extrema direita, ultradireita, antiimigrante, xenófobo, racista. Não houve, no Brasil nem no exterior, quem não se valesse de ao menos um destes adjetivos para caracterizar a UDC. E no entanto, a principal proposta do partido, a deportação de estrangeiros condenados pela justiça, não tem bases racistas ou populistas, mas está ancoradas em números oficiais.
Os estrangeiros são atualmente 22% da população do país. No entanto, eles cometem 85,5% dos estupros, 66% dos crimes de extorsão, 55,5% dos homicídios e quase 50% dos assaltos. Em 2001 a proporção de asilados que cometem crimes é 12 vezes maior do que o número de suíços natos criminosos. Apenas 30% dos ocupantes das prisões da Suíça nasceram no país.
Mas tem mais: a vitória de um partido que tem restrições à imigração como principal plataforma num país em que conceder asilos e receber imigrantes é uma tradição é simbólica dos ventos de mudança que agora sopram na Europa. A preocupação com a imigração em massa deixou de ser exclusiva de reacionários sulistas americanos para ocupar o espaço central das discussões políticas das sociedades ilustradas do velho mundo.
Da tradicional Espanha à liberal Suécia, da racional França à sentimental Itália, cada vez mais as populações nativas demonstram desconforto com os povos recém-chegados. E se a princípio tais preocupações giravam em torno de conceitos abstratos, mas não menos legítimos, como identidade e unidade nacionais, hoje a inquietação está baseada em noções cada vez mais concretas, logo cada vez mais fáceis de serem percebidas.
Nenhum país abraçou com mais afã a noção de politicamente correto do que a Suécia. Desde o final do século XIX o país tornou-se campo de provas da esquerda liberal. Afirmava-se à época que “se não funcionar na Suécia, não irá em nenhum outro lugar”. Depois, aplicavam-se as mesmas medidas em outros países do mundo com o argumento de que na Suécia, a ponta de lança da civilização, assim havia sido feito. Com o multiculturalismo foi assim. E para os suecos, que gostam de brincar de consenso, está cada vez mais difícil fingir que não existe problema com seus imigrantes.
Em Malmö, no sul, eles somam um terço da população, e 90% deles vivem sob o famigerado Estado de Bem-Estar Social sueco. Na escola local, Rosengrad, apenas 2 dos 1.000 alunos são suecos. Em 2004, o número registrado de roubos aumentou 50%, e a polícia agora tem de lidar com gangues de jovens muçulmanos especializadas em atacar idosos. O número de “estupros por emboscada”, termo do Chefe de Estatísticas da polícia de Malmö, mais que dobrou, um aumento causado principalmente por jovens muçulmanos que atacam as “vadias”, ou seja, aquelas que não seguem os costumes islâmicos.
No resto da Escandinávia não é diferente. O número de estupros também dobrou em Oslo. Na Noruega e na Dinamarca, dois terços dos detidos por esse tipo de crime são de “origem étnica não-ocidental”, ainda que eles somem menos de 5% da população. Na Dinamarca, todos os estupros grupais nos últimos anos foram cometidos por imigrantes ou refugiados.
O problema da criminalidade fica ainda mais difícil de ser resolvido quando se sabe que a polícia não se atreve a entrar em regiões de maioria muçulmana. “Se estacionarmos nosso carro, sabemos que ele será incendiado – por isso sempre temos que ir em dois carros, um protegendo o outro”, diz um policial, Rolf Landgreen. A violência não é dirigida apenas a viaturas, mas também a ambulâncias. Enfim um motivo para nos orgulhar: estado paralelo é coisa de primeiro mundo. Não é mais exclusividade nossa; e também não está restrita à Suécia.
Na França de Nicolas Sarkozy a polícia também resiste em entrar naquelas que estão sendo chamadas na Europa de Áreas Urbanas Sensíveis. Em tais regiões a sharia substitui as estruturas jurídicas estatais. Como se fosse preciso. Cada vez mais as cortes de justiça estão legitimando a lei maometana.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, o juiz-chefe da Corte Criminal Central de Londres, Peter Beaumont, anunciou antes de um julgamento que “por razões óbvias, quaisquer membros do júri seguidores da fé judaica ou hindu devem se revelar, mesmo se forem casados com uma judia ou uma hindu, porque não são apropriados para julgar este caso”. As “razões óbvias” são que pelas leis islâmicas, um infiel não pode julgar, nem mesmo testemunhar contra um muçulmano.
Na Bélgica, o dono de um restaurante armênio viu seu estabelecimento ser saqueado por jovens turcos enquanto a polícia assistia impávida à cena. Dias antes, um jornalista belga de etnia turca foi atacado por jovens também turcos em frente à embaixada americana. Ele foi pego depois que um policial impediu que ele se abrigasse em sua viatura. Não é difícil entender porquê.
Desde a semana passada jovens muçulmanos têm enfrentado a polícia e incendiado carros nas ruas de Amsterdã. Os distúrbios começaram quando uma policial atirou e matou um marroquino que a ameaçava com uma faca. Ela e uma colega foram espancadas e por pouco escaparam da morte. O que os incomoda é o fato de que um deles foi morto por uma infiel. O marroquino, Bilal Bajaka, era amigo pessoal de Mohammed Bouyeri, assassino do cineasta Theo Van Gogh, e irmão do líder de um grupo preso há dois anos por tentar explodir um Boeing no aeroporto de Amsterdã. Os incidentes têm sido pouquíssimo noticiados fora da Holanda.
A disposição em agradar, ou pelo menos não incomodar, as populações islâmicas têm ultrapassado as raias do surrealismo. Ainda este mês o supervisor de um aeroporto de Londres foi suspenso depois de ofender um muçulmano ao pendurar uma imagem do Sagrado Coração de Jesus em seu escritório.
A atitude européia passou de condescendência à submissão, uma mudança ilustrada pelo (tomem fôlego) ex-Ministro para Democracia, Assuntos Metropolitanos, Integração e Igualdade de Gênero Jens Orback, “Temos de ser abertos e tolerantes em relação aos muçulmanos porque, quando eles forem maioria, eles agirão dessa forma em relação a nós.” Além do que se pode chamar, no mínimo, de ingenuidade, a fala do então ministro revela qual é a verdadeira preocupação dos europeus em relação ao futuro, preocupação expressada pelo Ministro da Justiça da Holanda, Piet Hein Donner. “Se dois terços de toda a Holanda amanhã quiserem introduzir a sharia, isso seria possível. Como impedir isso legalmente? De todo modo, seria um escândalo dizer que 'isso não é permitido!' A maioria manda. É essa a essência da democracia”.
Não foi surpresa: a UDC já era o maior partido da câmara baixa. O motivo de tanta comoção é que a União não só manteve a maioria como a ampliou – a maior vantagem eleitoral desde a Primeira Guerra – ao mesmo tempo em que a UDC adotou um discurso mais direto em relação à imigração.
Extrema direita, ultradireita, antiimigrante, xenófobo, racista. Não houve, no Brasil nem no exterior, quem não se valesse de ao menos um destes adjetivos para caracterizar a UDC. E no entanto, a principal proposta do partido, a deportação de estrangeiros condenados pela justiça, não tem bases racistas ou populistas, mas está ancoradas em números oficiais.
Os estrangeiros são atualmente 22% da população do país. No entanto, eles cometem 85,5% dos estupros, 66% dos crimes de extorsão, 55,5% dos homicídios e quase 50% dos assaltos. Em 2001 a proporção de asilados que cometem crimes é 12 vezes maior do que o número de suíços natos criminosos. Apenas 30% dos ocupantes das prisões da Suíça nasceram no país.
Mas tem mais: a vitória de um partido que tem restrições à imigração como principal plataforma num país em que conceder asilos e receber imigrantes é uma tradição é simbólica dos ventos de mudança que agora sopram na Europa. A preocupação com a imigração em massa deixou de ser exclusiva de reacionários sulistas americanos para ocupar o espaço central das discussões políticas das sociedades ilustradas do velho mundo.
Da tradicional Espanha à liberal Suécia, da racional França à sentimental Itália, cada vez mais as populações nativas demonstram desconforto com os povos recém-chegados. E se a princípio tais preocupações giravam em torno de conceitos abstratos, mas não menos legítimos, como identidade e unidade nacionais, hoje a inquietação está baseada em noções cada vez mais concretas, logo cada vez mais fáceis de serem percebidas.
Nenhum país abraçou com mais afã a noção de politicamente correto do que a Suécia. Desde o final do século XIX o país tornou-se campo de provas da esquerda liberal. Afirmava-se à época que “se não funcionar na Suécia, não irá em nenhum outro lugar”. Depois, aplicavam-se as mesmas medidas em outros países do mundo com o argumento de que na Suécia, a ponta de lança da civilização, assim havia sido feito. Com o multiculturalismo foi assim. E para os suecos, que gostam de brincar de consenso, está cada vez mais difícil fingir que não existe problema com seus imigrantes.
Em Malmö, no sul, eles somam um terço da população, e 90% deles vivem sob o famigerado Estado de Bem-Estar Social sueco. Na escola local, Rosengrad, apenas 2 dos 1.000 alunos são suecos. Em 2004, o número registrado de roubos aumentou 50%, e a polícia agora tem de lidar com gangues de jovens muçulmanos especializadas em atacar idosos. O número de “estupros por emboscada”, termo do Chefe de Estatísticas da polícia de Malmö, mais que dobrou, um aumento causado principalmente por jovens muçulmanos que atacam as “vadias”, ou seja, aquelas que não seguem os costumes islâmicos.
No resto da Escandinávia não é diferente. O número de estupros também dobrou em Oslo. Na Noruega e na Dinamarca, dois terços dos detidos por esse tipo de crime são de “origem étnica não-ocidental”, ainda que eles somem menos de 5% da população. Na Dinamarca, todos os estupros grupais nos últimos anos foram cometidos por imigrantes ou refugiados.
O problema da criminalidade fica ainda mais difícil de ser resolvido quando se sabe que a polícia não se atreve a entrar em regiões de maioria muçulmana. “Se estacionarmos nosso carro, sabemos que ele será incendiado – por isso sempre temos que ir em dois carros, um protegendo o outro”, diz um policial, Rolf Landgreen. A violência não é dirigida apenas a viaturas, mas também a ambulâncias. Enfim um motivo para nos orgulhar: estado paralelo é coisa de primeiro mundo. Não é mais exclusividade nossa; e também não está restrita à Suécia.
Na França de Nicolas Sarkozy a polícia também resiste em entrar naquelas que estão sendo chamadas na Europa de Áreas Urbanas Sensíveis. Em tais regiões a sharia substitui as estruturas jurídicas estatais. Como se fosse preciso. Cada vez mais as cortes de justiça estão legitimando a lei maometana.
Na Grã-Bretanha, por exemplo, o juiz-chefe da Corte Criminal Central de Londres, Peter Beaumont, anunciou antes de um julgamento que “por razões óbvias, quaisquer membros do júri seguidores da fé judaica ou hindu devem se revelar, mesmo se forem casados com uma judia ou uma hindu, porque não são apropriados para julgar este caso”. As “razões óbvias” são que pelas leis islâmicas, um infiel não pode julgar, nem mesmo testemunhar contra um muçulmano.
Na Bélgica, o dono de um restaurante armênio viu seu estabelecimento ser saqueado por jovens turcos enquanto a polícia assistia impávida à cena. Dias antes, um jornalista belga de etnia turca foi atacado por jovens também turcos em frente à embaixada americana. Ele foi pego depois que um policial impediu que ele se abrigasse em sua viatura. Não é difícil entender porquê.
Desde a semana passada jovens muçulmanos têm enfrentado a polícia e incendiado carros nas ruas de Amsterdã. Os distúrbios começaram quando uma policial atirou e matou um marroquino que a ameaçava com uma faca. Ela e uma colega foram espancadas e por pouco escaparam da morte. O que os incomoda é o fato de que um deles foi morto por uma infiel. O marroquino, Bilal Bajaka, era amigo pessoal de Mohammed Bouyeri, assassino do cineasta Theo Van Gogh, e irmão do líder de um grupo preso há dois anos por tentar explodir um Boeing no aeroporto de Amsterdã. Os incidentes têm sido pouquíssimo noticiados fora da Holanda.
A disposição em agradar, ou pelo menos não incomodar, as populações islâmicas têm ultrapassado as raias do surrealismo. Ainda este mês o supervisor de um aeroporto de Londres foi suspenso depois de ofender um muçulmano ao pendurar uma imagem do Sagrado Coração de Jesus em seu escritório.
A atitude européia passou de condescendência à submissão, uma mudança ilustrada pelo (tomem fôlego) ex-Ministro para Democracia, Assuntos Metropolitanos, Integração e Igualdade de Gênero Jens Orback, “Temos de ser abertos e tolerantes em relação aos muçulmanos porque, quando eles forem maioria, eles agirão dessa forma em relação a nós.” Além do que se pode chamar, no mínimo, de ingenuidade, a fala do então ministro revela qual é a verdadeira preocupação dos europeus em relação ao futuro, preocupação expressada pelo Ministro da Justiça da Holanda, Piet Hein Donner. “Se dois terços de toda a Holanda amanhã quiserem introduzir a sharia, isso seria possível. Como impedir isso legalmente? De todo modo, seria um escândalo dizer que 'isso não é permitido!' A maioria manda. É essa a essência da democracia”.
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